sábado, 8 de agosto de 2009

Pai acusado de tentativa de homicídio continua na cadeia: criança permanece internada e a mãe também está presa


Segundo médicos da Santa Casa, Tauany chegou em coma no hospital.

Adriana Carvalho
Especial para o Atibaia News

As condições físicas que se encontrava Tauany Caroline quando chegou à Santa Casa de Atibaia na tarde de 25 de julho, são chocantes aos olhos dos médicos que a atenderam. Segundo o pediatra e diretor clínico da Santa Casa, José Antonio Donabela e o diretor técnico do hospital, Flavius Miori, a criança estava em coma. Desfalecida, apresentava inchaço na região do abdômen, lesões e hematomas por todo o corpo, suspeita de fratura na costela, além de sinais idênticos aos de quem levou ´garfadas` na cabeça.
Isso mesmo. O próprio pai da criança, o desocupado Felipe Silva Pinheiro, furou a cabeça da filha com o garfo. Não uma, mas várias vezes. “As marcas eram iguais as da forma de um garfo: quatro furos em linha reta”, disse Donabela. “A situação da criança era assustadora”, concluiu o médico que acredita que a Tauany passou mais de 24 horas com o estômago estourado. “Tirei meio litro de sangue”, contou.
Após os primeiros atendimentos e a cirurgia de emergência para conter o rompimento do estômago, os médicos passaram então a anotar todas as marcas encontradas pelo corpo da criança. Entre elas, lesão externa na vagina e hematomas bem próximos ao órgão genital. “Foi esta a descrição que passamos aos conselheiros tutelares por meio de um relatório”, contou Miori.
Tauany, de dois anos e três meses, passou vários dias na UTI e agora, treze dias depois do crime, está na pediatria do Hospital Universitário de Bragança Paulista, para onde foi transferida logo após a cirurgia na Santa Casa de Atibaia.
Apesar de vítima de tamanha crueldade, ela se recupera bem. Segundo informações da enfermagem do hospital, Tauany já recebe dieta líquida e, apesar de constatada a fratura na costela, a menina está em tratamento com fisioterapeutas e responde bem ao trabalho dos profissionais. Ela fala, brinca, já freqüenta a sala de recreação da Pediatria e ensaia os primeiros passos pelo quarto. No entanto, não há previsão de alta.

O crime

A violência brutal a que foi submetida esta criança é indescritível. Para os médicos, as lesões do corpo foram provocadas por chutes, socos, pontapés e pisões. Não se sabe se tudo junto ou um ou outro modo de espancamento. Além disso, as marcas eram comprovadamente recentes e antigas, segundo os médicos. O que significa que a criança não foi espancada em uma, mas em várias ocasiões diferentes.
Difícil imaginar o que se passa na cabeça de um pai capaz de tamanha brutalidade com um bebê inocente. Pior do que isso é pensar em como a mãe, àquela mulher que gerou em seu próprio ventre e aguardou meses para ver a criança, teve coragem de assistir cenas de espancamentos contra a filha. Ela, a mãe, não procurou a polícia. Ao contrário: Priscila Silva tentou de todas as formas, esconder a identidade do autor: o pai da menina espancada.
Nem mesmo prestou socorro à filha. Ao perceber que a criança não estava bem, Priscila não a levou ao hospital. Despejou a criança na casa da avó dizendo que ela tinha caído. A avó por sua vez, procurou uma benzedeira. Enfim, a benzedeira percebeu a gravidade do caso e fez questão de levar a criança pessoalmente à Santa Casa. Não fosse por isso, certamente Tauany não teria resistido.
Quando deixar o hospital, a criança já tem destino. De acordo com o conselheiro tutelar Julio César Mendes, Tauany seguirá para uma das instituições da cidade que recebem bebês vítimas de violência. Depois disso, a Vara da Infância e da Juventude vai determinar se algum parente tem condições de recebê-la ou se a criança será encaminhada para adoção.

Violência sexual

“No momento do flagrante, preferi autuar o pai pelo crime mais grave, o homicídio tentado uma vez que a criança estava à beira da morte quando chegou ao hospital”, disse o delegado José Glauco Ferreira, que descreveu no Boletim de Ocorrência, a violência sexual cometida pelo pai com base na informação dos conselheiros tutelares.
Esta semana, no entanto, o IML encaminhou laudo à polícia onde aponta resultado negativo para violência sexual. Para os médicos, é normal este tipo de constatação posterior. “A criança apresentava lesão externa na vagina, além de hematomas ao redor do órgão genital, o que leva a acreditar que a violência sexual aconteceu”, disse Miori. “No entanto, a parte interna do órgão genital só pode ser verificada pelo Instituto de Criminalística, que faz o exame completo e detecta se houve ruptura do hímen e dilaceração”, continuou. “A criança deve ter levado um violento chute no órgão genital que acabou lesionado externamente”, concluiu.
O resultado negativo, no entanto, não minimiza a situação do pai Felipe Pinheiro, segundo o delegado. “Ele já havia sido autuado pelo crime maior que acaba absorvendo o atentado, cuja pena é menor”, explicou o delegado Glauco.
Felipe Pinheiro, que está na cadeia de Hortolândia, deve permanecer preso até ser levado à Júri Popular. Já a mãe, Priscila Silva, está na cadeia de Bom Jesus dos Perdões, por enquanto por força de prisão temporária. A polícia já concluiu o inquérito e pediu à Justiça que decrete a prisão preventiva dela.

Um comentário:

  1. Sou cristã.
    Mas o que merece uma criatura que comete tamanha atrocidade com a própria filha de dois anos de idade?
    Que morra esse desgraçado e a mãe dela também

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