sexta-feira, 8 de maio de 2009

Acusado de matar jovem inglesa vira pai na prisão em Goiás

Mohammed Santos será julgado dia 14 de maio pela morte de Cara Marie.Namorada, que ficou grávida em visita íntima, diz que sofre preconceito

O jovem Mohammed D'Ali Carvalho dos Santos, 21 anos, acusado de matar e esquartejar a jovem inglesa Cara Marie Burke em julho de 2008, em Goiânia, virou pai em 23 de março deste ano. Ele engravidou a namorada, uma cabeleireira de 20 anos, durante uma das visitas íntimas no Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia (GO).
A criança nasceu prematura, após cerca de sete meses de gravidez, em uma maternidade particular na capital goiana. Segundo a namorada de Mohammed, que prefere não ser identificada, o pai viu o filho pela primeira vez no começo de abril, durante uma das visitas.
Ela contou que namora Mohammed desde abril de 2008, três meses antes do assassinato da jovem inglesa. "Não tenho envolvimento com o que aconteceu, mas estou pagando com o preconceito das pessoas. Já tentei arrumar emprego, mas não consigo, as pessoas ficam me olhando e comentando pelas costas. Quando descobrem que sou namorada dele [Mohammed], desistem de me dar a vaga. Isso já aconteceu duas vezes."
A cabeleireira é uma das testemunhas de defesa de Mohammed no julgamento, marcado para quinta-feira (14), no 1º Tribunal do Júri de Goiânia. O caso será julgado pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal da capital goiana.
Com dificuldades financeiras, ela conta que a mãe de Mohammed, Ivany Carvalho dos Santos, que ajuda a criar o bebê. "Ela manda dinheiro para comprar o que meu filho precisa", disse a jovem. A criança não será levada para o tribunal no dia do julgamento e ficará com a mãe da cabeleireira.

Família
A tia de Mohammed, Jane Lucia Souza, 39 anos, disse que a família está ansiosa pelo julgamento. O irmão dele, Bruce Lee, que mora em São Paulo com a mulher, deve desembarcar em Goiânia no começo da próxima semana para acompanhar o júri. "O irmão dele [Mohammed] também vai prestar depoimento."
Segundo Jane, a mãe do acusado não vai acompanhar
o julgamento. A família não informa o paradeiro de Ivany.

Julgamento
Segundo o Tribunal de Justiça (TJ) de Goiás, Alcântara justificou a decisão pelo júri com base na materialidade do crime e na existência de indícios suficientes para determinar a autoria do homicídio.
De acordo com o TJ, o magistrado manteve as qualificadoras do crime como o motivo fútil, uma vez que há indícios de que o crime foi cometido porque a jovem inglesa havia ameaçado contar à mãe de Mohammed e a um policial militar, que ele usava drogas. Segundo Alcântara, isso deve dificultar a defesa do réu, pois ele ainda teria atacado a vítima quando ela estava ao telefone, impedindo sua defesa".
Os laudos periciais no local da morte e o exame cadavérico sustentam, segundo o juiz, a destruição e ocultação de cadáver. O magistrado, no entanto, não acatou a acusação de corrupção ativa, supostamente cometida pelo réu contra policiais militares que o prenderam.

Denúncia
Alcântara recebeu, em 15 de setembro, a denúncia formulada pelo Ministério Público (MP) contra Mohammed e Cristiano Cardoso Silva. Mohammed é acusado de homicídio qualificado (motivo fútil e utilizando-se de emboscada), destruição e ocultação de cadáver, enquanto Cristiano responde apenas por ocultação de cadáver.
A denúncia indica que a motivação de Mohammed seria o temor de que Cara não cumprisse acordo de casamento feito na Inglaterra, onde eles se conheceram. Com o objetivo de obter sua cidadania inglesa, ele propôs a Cara pagar sua passagem para o Brasil, desde que se casasse com ele.
Mohammed está preso desde 31 de julho de 2008. Segundo a polícia, ele confessou o assassinato. A última parte do corpo da vítima, esquartejado pelo assassino, foi encontrada em 4 de agosto do ano passado.


Portal G1

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