domingo, 20 de setembro de 2009

Na África jovem, o fim precoce da infância



Johannesburgo – Thembelihle Maduna tem 24 anos de idade, rosto de 18 e zero de perspectiva. As mãos enrugadas lembram que o tempo passou de forma diferente para ela. Thembelihle virou adulta aos 13 anos, quando se tornou responsável por todas as tarefas domésticas e pela educação do irmão de 11 anos, da filha e de uma sobrinha, ambas com 8 anos. Os quatro moram numa casa de apenas um cômodo em Tokoza, comunidade pobre próxima a Johannesburgo. Thembelihle não conheceu o pai, a mãe morreu de Aids e ela, muito jovem, foi obrigada a abrir mão de seu futuro.
A jornalista Marta Reis conta a história de algumas dessas crianças africanas que são obrigadas a virar adultos precocemente. Clique aqui e confira as fotos desta triste realidade.
- Já me acostumei com essa vida. Não tenho planos para mim, não penso em arrumar namorado. Só quero que os meninos tenham a oportunidade de estudar – diz ela.
Casos como o de Thembelihle são um triste fenômeno na África Subsaariana. Proporcionalmente, esta é a região com a maior população infantil do mundo. Mas o lugar em que há mais crianças é justamente aquele onde elas são obrigadas a crescer mais rápido. Um levantamento do Unicef de 2009 indicou que 69 milhões delas – 35% do total das crianças da África Subsaariana – trabalham.
Além de representar mão-de-obra barata, o trabalho infantil é recorrente também pela falta de adultos para realizarem as funções. O continente tem os dois únicos países do mundo em que a população infantil ultrapassa a adulta: Níger e Uganda. Em outros 37 países da África Subsaariana, as crianças representam mais de 40% dos habitantes. As epidemias e doenças, a pobreza, os conflitos armados e o grande fluxo migratório entre os países são as principais causas para a redução da população adulta.




O Globo

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