sábado, 20 de junho de 2009

Cada vez mais mulheres usam cocaína

A cocaína avançou pelo universo feminino, assim como já havia ocorrido com o álcool. Levantamento feito em todas unidades de atendimento de São Paulo, a pedido do Estado, mostra que, entre 2006 e 2008, quase dobrou o número de mulheres internadas por dependência do pó - anteriormente mais associado aos homens. E estão escondidas dessa estatística as pacientes que nunca procuraram ajuda médica e as que ingressaram em clínicas particulares de reabilitação. Trata-se de dependência que atinge todas as classes sociais.Em 2006, foram hospitalizadas por uso de cocaína 365 mulheres, número que subiu para 589 em 2007 e para 696 no ano passado. São poucas, porém, as informações oficiais sobre o assunto. A evolução numérica informada pela Secretaria de Estado da Saúde explica também o impulso nos casos de overdose registrados por outra entidade, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). São dez casos de intoxicação por drogas registrados todos os dias no País, sem contar os que não são notificados. Isso porque os médicos - responsáveis pelas informações que abastecem o banco nacional da fundação - costumam sofrer pressão para que outro motivo seja assinalado como causa principal do envenenamento. "A amostra que chega aos nossos centros sofre com a subnotificação, quando a intoxicação foi por uma droga ilícita", afirma a diretora do Sistema de Notificação por Intoxicação (Sinitox) da Fiocruz, Rosany Bothner. "A família do paciente, em especial, faz pressão para não registrar."A explicação para a cocaína ser apontada como uma das drogas que mais motiva a overdose - segundo o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, responsável pela Unidade de Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - é que o pó quase nunca chega "sozinho" ao organismo. "É incomum só a cocaína entrar no caso de overdose. O álcool sempre aparece associado e o uso combinado vira uma bomba relógio para o coração."No corpo feminino, o dano é potencialmente letal. Ainda que a equação "álcool mais pó" represente perigo duplicado para elas, a médica Alessandra Diehl, da Associação Brasileira de Estudos das Drogas (Abead) e coordenadora de uma das duas únicas clínicas de dependentes públicas, diz que dependentes que se dizem "total flex" já são maioria. "O último levantamento que fizemos nos mostrou que 51% das internações são de poliusuários, em que mais de uma droga aparece como motivo da dependência. Álcool e cocaína são bem presentes." Ela desenvolve um projeto de enfermaria exclusiva para o tratamento de usuárias.



Estadão

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