quinta-feira, 24 de setembro de 2009

São Leopoldo: Epidemia de crack impulsiona a exploração sexual de jovens

A exploração sexual de crianças e adolescentes está cada vez mais visível em São Leopoldo e em pontos bastante conhecidos nos bairros Rio dos Sinos e Campina. A violência contra as jovens aliciadas tem feito os casos chamarem a atenção como o espancamento da jovem de 14 anos no dia 5 de setembro. Ela continua internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Centenário e seu estado é gravíssimo. Há indícios de que a jovem era explorada sexualmente para manter o vício em crack e este não é um caso isolado. ‘‘É um problema crescente em São Leopoldo’’, aponta o promotor da 1.ª Vara Criminal do Ministério Público, Sérgio Luiz Rodrigues. ‘‘Não dá para falar de exploração sexual sem falar de tráfico e consumo de drogas’’, reafirma a promotora da Infância e Juventude do Ministério Público, Mara Job Pedro.
Instauração de inquérito. Investigação. Prisão. Este é o caminho percorrido legalmente para tentar reduzir os casos. O promotor explica que a prostituição é derivada do uso de entorpecentes. ‘‘O tráfico está intimamente ligado a prostituição pelo consumo de crack. Exploradores e traficantes lucram e abusam dessa necessidade das jovens em consumir a droga’’, diz. O desdobramento disso são atos de violência, agressões e morte. ‘‘Elas são tratadas como objetos’’, define Rodrigues.

Estrutura – ‘‘A repressão isolada não é eficaz. Precisamos de políticas públicas para atender a essa necessidade’’, diz Rodrigues. Na área de saúde é preciso estrutura para tratar a dependência, na ação social, abrigos para quem está na rua em vulnerabilidade e na educação oportunidade de voltar para sala de aula. ‘‘Estes jovens estão sem atenção da família, sem atenção nas várias áreas do poder público. É preciso uma rede de atendimento mais eficaz. Sabemos do empenho do Município, mas a necessidade é superior’’, conta Rodrigues. Para ele, o grande ponto de enfrentamento é controlar o acesso ao entorpecente. ‘‘Elas terão sequelas para o resto da vida.’’

Promotora cobra ação mais ampla contra quem explora jovens
A promotora da Vara da Infância e Juventude, Mara Job Pedro revela que há dificuldade para punir os exploradores. ‘‘Precisamos de uma ação mais ampla e conjunta no âmbito criminal’’, diz a promotora. Como a exploração sexual tem relação com o uso de drogas, o tratamento seria o caminho, entretando, segundo ela, o Estado não conta com tratamento eficiente e suficiente para a epidemia de crack. ‘‘Além disso, não conseguimos punir com a rapidez necessária. Mal conseguimos prender e, manter preso é ainda mais difícil’’, diz Mara Job. A promotora revela que as jovens exploradas acabam sendo também pequenas traficantes. O vício leva à necessidade de consumo de mais pedras e a recuperação fica mais difícil.

Tratamento para aliciador e explorador
‘‘O explorador sexual é uma pessoa com sérios problemas psicológicos, muitos são pessoas bem sucedidas, e chegar a eles é a parte mais complicada, principalmente quando o problema está dentro da família’’, diz o secretário da Sacis, Charles Pranke. O secretário acredita que não adianta ver só o explorado, é preciso ver o entorno e os exploradores tem problemas sérios e precisam de tratamento. Desde 2006 o Centro de Referência Especializado de Assistência Social trata a criança, o adolescente explorados sexualmente e suas famílias.

Centro de Referência atendeu 51 jovens violentados e 16 explorados
Somente neste ano, 16 jovens explorados sexualmente, entre 7 e 14 anos, foram acolhidos pelo Centro de Referência em Assistência Social (Creas) situado dentro da Diretoria de Proteção Social e encaminhados pelos Conselhos Tutelares. Outras 51 crianças e adolescentes de 2 a 17 anos sofreram abuso sexual, por alguém da família, amigos, vizinhos e estão recebendo acompanhamento do Creas.
Dos 16 jovens explorados sexualmente e acolhidos, 13 seguem em acompanhamento, com atendimento dos técnicos, psicólogos e assistente social junto ao jovem e à família. Três casos foram encerrados por desistência da família ou por terem sido concluídos. ‘‘Existe relutância por parte da família. Nem sempre existe adesão ao serviço’’, conta a diretora de Proteção, Sandra Gonçalves Oliveira.

Cras na lista das medidas preventivas
Para prevenir que as jovens sejam aliciadas, o secretário da Sacis cita a implantação de cinco Centros de Referência de Assistência Social (Cras) nos bairros, onde equipes atuam de forma descentralizada. A ampliação da rede conveniada, oferecendo às crianças, atividades no contraturno escolar, é outro trabalho preventivo. ‘‘Sabemos que quando uma jovem chega a ser explorada sexualmente não passou por ações anteriores. Para nós cabem ações de prevenção’’, diz Pranke. Na Zona Norte, o problema é grave.

Pico de atendimentos em março
Os registros Conselho Tutelar da Zona Norte apontam que o pico de atendimentos neste ano, ocorreu no mês de março, com 27 jovens vítimas de exploração sexual atendidas, principalmente por conta de denúncias. Nos últimos dois meses houve uma redução e os cinco conselheiros atenderam sete casos. O conselheiro Paulo Sérgio da Silva explica que o trabalho dos conselheiros é de proteger o jovem aliciado, que geralmente está nesta situação pela dependência química. Encaminhar para tratamento e trabalhar a reinserção ao lar e à escola é a meta dos conselheiros.
‘‘Conseguimos recuperar algumas meninas, outras ao retornarem para casa voltaram também às drogas e novamente foram exploradas sexualmente’’, explica. Ele diz que a melhor forma de combater esta prática é conscientizar a população adulta que busca o sexo com meninas. Entretanto, não basta dar apoio aos jovens explorados sexualmente e suas famílias. A prevenção, segundo o secretário de Assistência, Cidadania e Inclusão Social da Sacis, Charles Pranke, é o caminho.

Andrea Hilgert

http://brasilcontraapedofilia.wordpress.com/2009/09/24/sao-leopoldo-epidemia-de-crack-impulsiona-a-exploracao-sexual-de-jovens/

Diário de Canoas

Um comentário:

  1. Tem que punir quem pega essas meninas para fazer programa. Moro no bairro Rio dos Sinos e vejo que quem mais paga para fazer programas com essas meninas são pessoas com carros bons e muitas vezes de outras cidades! Falta é vergonha na cara desses homens, isso sim!!!

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