terça-feira, 11 de agosto de 2009

Realidade dos casos de gripe é muito pior, alerta infectologista


Crescimento do número de casos é inevitável, diz médico Moacir Pires Ramos
A realidade sobre a pandemia de gripe é muito pior do que os números que vem sendo divulgados pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Saúde e o crescimento da doença no Brasil e no Paraná é inevitável. O quanto essa realidade é pior, ninguém sabe dizer ainda. O alerta é do médico infectologista e epidemiologista Moacir Pires Ramos, professor da Unicenp e infectologisa responsável pelo Hospital do Trabalhador.
Moacir explica que o número de casos é muito maior do que o divulgado pelas autoridades porque os laboratórios não estavam preparados para o volume de exames realizados, não dão conta da demanda e cada vez que um dado é divulgado, ele já está atrasado. “ No Brasil, fez-se a opção por adotar o protocolo da Organização Mundial de Saúde e dos EUA, de confirmação laboratorial dos casos e os laboratórios têm uma capacidade limitada de processar esses exames. No Lacen, a capacidade é de 250 exames por dia e há cerca de 3 mil esperando para serem realizados. Quando o dado é divulgado está atrasado em cerca de 2 a 3 semanas. Não se trata de sonegação de informações ou de tentar esconder a realidade”, esclarece.
O infectologista acredita que a prorrogação das férias escolares já está causando um impacto positivo e que a doença está se disseminando em ritmo mais lento. “A medida é adequada para preservar as crianças e adolescentes, já que as crianças são as grandes disseminadoras do vírus, porque ainda estão constituindo o sistema imunológio e devido a seus hábitos. A criança espirra, em seguida abraça um amiguinho, depois toca num brinquedo e assim o vírus vai se espalhando na sala de aula. Com o fechamento das escolas, ganhamos tempo para que a doença se dissemine mais lentamente até a disponibilidade da vacina”, analisa.
Ele explica que nos EUA, a Influenza A acometeu mais crianças e adolescentes e que no Brasil o índice de doentes nessa faixa etária é baixo, possivelmente porque aqui o vírus começou a circular no período de férias.
No momento, segundo o infectologista, não há indicação da necessidade de decretação de estado de emergência, com proibição das pessoas de saírem de casa ou o fechamento de shoppings e do comércio em geral. “ Ainda não podemos precisar com exatidão o índice de letalidade da doença, mas ele se aproxima de 0,2%. A gripe sazonal tem um índice de 0,4% . Se o indice de letalidade da Gripe A chegar a 0,5% essa é uma possibilidade. Mas ainda não é o caso de fechar compulsoriamente. Essa é uma questão polêmica que divide muito as opiniões, porque há os que ponderam que se houver atraso, quando a medida for tomada será inócua . Eu acredito que ainda não é o caso”, diz. “Como os casos vão crescer inevitavelmente, as autoridades devem monitorar se a letalidade e a gravidade aumentam e restringir ainda mais as aglomerações ,se for o caso. O que queremos é a disseminação seja mais lenta”.
O médico esclarece que as pessoas devem ficar atentas aos sintomas da gripe e procurar um médico, que vai avaliar a necessidade de receitar ou não o Tamiflu. “ Um ou dois por cento dos pacientes têm febre de difícil controle e falta de ar que evolui rapidamente para um comprometimento pulmonar. Os doentes que apresentem sinais de gravidade devem ser medicados com o Tamiflu. Mas não é qualquer nariz escorrendo e dor de garganta que será medicada com o oseltamivir”.
Já mulheres grávidas devem ficar especialmente atentas. “ Se a gestante tiver febre e tosse, deve procurar ajuda imediata, porque faz parte do grupo especial de risco”, alerta. Segundo ele, a formulação pediátrica do Tamiflu, que estava em falta, já está disponível e não contra-indicação para que as crianças usem o medicamento. Há melhor resposta se o medicamento for ingerido nas primeiras 48 horas da manifestação da doença, mas o medicamento age em até 7 dias.
Para ele, nesse momento, o mais importante é que a população atenda ao apelo das autoridades sanitárias e adote as medidas de prevenção recomendadas, especialmente a de evitar aglomerações. “ Não há necessidade de pânico, mas as pessoas devem transformar o medo em medidas de prevenção. As pessoas devem evitar aglomerações e devem adotar as medidas de higiene recomendadas, como lavar as mãos freqüentemente e usar álcool 70, já que o contágio da doença pode se dar pelo contato com secreções( espirro) ou pelo contato com superfícies tocadas por pessoas que tenham a doença”, explica.

Veja números oficiais e mapa dos casos confirmados no Brasil:



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