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segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Escova de dentes exige limpeza constante
Ao invés de combater as bactérias e microrganismos, instrumento pode virar "incubadora" e provocar doenças graves
Luiz Beltramin
Indispensável para a assepsia diária, a escova de dentes também precisa de limpeza constante. Caso contrário, ao invés de combater a proliferação de bactérias e o conseqüente surgimento de doenças, ela poderá servir de “incubadora” de microrganismos nocivos à saúde. Odontólogos alertam que, além de males bucais, essas bactérias podem desencadear doenças infecciosas graves para todo o organismo.
“A escova dentária pode virar um depósito de bactérias e transmitir doenças, como pneumonia e até hepatite”, acentua a odontóloga Silvia Helena de Carvalho Sales Peres, professora do departamento de odontopediatria, ortodontia e saúde coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da Universidade de São Paulo (USP).
Além de variados tipos de bactérias - como as causadoras da cárie -, cerdas mal higienizadas podem ser o “casulo” ideal para a proliferação de leveduras, vírus e parasitas intestinais, que chegam até a escova seja por meio do contato com a cavidade bucal ou mesmo do meio ambiente.
A importância da assepsia nas escovas dentárias foi objeto de estudo de uma pesquisa empreendida pela Faculdade de Odontologia da USP de Ribeirão Preto. O estudo recém-divulgado também atesta o risco oculto que a falta de limpeza nas cerdas pode abrigar.
“Em condições normais, o indivíduo tem cerca de 900 espécies de bactérias na boca, então não é difícil imaginar que, se vou fazer uma escovação, esses microrganismos podem ser transferidos para as cerdas da escova”, explica Paulo Nelson Filho, professor da faculdade que fez a pesquisa.
A multiplicação das bactérias nas cerdas foi fotografada pelos pesquisadores, com o auxílio de um microscópio eletrônico. Em pequenas partes de sujeira, foram observados bilhões de microrganismos, problema que, de acordo com o coordenador da pesquisa e odontólogo da FOB, pode ser facilmente evitado.
Os especialistas atentam para a importância de se lavar as mãos antes de escovar os dentes. O uso do creme dental - que elimina 25% dos microrganismos - também é apontado como fundamental. Os passos para a assepsia completa são ensinados pela professora da FOB.
“Em primeiro, lavar bem as mãos. Depois, lavar a escova na água antes da escovação, para eliminar produtos aderidos nas certas. Após a escovação, retire o excesso de água, batendo a escova na borda da pia. Não é para secar com a toalha”, ensina.
Segundo Silvia Helena, a limpeza total é completada com a borrifação de anti-séptico bucal - o mesmo utilizado para bochechos - nas cerdas da escova, que deve ser guardada em local fechado, limpo e seco. “Troque a escova a cada dois ou três meses. Isso evitará o acúmulo de sujeira e a proliferação de microrganismos”, acentua.
O fato da escova, na maioria das casas, ser guardada no banheiro, também requer maiores cuidados, pois, dependendo da proximidade com o vaso sanitário, as cerdas podem ser contaminadas até por coliformes fecais. “O melhor lugar para guardar a escova é em um protetor individual”, enfatiza a professora.
Os pesquisadores afirmam que a escova deve ser mantida em local seco, ventilado e longe do vaso sanitário. “As escovas ficam geralmente no banheiro, que, na maior parte das vezes, é o ambiente mais contaminado da casa. E ela está suscetível à contaminação por essas bactérias”, observa o professor Paulo Nelson Filho.
A possibilidade de contato entre escovas guardadas próximas também facilita a contaminação, salienta a odontóloga da FOB. “A contaminação pode ser causada pelo contato entre escovas de diferentes membros da família nos recipientes sobre a pia ou nos armários de banheiro”, detalha a professora, ao citar a dificuldade em conter o contato salivar em coletividades infantis.
“Torna-se muito difícil o controle da ocorrência de contato salivar entre indivíduos em ambientes como creches e pré-escolas, que atendem crianças de idade precoce. A escova pode ser trocada ou compartilhada inadvertidamente”, alerta.
Fonte: Jornal da Cidade de Bauru
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