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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Bafômetro reprova mais de 38% das mulheres motoristas
O índice de mulheres reprovadas no teste do bafômetro durante as blitze da Lei Seca na Capital cresceu vertiginosamente. Levantamento feito pela Polícia Militar, a pedido do Estado, mostra que, em janeiro, 5,16% das motoristas que foram paradas pela fiscalização haviam bebido antes de pegar o volante.
Em outubro, esse percentual passou para 38,6%, quase quatro em cada dez mulheres fiscalizadas. Os dados mostram que a evolução de embriagadas na direção é praticamente constante mês a mês. Em contrapartida, o número total de detectados pelos aparelhos que medem a dosagem de álcool no sangue está em declínio - passou de 11% para 4%.
A alta feminina nos flagrantes das operações é impulsionada por dois fatores principais. O primeiro - e responsável direto, acreditam os especialistas - é a mudança recente na forma de fiscalizar a Lei Seca.
Até o primeiro semestre de 2009, a Polícia Militar organizava as operações de fiscalização de forma aleatória. Nem todos os carros que passavam pelos locais das blitze eram abordados, e só fazia o bafômetro quem tivesse sinais de embriaguez.
Há cinco meses, porém, a estratégia mudou, e as mulheres, portanto, deixaram de ser invisíveis para quem faz a fiscalização. O segundo fator para o aumento de embriagadas identificadas é que as mulheres estão consumindo mais álcool, o que também aumenta o comportamento de risco.
DRIBLE - O ministro das Cidades, Márcio Fortes, que coordena o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), afirma que as motoristas são mesmo usadas como escudo para fiscalização. "Esse aumento de mulheres flagradas, para mim, indica que elas estavam sendo usadas como truque para driblar a Lei Seca. Um aproveitamento da imagem de que a mulher não bebe e passa batido pelos fiscais."
Antes, homens de 18 a 25 anos eram alvo principal
A sensação de que as mulheres são blindadas do bafômetro nasceu quase que juntamente com a Lei Seca - em junho do ano passado -, sobretudo com as estratégias iniciais adotadas pela fiscalização paulistana. No início, a Polícia Militar definiu como alvo principal da fiscalização os jovens, com idades entre 18 e 25 anos, que frequentavam locais com alta concentração de bares.
O motivo para a escolha do sexo masculino eram os estudos sobre acidentes de trânsito e uso nocivo de álcool, que sempre apontaram os homens como vítimas principais.
Agora, a publicitária Camila Tomasi, 24 anos, é termômetro sobre a mudança da forma de fiscalizar a Lei Seca. Entre os compromissos diários, ela sabe que toda sexta-feira é dia de passar por uma blitz. No caminho entre o trabalho e a casa - que passa pela Avenida Sumaré, na Zona Oeste -, sempre esbarra pelo mesmo esquema de fiscalização de motoristas alcoolizados. Seu rosto ainda de menina não convence que o resultado será zero no bafômetro.
"Já até conheço os policiais. Brinco que vou fazer coleção de teste no bafômetro", diz Camila. Ela só bebe aos fins de semana e tem tática definida para não ser flagrada. Se bebe, não dirige, apesar de admitir que a prática não é recorrente entre as amigas.
Fonte: Diário do Grande ABC
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