domingo, 3 de janeiro de 2010

Polícia faz 5 prisões por semana, mas tráfico de droga se renova


Por semana, em média, cinco pessoas são presas em flagrante em Bauru por tráfico de drogas. No mês, são 20. Em 2009 foram aproximadamente 260, somando-se as prisões feitas pelas polícias Civil e Militar. E é provável que o número se mantenha neste ano porque uma das características deste negócio ilícito é a rotatividade. Quando um traficante é preso, rapidamente outro, muitas vezes da mesma família, ocupa seu lugar. E, é claro, atende a clientela antiga. Por se lucrativo, é difícil combater a venda de drogas que, na outra ponta, produz dependentes químicos.
Para sustentar o vício, muitos dependentes furtam, roubam. Outros acabam aceitando vender drogas, a serviço do grande traficante, em troca de uma pequena porção para uso próprio. E assim o tráfico de drogas que, segundo o coronel da reserva e especialista em segurança pública Nilson Giraldi, é o segundo maior negócio do mundo, só atrás do petróleo, se sustenta e se renova.
Em um único ponto-de-venda de drogas, no Jardim Andorfato, a Polícia Militar prendeu sete pessoas por tráfico no período de mais ou menos um ano em 2009, relembra o tenente Samuel Gomes Pereira, comandante da Base Oeste. “Prendíamos uma pessoa e logo, no mesmo local, estava outra vendendo droga do mesmo jeito. E assim sucessivamente num total de sete flagrantes em cerca de um ano”, relata.
A maioria dos presos na boca-de-fumo também era usuária, segundo o oficial. “Eles ganham uma porcentagem, que é para consumo próprio”, comenta. Apesar da polícia preferir não citar números, preocupada em não estimular o tráfico, é notório que o negócio ilícito dá dinheiro e de forma fácil. Vendendo pedras de crack numa rua de São Paulo, um rapaz analfabeto, ao ser preso, disse que, quando fosse solto, voltaria para a atividade porque nunca conseguiria arrumar emprego com salário equivalente a um décimo do que ganhava.
Por dia, ele recebia do traficante três saquinhos com 33 pedras de crack cada um. Como pagamento, recebia três pedras por saquinho. Como cada pedra era vendida a R$ 10,00, no final do dia, mesmo também usando a droga, teria dinheiro no bolso. E essa é realidade também em Bauru, onde as apreensões de crack, droga altamente viciante, há anos vêm aumentando. Com a necessidade de consumir a droga novamente, o dependente furta, rouba e até mata para conseguir dinheiro para comprá-la.
Assim funciona a engrenagem do tráfico. Como quebrá-la? Para o delegado seccional de Bauru, Benedito Valencise, é preciso leis mais duras para o traficante. Para ele, tanto o grande traficante, que lucra cifras exorbitantes com a venda de drogas, quando o usuário, que entra no negócio apenas para conseguir a porcentagem de seu consumo próprio, são igualmente danosos à sociedade e deveriam ser igualmente punidos.
Pela Lei 11.343, de 2006, quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo droga para consumo pessoal, não vai preso. Fica sujeito a três penalidades: advertência, prestação de serviços à comunidade e participar de curso educativo. Para Valencise, o usuário reincidente deveria estar sujeito à mesma pena do traficante, de cinco a 15 anos de prisão.

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Ieda Rodrigues
Jornal da Cidade de Bauru

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