quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Órgãos de preservação avaliam estragos após chuvas em Paraitinga (SP)


Condephaat e Iphan, órgãos estadual e federal de proteção ao patrimônio, estiveram na terça-feira (5) em São Luiz do Paraitinga (SP) para iniciar a análise dos estragos da chuva. As primeiras conclusões: este foi um dos maiores desastres culturais do país e com custo de recuperação muito acima dos R$ 100 milhões estimados pelo município.
Para a superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em São Paulo, Anna Beatriz Ayroza Galvão, os danos são "equivalentes" ao desastre de Goiás Velho, em 2001. "Estou em choque. Parece que houve um bombardeio."
Já a presidente do Condephaat, Rovena Negreiros, diz que essa recuperação dependerá de "vontade política", pois terá um custo muito elevado. Para ela, os calculos feitos pela prefeitura de São Luiz, de algo em torno de R$ 100 milhões, "não têm sentido nenhum".
"R$ 100 milhões não são nada. Eu diria que, com R$ 100 milhões, dá para limpar a praça e seus arredores", afirmou. "A cidade está em ruínas."
Para os órgãos de patrimônio, houve uma fatalidade. O custo total nem Rovena nem Anna arriscam. Segundo elas, é justamente esse o trabalho que será iniciado hoje: quantas edificações foram danificadas e qual a extensão do dano. Depois, qual será a forma de recuperação e os métodos construtivos.
Também deverá ser feito um projeto para evitar que novos alagamentos ocorram. "É caro", resume Anna. O trabalho deve durar pelo menos 90 dias.
Conforme o Condephaat, não são apenas 90 prédios tombados pelo conselho, como havia informado a prefeitura. São 437, sendo 24 deles com nível de proteção total e o restante com classificações dos outros níveis. Os números foram apresentados ontem pelo conselho --a prefeitura informou que aguardará a análise dos órgãos.
A cidade é tombada pelo Estado desde 1982 e deveria ser considerada em 2010, também, patrimônio nacional histórico e paisagista. Esse título está, porém, ameaçado. "O dossiê estava quase concluído [para ser analisado pelo conselho federal], mas esse documento será revisto", disse Anna, do Iphan.
A importância de São Luiz está em seu conjunto urbanístico, que conserva casas construídas no início do século passado com as técnicas da época, as taipas. Essas características são importantes porque retratam como eram as casas num período em que o café era a principal fonte de renda do Estado.
Em São Luiz, por exemplo, segundo o Iphan, há um conjunto de casas térreas construídas pelos fazendeiras para abrigá-los quando precisam passar alguns dias na cidade. Todas elas ficam na rua do Carvalho --17 delas estão condenadas, segundo o município.
Entre os técnicos que vão atuar da recuperação está o arquiteto José Saia, 60, que desde 1970 estuda as características urbanísticas da cidade. Na avaliação dele, o estrago aos casarões da praça foram maiores porque a queda da torre da matriz formou fortes ondas.

ROGÉRIO PAGNAN
Enviado especial a São Luiz do Paraitinga


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