quinta-feira, 6 de agosto de 2009

DADOS ALARMANTES: um bilhão de pessoas sofrerão de desnutrição este ano


*João Guerreiro
Um bilhão de pessoas. A projeção apresentada ontem pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) rompe mais do que uma barreira simbólica: mais de 15% da população mundial sofrerão de desnutrição neste ano. Segundo o relatório, o grande vilão da vez é a crise financeira mundial e seus impactos nos índices de crescimento da economia global.
Ainda, segundo a FAO, os alimentos tiveram um aumento considerável desde 2006 (24%) devido à elevação da demanda nos países desenvolvidos. E, para alguns analistas, a entrada no cenário mundial de um bilhão de consumidores chineses teria sido a gota d’água. Mas, há contradições: como um sexto da população pode estar desnutrida – número superior ao encontrado em 2008 – enquanto a produção de alimentos vem aumentando?
A questão parece ser mais complexa e de ações de curto, médio e longo prazos. As raízes do aumento da fome no mundo estão muito mais atreladas à falta de renda das famílias do que a uma suposta escassez de alimentos. A concentração de praticamente todos os subnutridos em países em desenvolvimento, conforme informa o relatório, aponta para a necessidade de implementação de políticas estruturais de erradicação da miséria.
Mas, emergencialmente, os organismos internacionais multilaterais precisam assumir a gravidade da situação, traçar ações coordenadas e intensificar a ajuda aos países em desenvolvimento, seja com recursos e alimentos, seja com investimento/financiamento em tecnologia para produção de alimentos.
Nós podemos ajudar! Há 16 anos o nosso saudoso Betinho afirmava: “Quem tem fome tem pressa.” Após uma luta incansável junto com outras instituições da sociedade civil, pudemos observar a implementação de políticas públicas emergenciais de combate à fome no Brasil e os resultados na diminuição da desigualdade de renda, apesar do alto grau de desigualdade social ainda existente. Hoje discutimos quais são as modificações estruturais necessárias para cortar o efeito entre as gerações do ciclo da miséria. Políticas sociais universais ancoradas na defesa da educação fundamental de qualidade é o que defendemos.
Ao lado da crise econômica mundial temos, ainda, os efeitos das mudanças climáticas globais (quem teve a oportunidade de ver, no último dia 05 de junho, o lançamento simultâneo em mais de 50 países do filme Home – Nosso planeta, nossa casa pode perceber os impactos do aquecimento climático nas diversas regiões do planeta). Estas mudanças vêm gerando, entre outras conseqüências, um aumento das áreas desertificadas – em 2006, segundo a ONU, 41% do território mundial era formada por áreas secas, como o semi-árido nordestino. Estas regiões abrigam 2 bilhões de habitantes!
A agenda está colocada: políticas emergenciais de distribuição de alimentos sob coordenação dos órgãos multilaterais, financiamento em tecnologia agrícola e um novo padrão de desenvolvimento que agregue sustentabilidade, distribuição de renda e direito universal à alimentação para todo cidadão.

Rio, 20/06/2009

*João Guerreiro é economista e integra a coordenação da Ação da Cidadania


Ação da Cidadania

Um comentário:

  1. Olá,

    Obrigado por divulgar nosso artigo e parabéns pelo blog. Nunca é demais a divulgação de informações que ajudem no combate da fome e da miséria.

    Norton Tavares
    Ação da Cidadania

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