Daiane foi buscar água para a irmã, que estava grávida. Teria entrado em uma padaria do Mercado Público de Porto Alegre e desapareceu. Graziela foi para a escola em Gravataí e não voltou. Bruno pegou a bicicleta na praia de Imara, em Imbé, para encontrar o pai no trabalho e não chegou ao seu destino.Para mães e pais, o sumiço de um filho é uma ferida sempre exposta. Um telefone que não toca, uma campainha silenciosa, uma longa e talvez infinita espera, uma vida em suspenso.Cerca de mil famílias vivem este drama hoje no Estado, como mostra a série de reportagens multimídia de Zero Hora, RBS TV e Rádio Gaúcha que vai até quinta-feira. São a versão brasileira das Mães da Praça de Maio argentina, as “loucas” que varam madrugadas à procura dos filhos desaparecidos pela ditadura. Autoridades, família ou amigos não sabem se suas crianças estão mortas ou se integram um exército invisível que vaga por aí.É o caso de Graziela Godoy, 11 anos, que desapareceu a caminho da escola em Gravataí em maio de 2006. No casebre, na Morada do Vale, ficou a mãe, Maria Alves de Souza, 51 anos. É difícil encontrá-la em casa: quando não está na Igreja rezando, a dona de casa está de plantão em frente à escola.Em março de 2007, um casal preso pela Polícia Civil de Gravataí em Minas Gerais confessou ter levado em dois anos 30 crianças e adolescentes da Região Metropolitana para outros Estados – entre eles Graziela. Destes, 29 continuam longe de casa. A garota teria sido entregue em troca de R$ 600 e encaminhada para adoção no Exterior, segundo a polícia. Mesmo assim, Maria não perde as esperanças.– Quando vocês chegaram (os repórteres), já pensei que estavam trazendo a minha filha. Sempre quando vem alguém diferente, eu já penso que vem me dar notícia boa.
*Colaboraram Cid Martins, Jocimar Farina (Rádio Gaúcha) e Fabio Almeida (RBS TV)
ZERO HORA
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