terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Risco de acidente cresce com as férias


ANDREZZA TRAJANO

Férias é tempo de brincadeira com a criançada, de descanso das aulas, mas também de atenção redobrada com os pequenos que estão em casa cheios de energia e ociosos. Qualquer deslize pode transformar o período de sossego em tragédia.
Com a chegada do recesso escolar, aumenta o número de crianças internadas no Hospital da Criança São Antônio, vítimas de acidentes domésticos. De acordo com o diretor clínico do hospital, o pediatra Altamiro Vilhena, a quantidade de atendimentos neste período dobra.
Só esta semana duas crianças foram internadas após ingerirem soda cáustica. Apesar da gravidade, elas não correm risco de perder a vida, mas ficarão internadas por aproximadamente 30 dias. Não menos que isso.
Também foi internado recentemente um menino com traumatismo craniano, após um portão cair em cima da cabeça dele. E outro garoto foi submetido a uma cirurgia, depois que um muro caiu sobre ele e um pedaço de madeira entrou em seu joelho.
Ainda há uma quantidade expressiva de crianças mordidas por cachorro, que se machucaram depois de cair de bicicletas e que se queimaram brincando com fogo ou mexendo em panela quente. No fim de semana, um bebê de 1 ano e 5 meses morreu de um choque elétrico. Ele mordeu o fio elétrico de um ventilador.
As principais vítimas, afirma o pediatra, são crianças com idades entre 5 e 12 anos. Abaixo desta faixa etária, elas já são monitoradas constantemente. “As crianças nesta fase [5 a 12 anos] têm uma nova rotina nas férias. Porque não estão acostumadas a ficar o tempo inteiro em casa”, observou.
Vilhena enfatizou que sãos imprescindíveis os cuidados dos pais com as crianças, em especial neste período de férias. “Os pais têm que ficar mais atentos, os cuidados devem ser redobrados. As crianças estão cheias de disposição, não se pode deixá-las à vontade”, frisou.
Neste caso, mesmo com a falta de opção que considera existir na cidade para entreter a garotada, Vilhena destaca que é preciso matricular as crianças em colônia de férias ou buscar alternativas, como a prática de esportes, por exemplo, que as deixem fora da ociosidade.
“É preciso ocupar aquele tempo em que normalmente a criança estaria na escola. Sei que muitos pais trabalham, mas é preciso fazer um esforço. Se for preciso, que se revezem nos cuidados da criança em horários distintos, mas que tenha sempre um adulto por perto”, recomendou.
O médico orientou ainda para que nessa época os pais revisem os locais onde armazenam materiais de limpeza, produtos químicos e remédios, guardando-os em locais mais seguros.
“A soda cáustica, por exemplo, é um produto barato. Então o ideal é que se use, e jogue fora o que sobrar. A ingestão é um caso grave, a criança passa longo tempo internada, sem falar do risco de mortalidade, que é alto. Outra orientação que faço é com relação ao álcool. É comum a criança querer brincar com fogo, por isso recomendo que se mantenha o produto longe dela e que se compre apenas aquele em forma de gel, que é menos inflamável”, disse Altamiro Vilhena, observando que o atendimento no Hospital da Criança só voltará ao normal com o retorno das aulas.

Medidas preventivas garantem segurança aos pequenos

Os pais e responsáveis devem tomar certos cuidados com as crianças neste período, como não deixar panelas com cabos para fora do fogão e evitar que as crianças circulem por locais lisos e molhados ou em calçadas altas. Devem também guardar objetos como fósforos, isqueiros ou remédios para que não sejam ingeridos.
O neurologista infantil Aroldo Silva, do Hospital da Criança Santo Antônio, explica que os acidentes mais comuns nesta época do ano dividem-se em leves e graves.
Os leves são geralmente queimaduras com ferro de passar, panelas quentes em cima do fogão e quedas sem ferimentos profundos. Acidentes com maior gravidade são aqueles como queda com perda de consciência e cortes profundos, com sangramento.
“Nos casos mais leves, não é necessário que os pais se desloquem para o hospital, pois os cuidados podem ser executados em casa ou mesmo nas unidades básicas de saúde”, destaca Silva.
Nestas ocorrências, os cuidados básicos são compressas de gelo para quedas e lavagem com água fria das queimaduras com o uso posterior de pomada específica, indicada por profissional de uma unidade básica de saúde.
Acidentes como quedas onde a criança bate a cabeça e perde a consciência requerem uma avaliação clínica aprofundada com exames específicos feitos no Hospital da Criança. Em caso de queimaduras graves, os pais não devem passar creme dental ou outras pomadas no ferimento sem antes passarem pela avaliação médica.

Fonte: Grupo Folha Comunicação

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