terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Conheça o apartamento onde aconteceu a morte de Isabela Nardoni



Retrospectiva

Publicado em 27/09/2009 às 9:14
Um ano e meio depois da morte da menina Isabella Nardoni, o Fantástico entra no apartamento de onde ela caiu, na Zona Norte de São Paulo.
Para a polícia e os promotores, assassinato. Para a defesa, um mistério. Ou ainda, numa nova possibilidade: um acidente doméstico.
Limpo e bem arrumado. Estamos no apartamento 62 do edifício London, na Vila Mazzei, em São Paulo. Foi no prédio – no dia 29 de março do ano passado – que Isabella Nardoni, de cinco anos, teve uma morte violenta.
Quarta-feira passada. Fim de tarde. Com autorização da família, tivemos acesso a todo o apartamento: a sala, o quarto dos irmãos, da menina.
A equipe de reportagem do Fantástico é a primeira a entrar no local da tragédia.
Na versão da promotoria, na sala, próximo ao sofá, Alexandre Nardoni atirou a filha no chão – com força.
Segundo a polícia e o Ministério Público, Isabella foi jogada pelo próprio pai da janela do quarto dos irmãos da menina, hoje sem tela de proteção.
Da janela ao térreo, são quase 19 metros de altura.
Depois da perícia policial e da reconstituição, o apartamento foi liberado para os pais de Alexandre Nardoni.
Tudo, diz a família, está como era antes da morte da menina.
“Olhando a casa deles, olhando o quarto deles, falando com eles, falando com a família, o que se vê ali é harmonia”, declarou o advogado do casal Roberto Podval.
O apartamento é novo, assim como os móveis.
Da sala, chegamos ao corredor onde ficam o banheiro, dois quartos e a suíte.
Encontramos uma Bíblia na cama. Além de fotos das crianças e da formatura, em Direito, de Alexandre Nardoni.
Ele, Anna Carolina Jatobá e os dois filhos do casal viveram no apartamento cerca de 40 dias.
O pai de Alexandre Nardoni preferiu não gravar entrevista. Disse que o apartamento será mantido assim para o dia em que a família puder se reencontrar.
Isabella ficava no quarto dela quando ia para a casa do pai. O quarto foi decorado do jeito que ela gostava, na cor lilás. Vemos fotos da Isabella, com os irmãos, com o pai. Os brinquedos e as lembranças, a televisão. No armário da Isabella, as roupas da menina ainda continuam no mesmo lugar.
Hoje, um ano e seis meses depois da morte da menina, polícia e Ministério Público permanecem convictos.
Afirmam que a menina foi assassinada pelo pai e pela madrasta, depois de uma discussão do casal.
As agressões, segundo a investigação, começaram na garagem, dentro do carro, quando todos voltavam de um supermercado.
O carro – que passou pela perícia e está à disposição da família – continua no mesmo lugar desde o dia em que Isabella morreu.
No carro, quando chegou com a família, Isabella estava num dos cantos do banco de trás, ao lado do irmão menor, e o outro, perto da janela. Na frente, o pai Alexandre Nardoni, e do lado, Anna Carolina Jatobá.
No porta-malas, havia roupas que a família tinha comprado para Isabella e o sorvete que ela mais gostava.
Alexandre Nardoni mantém a versão apresentada à justiça.
Diz que saiu do carro com Isabella no colo, entrou no elevador e foi até o apartamento.
Segundo ele, Isabella não estava ferida.
Alexandre Nardoni conta que trouxe a filha no colo dormindo e a colocou na cama. Em seguida, desceu para pegar os outros dois filhos. Quando voltou, a luz do quarto estava acesa e a cama vazia.
O advogado justifica as marcas deixadas por Alexandre Nardoni, na cama que fica no quarto dos filhos.
“Se ele entra no apartamento, não encontra a filha, vê a janela rasgada, ele, eu ou qualquer pessoa iria sair correndo e olhar o que aconteceu. E iria subir na cama. Eu posso dizer: há elementos sim que conduzem, que indiquem, que permitam, a possibilidade de uma terceira pessoa”, afirma o advogado Roberto Podval.
Segundo o advogado Roberto Podval, essa terceira pessoa poderia ser um assaltante.
Além dessa suspeita, a defesa fala publicamente agora, pela primeira vez, sobre outra possibilidade: acidente doméstico.
Segundo essa tese, Isabella poderia ter se assustado ao acordar e ver que estava sozinha; ela então teria cortado a rede e caído, na tentativa de encontrar alguém da família.
“No Rio de Janeiro, há pouquíssimo tempo, nós tivemos um episódio muito, muito parecido”, conta Podval.
Foi em julho. A mãe deixou a filha, de cinco anos, sozinha no apartamento por cerca de 20 minutos. O circuito interno registrou tudo, inclusive quando a criança caiu do quinto andar.
A polícia descartou a participação dos pais na queda.
No edificio London, as câmeras de segurança não gravavam imagens.
Isso só passou a ser feito depois da morte de Isabella Nardoni.
“Um acidente é possível. Eu entrei nesse caso, estudei o caso e, honestamente, eu estou convencido da inocência do casal”, disse Podval.
“Todas as possibilidades foram investigadas. Até procurou se estabelecer uma forma de comportamento de Isabella e chegou-se a conclusão de que se tratava de uma criança extremamente dócil, tranquila. Ela jamais praticaria um fato dessa envergadura, dessa natureza”, explica o promotor de justiça Francisco Cembranelli.
Além do assassinato de Isabella, o pai e a madrasta são acusados de fraude processual, ou seja, alteração da cena do crime.
Segundo a polícia, os dois limparam as manchas de sangue da menina.
A justiça negou todos os pedidos para que o casal fosse solto e pudesse responder ao processo em liberdade.
A defesa considera um parecer, de julho deste ano, do subprocurador-geral da República Eugênio Aragão, como a primeira vitória até agora.
O representante do Ministério Público Federal entende que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá não devem responder pela acusação de fraude processual.
“Ninguém é obrigado a se autoincriminar. Então ninguém é obrigado a deixar aquilo que esta sob sua disposição íntegro para a polícia chegar e tomar a prova contra ele”, explicou Eugênio Aragão.
O parecer ainda vai ser analisado pela justiça.
“A prisão deles não tem nada a ver com culpa, não culpa. A prisão deles tem apenas a ver com uma medida de natureza cautelar para impedir que eles alterem as provas no processo”, declarou Eugênio Aragão.
“Eu não tenho dúvida de que a consequência desse resultado venha a ser a soltura do casal. Não há razão para eles estarem presos tanto tempo”, acredita Podval.
Presos em cadeias de Tremembé, interior paulista, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá trocam cartas com frequência.
O Fantástico teve acesso a duas delas, de junho deste ano, escritas pela madrasta de Isabella.
O carimbo da penitenciária mostra que as correspondências foram lidas pelos agentes.
Anna Carolina Jatobá chama o marido de amor da minha vida.
Ela também jura amor eterno aos filhos e a Isabella.
Num trecho, pergunta a Alexandre Nardoni como está a saúde dele, se está comendo e desabafa: "você só me pergunta e não fala nada de você. Me preocupo demais com você.”
Ana Carolina Jatobá também diz ao marido que é a eterna esposa dele e manda mais um recado: "se cuida e muito juízo."
A previsão do Ministério Público é que o casal vá a julgamento entre fevereiro e março do ano que vem.
Um júri popular, formado por sete pessoas, irá decidir de que lado está a verdade.
Para a acusação, o apartamento 62 do edifício London foi cenário de um assassinato.
Para a defesa, o lugar de uma tragédia ainda não esclarecida.
“Você virar o vilão é muito fácil. A gente pode ter um mistério? Pode. A gente pode não saber o que aconteceu? Pode”, concluiu Podval.

Fonte:Fantástico


ai5piauí.com

Um comentário:

  1. Não dá para acreditar que um advogado que se diz famoso, falar tanta coisa que não tem nada a ver.

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