segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A MADRASTA


NÃO BASTA SER UM PAI PARA CONVIVER COM O FILHO

A avó materna de Sean Goldman falou no programa Fantástico (08/03/09) que o motivo que a leva a querer que o neto fique sob a guarda do padrasto é a irmã. de Sean, filha do segundo casamento de sua mãe com o atual padrasto. Ela acha importante que não sejam afastados. Então me tranquilizei e confirmo para ela e para todos que ainda estiverem em dúvida, que será mais importante para o menino conviver e morar com o pai biológico, já que a justiça terá que escolher um dos dois. Acredito inclusive que, se a justiça disser que o menino ficará sob a guarda do padrasto, não decidiu isso pensando na convivência dele com a irmã. Esse é um motivo pessoal da avó e motivos pessoais não são relevantes nesse momento.
Conheço vários filhos únicos e eles não carregam traumas por não terem um irmão. Muitos até gostariam de ter um irmão para dividir as alegrias e angústias, mas vivem muito bem emocionalmente. Conheço porém, muitas pessoas que por motivos diversos não conviveram com o pai. Essas sim, carregam traumas imensos e narram com tristeza a falta que essa figura fez ao longo de sua vida.
Eu sou filha única, mas tive uma irmã dos 13 aos 23 anos. Não morávamos juntas, pois ela é filha do segundo casamento do meu pai. Eu a via nas férias escolares, período que eu passava na cidade do interior, próxima à São Paulo, onde o meu pai morava. Me afastei da minha irmã quando o meu pai faleceu. Eu e a minha madrasta nos relacionávamos muito mal, passávamos temporadas desgastantes. Quando o meu pai faleceu, eu não precisava mais conviver com ela e foi uma grande alegria pra mim. Foi como ter uma carta de alforria. Perdi porém, o contato com a minha irmã, que na época tinha 10 anos. Para eu conviver com ela teria que manter a convivência com a minha madrasta, pois ela era ainda muito pequena. Tive que fazer uma escolha. Ter saúde emocional ou ter uma irmã.
Quando fazemos uma escolha para a nossa vida, para a vida de um filho, ou de um ente querido, temos que acreditar que fazemos a melhor escolha. A avó materna e padrasto de Sean Goldman certamente fazem o que acreditam ser, a melhor escolha para a vida do menino. O pai, porém, acredita que a melhor escolha seja que Sean tenha um pai presente, ainda mais que a mãe faleceu durante a disputa pela guarda. E nem vou me estender escrevendo sobre a mãe ter levado o filho embora sem seu consentimento, e tudo o que aconteceu depois, que o tornou impotente para tomar decisões.
Há alguns anos atrás, o ator Vladimir Brichta precisou lutar na justiça pela guarda de sua filha. A criança foi passar uma temporada na casa da avó materna, após o falecimento de sua mãe e a avó entrou com pedido de guarda. Não devolveu a criança. Depois do desgastante processo, ele obteve a guarda. Entendemos a dor dessa mãe que perdeu a filha, mas o pai tem o direito de criar a menina.
São vários os casos de pais que precisam reconquistar o direito à paternidade após a separação ou falecimento da mãe da criança. São muitos os pais, vítimas de mães amarguradas após a separação, que quando vão buscar a criança para passar seus dias de convivência, dão de encontro com a casa vazia. A mãe não está. Saiu, viajou, fez qualquer coisa para atrapalhar a relação do pai com o filho. São mães que descumprem na cara dura os combinados realizados diante de um juiz! Como se o fato de ser mãe lhes desse um poder acima da lei. E acreditam fazer o melhor pela criança. Falam mal do pai para a criança a ponto de ela dizer que não quer sair com o papai. Chantageiam o pai. Se ele abrir mão de alguma coisa que lhes beneficie, ou der algo que elas exigem, elas deixam o pai ver a criança. Até acusam o pai de abusar sexualmente da criança como mais uma tentative de afastamento. A justiça protege a criança na hora desse pai perigoso, até que se prove o contrário, mas e quem protege a criança dessa mãe?
As pessoas precisam se atualizar, pois muitos pais, nos dias de hoje, não querem mais ser um mero provedor financeiro. São pais que querem participar da vida de seus filhos e sofrem de verdade a perda do convívio.
Da mesma maneira que a madrasta não é sempre má, o mordomo não é sempre o assassino, o pai nem sempre é somente aquele que só fornece o espermatozóide.

Roberta Palermo

Terapeuta Familiar

http://www.robertapalermo.com.br/


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