domingo, 7 de junho de 2009

Ferramenta do Google sugere visita a links com pedofilia

Rio – Em uma consulta simples na Internet, os usuários do Google podem ser direcionados, sem querer, a links de pedofilia e pornografia infantil. Dependendo do que é digitado na caixa de pesquisa, os internautas recebem a ‘sugestão’ para seguir por caminhos capazes de levar a páginas com conteúdos proibidos e criminosos. Sites com fotos e vídeos de crianças nuas e até praticando sexo com adultos estão entre os mais indicados.
O recurso responsável pelas dicas foi lançado no último dia 25. Batizado de Google Suggest (Sugestões Google), a nova ferramenta oferece aos usuários do site 10 opções de frases que são apresentadas à medida que ele digita o termo que deseja pesquisar.
Numa busca com a expressão “meninas do Rio”, por exemplo, antes de completar a digitação os internautas recebem sugestões como ‘meninas de 13 anos transando’, ‘meninas de calcinha’, ‘meninas de 15 anos perdendo a virgindade’ e ‘meninas de programa’.
De acordo com os representantes do Google no Brasil, a ferramenta representa os termos mais pesquisados no site. “Não é que o Google facilite que as pessoas achem páginas com esses conteúdos. São os próprios usuários que estão buscando termos assim”, sustenta o diretor de Comunicação do Google Brasil, Felix Ximenes.
Apesar dos argumentos, o programa, que foi criado para agilizar as pesquisas no site, já é alvo de várias críticas. “Este tipo de facilitador é muito perigoso e pode estar sendo usado como estimulante para a prática de crimes, como a pedofilia, na Internet”, alerta a promotora Ana Lúcia Melo, titular da promotoria de Crimes Contra as Crianças e Adolescentes do Ministério Público do Rio.
Preocupada com o mau uso da ferramenta, Ana Lúcia informou que fará um comunicado oficial à CPI da Pedofilia, instalada no Congresso Nacional, em Brasília, solicitando a convocação dos representantes do Google no Brasil. “É preciso que o funcionamento deste programa seja revisto imediatamente. É fundamental que as sugestões apresentadas aos usuários durante as buscas passem por uma análise mais rigorosa”, cobra.
Presidente da ONG Safernet Brasil, que atua no combate aos crimes virtuais, Thiago Tavares também destaca a necessidade de se investir no combate à pedofilia na web. “Esse problema mostra o quanto é grande a procura por sites com conteúdos de pornografia infantil na rede. Por isso é preciso investir no desenvolvimento de filtros de identificação de palavras-chave que consigam bloquear essas páginas antes mesmo de serem apresentadas aos internautas”.
Segundo Thiago, “o Suggest é um mecanismo de buscas muito útil, mas precisa estar preparado para dificultar, e não facilitar o acesso a esse tipo de páginas na Internet”. Ele diz ainda: “De qualquer forma, a gente sabe que manter atualizada a ‘lista negra’ dos sites proibidos é quase impossível diante do grande número de páginas criadas diariamente”.

Controle sobre a rede
Google Suggest foi criado pela empresa para encurtar o caminho entre o internauta e os sites que ele pode estar procurando. O programa ‘lê’ o que está sendo digitado e pesquisa, instantaneamente, expressões ou palavras semelhantes que estão entre as 10 mais procuradas.
Em julho de 2008, o Google assinou um termo de ajustamento de conduta com a CPI da Pedofilia em que se comprometeu a quebrar o sigilo de páginas consideradas suspeitas de fazer apologia à prática de pedofilia.
De janeiro a junho do ano passado, foram denunciadas 44.106 páginas que mantinham conteúdo considerado criminoso. A grande maioria (92,15%) estava hospedada no site de relacionamentos ‘Orkut’.
No dia 25 de novembro de 2008 o presidente Lula alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e tornou mais rígida a punição para crimes de pornografia infantil na Internet.
A Lei 11.829 aumentou a pena máxima para este crime, que passou de 6 para 8 anos de prisão, e criminalizou a aquisição, posse e divulgação para venda de material pornográfico.

Risco é desviar o interesse do usuário
Professora da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a pesquisadora Elizabeth Rondelli reconhece a importância do Google Suggest. No entanto, destaca que os resultados obtidos com as buscas podem interferir no comportamento dos usuários.
“Os resultados obtidos com as pesquisas vão depender muito do tipo de palavra que será inserida. Mas não há dúvidas de que eles podem desvirtuar o interesse dos internautas, que podem ter sua curiosidade aguçada pelas opções oferecidas”, afirma a professora Elizabeth, que é doutora em Ciências Sociais.
Apesar do problema com a nova ferramenta, nem todas as páginas sugeridas nos resultados das buscas estão disponíveis para os internautas. Muitas foram rastreadas pelo próprio sistema do Google e já se encontram bloqueadas para os usuários. “Por isso discordo de quem diz que a ferramenta pode estar estimulando a pornografia”, defende-se o representante do Google Brasil, Felix Ximenes.
Uma das soluções encontradas por outros sites de busca para evitar o problema foi apresentar resultados que apenas contenham as palavras digitadas. Este foi o caso do site Yahoo!.
Numa pesquisa idêntica a realizada no novo Google, com o trecho ‘meninas d’ (em destaque na página ao lado), as sugestões de resultados apresentadas aos internautas são: ‘jogos de meninas de aventuras’, ‘fotos de meninas’, entre outras.



O Dia Online

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