domingo, 9 de agosto de 2009

Carta aos Pais Separados, ou não.


Aos pais.

Estou separado há cinco anos. Durante este período também estou morando longe de meu filho. Oitocentos e oitenta quilômetros. Ora parecem mais e ora parecem menos. Parecem mais por que a saudade de meu filho é tanta que tenho a impressão de viver em outro planeta, em que é impossível vê-lo, senti-lo ou abraçá-lo. Ora parecem menos por que não há distância nesse mundo que me separe dele, que diminua o amor, a preocupação e a vontade de abraçá-lo.
Tinhamos, quando casado com sua mãe, uma excelente relação. Éramos unidos e fazíamos muitas coisas juntos. Isso, com certeza, teve uma influência muito grande no tipo de convivência que temos hoje. Em cinco anos não houve um só período de férias que ele não ficasse comigo. Viajamos juntos pela primeira vez ele não tinha três anos completos, hoje, com oito, continua vindo. Sei que vai chegar um tempo em que não mais terá vontade de viajar nas férias. Irá preferir a companhia dos amigos, das namoradas, das viagens que todos nós gostamos de fazer quando jovens. Acredito que preciso me preparar para isso.
Mas o que me chama mais atenção e me fez escrever sobre este assunto foi exatamente a situação de várias pessoas que não precisam passar pelo que eu e meu filho passamos.
Sempre, desde o início de tudo isto, tenho ouvido as pessoas me aconcelharem a ser menos exigente com meu filho. Que eu quero que ele se comporte, use os talheres da maneira adequada, seja educado, cumprimente as pessoas, respeite os mais velhos. Dizem isso por que acreditam que por vê-lo apenas em períodos de férias vou terminar espantando o menino. Fazendo com ele se abuse de mim. Sinto muito, mas penso exatamente o contrário. Feliz de quem pode ser pai ou mãe em tempo integral. Eu já fui e sinto muita falta. Hoje sou pai de férias, pai em períodos especiais, e , sinceramente, não vou abrir mão de ser um pai de verdade. Realmente ele poderá se cansar de mim e dizer: - “Pôxa! Só vejo meu pai há cada quatro meses e ele ainda continua pegando no meu pé!” - Conheço meu filho o suficiente para saber que esse dia poderá chegar, mas também sei que chegará o dia em que ele se lembrará de tudo isso e dirá: “Pôxa, meu pai, mesmo longe, nunca desistiu de mim. Nunca desistiu de me ensinar o que achava que era melhor para mim. Ele pode até ter errado, mas nunca desistiu.”
Se você mora com seu filho, tem uma convivênca diária com ele, APROVEITE! Não abra mão dessa maravilha que é participar, dia após dia, do crescimento e amadurecimento de seu filho. Por vezes parece chato e cansativo, mas se você perder esta oportunidade um dia sentirá falta como nunca sentiu de qualquer outra coisa na vida. E a educação de nossos filhos é e sempre será nossa responsabilidade. A imagem de um filho é a imagem do pai e da mãe refletida em um espelho. Se a imagem do seu filho não o agrada, a sua imagem deve estar merecendo um pouco mais de atenção.

Escrito por Henrique Moura



TextoLivre

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