sábado, 9 de maio de 2009

Mesmo com ronda, escolas são invadidas em Bauru


Só neste ano, 21 escolas municipais de Bauru foram alvo de vandalismo ou furto. O número demonstra que, a cada semana, em média, pelo menos uma das 76 escolas enfrenta o problema. Embora a administração municipal não disponha de levantamento referente aos prejuízos materiais, numa ocorrência recente, registrada no Núcleo José Regino, ladrões fugiram com, no mínimo, R$ 700,00 em materiais eletrônicos, de acordo com cálculos do JC.
Levaram ainda R$ 1 mil em espécie (além das três CPUs, um gravador de DVD e um monitor) da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Lourdes de Oliveira Colnaghi, onde o furto não foi inédito.
Por conta dos delitos, o andamento do trabalho desenvolvido nas escolas é afetado, informa a assessoria de imprensa da Prefeitura de Bauru. De acordo com o órgão de comunicação, há perda de dados e interrupção de trabalhos pedagógicos. A dificuldade foi confirmada por professores que preferiram não comentar o caso. Sofrem mais os que trabalham em bairros periféricos, onde as ocorrências são mais comuns.
Na Emei Magdalena Pereira da Silva Martha, no Núcleo Mary Dota, no final do mês passado, quebraram vidros da janela da cozinha para roubar um molho de chaves. Pelo local, levaram até uma bandeja com copos, conforme o JC já divulgou. Segundo vizinhos da escola, as ocorrências devem ser atribuídas a moradores próximos, que aproveitam a falta de iluminação do bairro para agir. Nas imediações, até roubos à mão armada são creditados a membros da comunidade.
O problema é idêntico no Núcleo José Regino, onde pelo menos a iluminação fica ilesa de críticas. Vizinhos até apontam trechos na calçada da Emei onde usuários de droga se reuniriam para consumi-la.

Envolvimento

Mas em bairros onde as comunidades estão mais comprometidas com as ações da escola, o número de casos de vandalismo e furtos apresentou diminuição, informa por nota a assessoria de imprensa da prefeitura. No entanto, o órgão informa não contar com levantamento referente às ocorrências de 2008. A importância do envolvimento com a comunidade também foi ressaltada pela secretária municipal de Educação, Maria José Majô Jandreice. De acordo com ela, a incidência de casos de furto e vandalismo é uma questão grave e preocupante, embora não possa ser avaliada de modo desvinculado do resto da cidade, onde o problema também está presente.
Para amenizar a situação, ela informa que a pasta tenta estimular o envolvimento da comunidade com a escola ao abri-la para atividades coletivas. Preocupados com eventuais represálias, os moradores ouvidos pela reportagem pediram para ter o nome preservado.

Sistema de monitoramento é estudado

A administração municipal estuda a instalação de sistemas de monitoramento eletrônico nas escolas municipais. “Estamos verificando quais os modelos mais adequados porque são sistemas caros”, informa a titular da Secretaria Municipal de Educação, Maria José Majô Jandreice. De acordo com ela, a implementação ainda depende de autorização do prefeito Rodrigo Agostinho. Com o sinal verde do chefe do Executivo e a definição do modelo, restará ainda o processo de licitação. Majô também admite que a equipe de vigilância da prefeitura está em número aquém do necessário.
A contratação de novos profissionais é outra hipótese em estudo como possível solução para o problema, acrescenta a assessoria de imprensa da prefeitura. A secretária ainda informa que, desde o ano passado, os vigias fazem ronda pelos prédios públicos para evitar a ocorrência de furtos e vandalismo.
O trabalho foi intensificado neste ano, segundo a asssoria de imprensa. Mas, além das 21 escolas municipais furtadas ou vandalizadas neste ano, outros cinco prédios públicos da prefeitura também constaram em boletim de ocorrência por conta do mesmo problema. Porém, de acordo com estimativas do responsável pelo setor, houve diminuição na incidência em 19%, considerando o mesmo período do ano passado.
Especificamente nas escolas, as ocorrências são mais freqüentes durante as férias. Por essa razão, o setor de vigilância informa que refez a grade de previsão de férias dos vigias dos meses de janeiro, fevereiro e julho para que haja maior número de profissionais em atividade nessa época.
Além desses profissionais, a prefeitura também não dispõe de caseiros. Na Emei Lourdes de Oliveira Colnaghi, por exemplo, tem uma casa para o funcionário. Mas os imóveis dessa natureza se transformaram num problema para a administração municipal. Muito pequenas, não são capazes de acolher uma família com um único filho. Segundo Majô, por conta da dificuldade, servidores de outras áreas aproveitavam para habitá-la.
Mas como trabalhavam durante o dia todo em outra atividade, não exerciam a função de caseiros ou zeladores, que nem consta no quadro de funcionários da prefeitura. “Ainda tem que criar”, conclui a secretária.

Luciana La Fortezza
Jornal da Cidade de Bauru

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