Segundo o velejador e tradutor Glenn Haynes, esse procedimento teve grande impacto em sua vida. Glenn nasceu em 1960 e, no mesmo ano, sua mãe, Margrete Schimit, uma das primeiras velejadoras brasileiras a obter bons resultados em regatas internacionais, foi à Europa com seu pai, o inglês Ronald Haynes. Pensando no filho recém-nascido que ficara na casa dos avós, os dois viajaram separados. Na volta, no voo Lisboa-Rio, com escala em Recife, o avião que trazia Margrete bateu numa colina próxima ao Aeroporto Internacional de Guararapes, na capital pernambucana, levando à morte seus 51 ocupantes.
- Meus pais fizeram o certo. Perder o pai ou a mãe já é muito traumatizante. Perder os dois de uma vez seria, certamente, um trauma ainda pior. Pais viajarem separados de avião é algo relativamente comum na Europa - afirmou Glenn, que morou dos 2 aos 18 anos na Inglaterra.
A empresária Regina Cavalcante também nunca viaja no mesmo avião com o marido. Eles têm quatro filhos.
- Em virtude de nossos negócios em Lisboa, vamos constantemente à capital portuguesa. Mas sempre em aviões diferentes. Quando viajamos com os filhos, vamos no mesmo avião. O importante é preservar a família - disse a empresária.
A francesa Marie-Annick Mercier, que mora no Rio, onde preside uma ONG, está tão impressionada com o acidente com o Airbus que afirma: jamais viajará novamente com o marido no mesmo avião.
- Toda a França está em estado de choque por causa do acidente. O fato de ninguém saber o que ocorreu me levou à decisão de não viajar mais junto com meu marido. Nossas viagens eram uma pequena celebração, com champanhe e muita alegria. Isso, para mim, acabou - afirmou a francesa, que tem uma filha.
No avião francês, estava o empresário franco-brasileiro Jean-Claude Lozouet, cuja mulher, Ivone, também foi para Paris, mas em outra aeronave. Os dois filhos do casal estão em Paris, na companhia da mãe.
Nos Estados Unidos, o presidente da República nunca viaja no mesmo avião que seu vice. Lá, cada um tem sua aeronave oficial. No mundo do rock, a banda Rolling Stones tem contrato com uma seguradora que determina que os astros do grupo, Mick Jagger e Keith Richards, viajem em diferentes voos, para diminuir o prejuízo em caso de acidente.
O Globo On Line
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