segunda-feira, 8 de junho de 2009

Restrições criam empecilhos para a adoção

Criado há um ano, o Cadastro Nacional de Adoção mostra que a maioria das crianças continua abandonada pela sociedade: 80,02% dos pretendentes só querem crianças com até três anos
Enquanto meninos e meninas abandonados pelos pais biológicos vivem em abrigos alimentando o sonho de fazer parte de uma família, casais que não conseguem ter filhos esperam anos na fila para adotar uma criança. No caminho entre sonho e realidade para essas famílias e crianças, está a Justiça, responsável por intermediar a adoção. A burocracia e a morosidade dificultam a efetivação dos processos, gerando expectativas que podem acabar em frustração, principalmente para os pequenos. Entretanto, o sistema de adoção de crianças e adolescentes no Brasil vem passando por algumas transformações. Criado há um ano, o Cadastro Nacional de Adoção visa agilizar os procedimentos. Após a coleta de dados durante 12 meses, o resultado é surpreendente. De um lado, 17.985 casais desejam adotar e foram cadastrados, do outro, apenas 2.583 crianças e adolescentes estão disponíveis para adoção no País. Os números, resultantes das entrevistas para adoção, são reflexo das restrições impostas pelos próprios casais, em relação ao perfil da criança desejada. Quem pretende adotar crianças recém-nascidas, principalmente brancas e do sexo feminino, pode se preparar para anos de espera, visto que, hoje, existem apenas 17 bebês para adoção no País, segundo a conselheira tutelar Andréa Pachá, responsável pelo Cadastro Nacional de Adoção. A conselheira diz ainda que o cadastro deixa claro o grande desejo pela adoção, mas mostra também, o excesso de restrições e, em muitos casos, até preconceito dos casais. "O objetivo das mudanças foi facilitar a vida dos pretendentes, inclusive permitindo a guarda permanente de crianças de outros estados. Antes, se a pessoa quisesse adotar em outra cidade, teria de fazer o pedido de adoção de novo e passar por todo o processo", explica. No entanto, a conselheira tutelar afirma que o cadastro nacional também revelou que a maioria das crianças continua abandonada pela sociedade. “O problema é que quando você vê os dados do cadastro, percebe que 80,02% dos pretendentes só querem crianças de até três anos, e 43% só querem crianças com até um ano. Uma criança acima de nove anos tem dificuldade enorme de conseguir uma família”, conta. Desde a criação do Cadastro Nacional de Adoção, 36 crianças foram adotadas, 35 estão em guarda provisória (com processo de adoção já pedido) e 24 estão vinculadas, mas ainda sem processo de adoção.

[O Tempo (MG), Alexandre Nascimento – 08/06/2009]

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