É cada vez mais notória a existência de meninos e meninas de rua, que pedem dinheiro ou vendem balas em semáforos, oferecem-se para guardar carros contra furtos, abordam os pedestres na calçada, movem-se em bandos e dormem na rua. Cenário urbano no Brasil que, para uns, é causa de indignação com os rumos deste país e, para outros, do que gera desconforto e insegurança.
Nas cidades grandes, o fenômeno é mais comum, embora comece a inquietar a estabilidade social de que as pequenas e médias se prestigiavam há pouco tempo no que se refere à menor manifestação do problema. Até então Rio de Janeiro e São Paulo levavam a fama. Os olhos dos turistas, para início, denunciam a questão aos moradores que não deveriam entendê-la como normal.
No Brasil, às vezes parece que a pobreza, o desencanto e a desesperança satisfazem a um mercado e convêm a certos grupos. O país faz número. A economia é uma das vinte maiores no mundo. É como se não importasse muito que haja crianças e adolescentes em situação de desestímulo familiar, sem frequentar escolas, drogando-se nas ruas (como a “Cracolândia” em São Paulo) e destituídos de um futuro.
Aos grupos estabilizados, dá-lhes medo que roubem seus pertences ou risquem seus automóveis; aos familiares dos que podem ser entendidos como indigentes, não lhes preocupa a situação porque não terão mesmo condições de criá-los; e aos representantes políticos amiúde lhes importa mais discutir aumento de férias e do próprio salário dentro de uma pretensa carreira que botar a mão na massa.
É muito fácil elaborar leis, como a que se reflete no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal n. 8069/1990), e achar que o melhor se faz desta maneira. Ou só tirar as crianças da rua. Logo os graves problemas do subdesenvolvimento brasileiro se convertem em temas de poesias, do atravancado cinema brasileiro e de notícias que contam a história de uma perspectiva precipitada e meramente emotiva.
A solução – e esta é a parte mais esperada ao discutir este tema – não partirá somente dos políticos de carreira, ou da elite apática, ou da interpretação que toma distância do problema porque acha que não se afeta, senão da confluência de esforços da sociedade civil. Cidadãos, estudantes, empresários, escritores, artistas, profissionais liberais e todo o restante são capazes de opinar, pressionar e lutar para uma solução.
A chave encontra-se na coesão familiar, na assunção de que o problema é de todos, no olhar menos conformista e no reconhecimento de que o futuro do país está nos jovens e na sua necessidade de crescer com oportunidades. Não é justo que um segmento exíguo desta faixa etária esteja a par dos avanços tecnológicos e sujeito às mais variadas oportunidades de educação e trabalho, enquanto outro sequer tem onde morar.
Uma ação que se restringe a tirar os meninos em situação indigente da rua não é capaz por si só de resolver o problema, uma vez que outros estarão cedo ou tarde no mesmo lugar. Políticas ditas sociais em Brasília pagam a passagem de famílias pobres recém-chegadas de volta aos seus estados de origem. Este é o caminho mais fácil para preservar a beleza artificial da “ilha da fantasia”.
É preciso combater as carências familiares de educação, informação cidadã e projeção econômica. Ainda que se pense num Brasil mais equitativo e justo a longo prazo, a ação começa agora.
Nas cidades grandes, o fenômeno é mais comum, embora comece a inquietar a estabilidade social de que as pequenas e médias se prestigiavam há pouco tempo no que se refere à menor manifestação do problema. Até então Rio de Janeiro e São Paulo levavam a fama. Os olhos dos turistas, para início, denunciam a questão aos moradores que não deveriam entendê-la como normal.
No Brasil, às vezes parece que a pobreza, o desencanto e a desesperança satisfazem a um mercado e convêm a certos grupos. O país faz número. A economia é uma das vinte maiores no mundo. É como se não importasse muito que haja crianças e adolescentes em situação de desestímulo familiar, sem frequentar escolas, drogando-se nas ruas (como a “Cracolândia” em São Paulo) e destituídos de um futuro.
Aos grupos estabilizados, dá-lhes medo que roubem seus pertences ou risquem seus automóveis; aos familiares dos que podem ser entendidos como indigentes, não lhes preocupa a situação porque não terão mesmo condições de criá-los; e aos representantes políticos amiúde lhes importa mais discutir aumento de férias e do próprio salário dentro de uma pretensa carreira que botar a mão na massa.
É muito fácil elaborar leis, como a que se reflete no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal n. 8069/1990), e achar que o melhor se faz desta maneira. Ou só tirar as crianças da rua. Logo os graves problemas do subdesenvolvimento brasileiro se convertem em temas de poesias, do atravancado cinema brasileiro e de notícias que contam a história de uma perspectiva precipitada e meramente emotiva.
A solução – e esta é a parte mais esperada ao discutir este tema – não partirá somente dos políticos de carreira, ou da elite apática, ou da interpretação que toma distância do problema porque acha que não se afeta, senão da confluência de esforços da sociedade civil. Cidadãos, estudantes, empresários, escritores, artistas, profissionais liberais e todo o restante são capazes de opinar, pressionar e lutar para uma solução.
A chave encontra-se na coesão familiar, na assunção de que o problema é de todos, no olhar menos conformista e no reconhecimento de que o futuro do país está nos jovens e na sua necessidade de crescer com oportunidades. Não é justo que um segmento exíguo desta faixa etária esteja a par dos avanços tecnológicos e sujeito às mais variadas oportunidades de educação e trabalho, enquanto outro sequer tem onde morar.
Uma ação que se restringe a tirar os meninos em situação indigente da rua não é capaz por si só de resolver o problema, uma vez que outros estarão cedo ou tarde no mesmo lugar. Políticas ditas sociais em Brasília pagam a passagem de famílias pobres recém-chegadas de volta aos seus estados de origem. Este é o caminho mais fácil para preservar a beleza artificial da “ilha da fantasia”.
É preciso combater as carências familiares de educação, informação cidadã e projeção econômica. Ainda que se pense num Brasil mais equitativo e justo a longo prazo, a ação começa agora.
Bruno Peron Loureiro é bacharel em relações internacionais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Diário de Marília
O problema é grave e apesar de muitas pessoas se "incomodarem" a maioria ainda está tão voltada para seu próprio umbigo que nada a faz agir para melhorar o contexto geral. Algo do tipo: "enquanto não me afetar diretamente não tem porquê me envolver". Lamentável, mas é a realidade!
ResponderExcluirAlém das palavras da Andrea Marcondes é que a maioria da sociedade n]ao enxerga que o problema é de nós todos e não só do governo e políticos; e o que se torna mais difícil hoje é conscientizar a população brasileira de que essas pessoas , precisam de ajuda para sair desse mundo. Dando uma esmola aqui ou ali de vez em quando não adiantará , pois as atitudes não são capazes de mudar tudo o que ele passa no cotidiano ...
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