domingo, 7 de junho de 2009

Na direção, reação leva 2,5 segundos


Dirigindo a 100 km/h, motorista comum percorre 60 metros até conseguir pisar no freio ou desviar de obstáculo, por exemplo
O cérebro de um motorista leva, em média, 2,5 segundos para observar um obstáculo, processar a informação e reagir, informa Archimedes Raia Jr., engenheiro, mestre e doutor em engenharia de transportes e professor pesquisador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ao trafegar a 100 quilômetros por hora, o condutor percorrerá cerca de 25 metros a cada segundo. Serão mais de 60 metros nos 2,5 segundos da reação.
“Se estiver a 200 quilômetros por hora, fará 50 metros por segundo. Se bobear para pisar no freio, já passou a hora de frear”, ressalta Marcos Serra Negra Camerini, engenheiro mecânico formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Ele ainda destaca algo já constatado na prática por muita gente: ao conduzir veículos modernos, mesmo com o velocímetro a quase 200 quilômetros por hora, o conforto do motorista é tanto que não difere muito a situação de estar em uma poltrona confortável.
“Aqui no Brasil, como na maioria dos países do mundo, tem limite de velocidade. Mas na Alemanha, por exemplo, há as autobans, que não têm. Pode jogar 250 quilômetros por hora, desde que você saiba fazer isso e tenha carro para tal”, comenta Camerini. No entanto, especialmente no Brasil, as pessoas não estão preparadas para imprimir alta velocidade. Pior: não têm noção temporal para fazer ultrapassagens, por exemplo, avalia o engenheiro mecânico.
“O que a pessoa tem de saber, em primeiro lugar, é o tempo de reação. Mas as auto-escolas não dão essa noção. Na minha opinião, elas ensinam a tirar carta, não a dirigir”, comenta. Por essa razão, os limites estabelecidos em placas situadas em rodovias, ruas e avenidas levam em consideração o motorista médio, aponta Camerini.

Velocímetro engana
O velocímetro de muitos carros populares apontam como velocidade máxima 220 quilômetros por hora. Não significa, no entanto, que o veículo alcance essa velocidade. “É marketing para vender carro. Não chega nisso. Carros muito bons chegam a 180, 190 quilômetros por hora. Para passar de 200, o carro tem que ser excelente. Carros velozes são poucos e para poucos. Devem ser usados em estradas especiais”, comenta Camerini.
De acordo com o engenheiro mecânico, a velocidade marcada pelo velocímetro é bem próxima do real, com variação de 5% a 10%. Em dado momento, o marcador não sairá dos 170 quilômetros por hora, por exemplo, mesmo com o acelerador afundado. Ainda que os ponteiros dos automóveis não cheguem ao final do marcador, para Archimedes Raia Jr., engenheiro e pesquisador da UFSCar, eles são bastante velozes no Brasil.
“Hoje, o conceito de carro é mundial. O carro dá uma sensação de poder, mas a velocidade é um prazer que as pessoas sentem. Esse prazer supera o medo e é isso o negativo da coisa”, finaliza Raia Jr.

Por:Luciana La Fortezza
Jornal da Cidade - Bauru

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