segunda-feira, 8 de junho de 2009

Google será convocado pela CPI da Pedofilia

A denúncia de que a nova ferramenta adotada pelo Google pode estar estimulando a procura por links de pedofilia e pornografia infantil na Internet caiu como uma bomba no Congresso Nacional. A falha revelada ontem por O DIA preocupou o relator da CPI da Pedofilia, Senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O parlamentar afirmou que vai convocar os representantes do site de buscas no Brasil para prestar esclarecimentos na Comissão que apura abusos sexuais contra crianças na web. A Polícia Federal também reagiu à notícia e abriu procedimento para investigar a denúncia.
Conforme O DIA mostrou ontem, o novo sistema batizado de Google Suggest (Sugestão Google) foi lançado no último dia 25. Programado para agilizar as buscas na grande rede, ele completa a caixa de pesquisa automaticamente à medida em que as letras são digitadas pelos usuários. A escolha das opções apresentadas são baseadas no volume de acessos registrados no site de busca.
Desta forma, internautas que digitam palavras como ‘adolescente’ são surpreendidos com dicas como ‘adolescente nua’, ‘adolescente transando’ e ‘adolescente fazendo sexo’. Já aqueles que quiserem realizar pesquisas como a frase ‘meninas do Rio’, por exemplo, são surpreendidos por trechos como ‘meninas de 13 anos transando’, ‘meninas de calcinha’ e ‘meninas de 15 anos perdendo a virgindade’.
“Esse negócio está errado! Você vai digitar uma palavra simples e já entra um negócio desse. O programa está totalmente equivocado! Ao invés de inibir, a mudança está incentivando o usuário a praticar pedofilia! O que é isso? É só olhar que você percebe que está errado! O efeito foi contrário. Para o pedófilo é tudo o que ele quer da vida!”, reclama o Senador, que quer ver o problema resolvido “com urgência”.
“Vou levar o tema à CPI (da Pedofilia) e comunicar o fato ao Ministério Público Federal para que os representantes do Google no Brasil sejam chamados para corrigir esta falha imediatamente”, prometeu Demóstenes.
Chefe da Divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal em Brasília, a delegada Leila Quintanilha Vidal também demonstrou preocupação com a denúncia. “Estou perplexa com essa ferramenta e com a facilidade com que ela estimula a procura por páginas com conteúdos de pornografia infantil”, afirmou a policial após testar o programa.
“Como mãe tenho medo deste tipo de ferramenta! Não tinha ideia dessa disponibilidade de informações que acabam aguçando a curiosidade principalmente das crianças. Esse tipo de sugestão não pode estar disponível num site de buscas. Além de estimular, este programa alimenta ainda mais esses sites já que aumenta o número de acessos a ele”, ressalta a delegada, que determinou a abertura de um procedimento de averiguação para investigar as falhas no ‘Google Suggest’.
“Esse tipo de auxílio só interessa a usuários que têm desvios de comportamento e praticam a pedofilia. É por isso que precisamos resolver este problema o mais rápido possível. Não dá para perder tempo!”, completou a delegada Leila Vidal.

Relator da CPI da Pedofilia faz alerta

“Muitas vezes o que parece ser um simples link pode esconder uma perigosa armadilha para os usuários”
Com tantas facilidades para encontrar páginas com conteúdos pornográficos ou impróprios para crianças e adolescentes, é cada vez maior a necessidade de fiscalizar o uso da Internet. A responsabilidade, no entanto, não é só das autoridades. Os pais também têm um papel importante neste trabalho de proteção.
“Esta é um obrigação de todos, inclusive dos familiares dos internautas. É importante que também estejam atentos, pois, muitas vezes o que parece ser um simples link pode esconder uma perigosa armadilha para os usuários”, alerta o Senador Demóstenes Torres (DEM-GO), relator da CPI da Pedofilia no Senado.
Apesar disso, pesquisa realizada pela Ong Safernet Brasil, que atua no combate aos crimes na Internet revela que 87% dos pais de internautas ouvidos no estudo não impõem limites para a navegação na web.
Outro estudo coordenado pela organização não-governamental que atua em conjunto com a CPI da Pedofilia e o Ministério Público Federal mostra que 53% dos usuários entrevistados já tiveram contato com conteúdos agressivos ou impróprios para sua idade.


Concorrentes usam busca diferenciada

Após as denúncias de falhas no novo sistema de buscas do site, o diretor de comunicação do Google Brasil, Felix Ximenes, admitiu a possibilidade de aplicar mudanças no programa. “Vamos verificar o que está gerando estes desvios de indexação. Mas é importante deixar claro que os usuários são muito dinâmicos. Estão sempre criando novas formas criativas de encontrar conteúdos inadequados”, argumenta Felix.
Concorrentes do Google, outros sites de busca adotaram diferentes programas de sugestão. No Cadê!, as dicas apenas contêm as letras ou palavras digitadas. Já no recém-lançado Bing, as opções apresentadas fazem referência a pesquisas feitas anteriormente no computador usado pelo internauta.



O DIA

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