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quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Fuga e desaparecimento de crianças estão relacionados à violência em casa
Entre fugir de casa e o local onde vão ficar pode acontecer muitas coisas e as crianças e adolescentes ficam vulneráveis às redes clandestinas de aliciamento, como tráfico de drogas e exploração sexual
Nos últimos nove anos, pelo menos 1.257 crianças e adolescentes brasileiros desapareceram. Segundo estatística disponível no site da Rede Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos (ReDesap), pouco mais da metade (648) conseguiu ser encontrada e 609 permanecem desaparecidas. As unidades da Federação com mais registros de desaparecidos no período são Distrito Federal (297), Rio de Janeiro (144), São Paulo e Sergipe (ambos com 126), Goiás (94) e Minas Gerais (72). O problema é mais comum em regiões metropolitanas do que no interior dos estados. Para o antropólogo e coordenador da rede e secretário executivo do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Benedito Rodrigues dos Santos, apesar de expressivos, os números devem estar subestimados. Segundo ele, a informação é colhida por telefone e ainda não há um sistema para cadastramento em tempo real dos casos registrados nos serviços de SOS Criança e nas delegacias de proteção às crianças e adolescentes. Santos acredita que a maioria dos casos de desaparecimento começa com fuga do lar por motivo de conflito familiar, envolvendo violência física e até sexual, e as crianças pobres, mais vulneráveis socialmente, sofrem mais. A classe média tem ainda alguma imunidade. "A fuga é um sinal de sanidade para escapar da violência. O problema é que entre fugir de casa e o local onde a criança ou adolescente vai ficar podem acontecer muitas coisas e os desaparecidos ficam vulneráveis às redes clandestinas de aliciamento, como tráfico de drogas e exploração sexual”, destaca. Para ele, o sumiço de crianças é mais um fenômeno social do que caso de polícia. Mas alerta que é fundamental entrar em contato com a polícia e não esperar 24 horas para comunicar o desaparecimento. Uma ação imediata da polícia pode ser crucial. Para o coordenador, é preciso mudar a cultura do castigo físico e educar as crianças com base no diálogo e o Poder Público também deve estar mais próximo. Santos chama atenção para os casos de desaparecimento enigmático de crianças que somem na rua ou são levadas de dentro de casa. Estima-se que esses casos, que são pouco solucionados, representem de 10% a 15% do total. “Esse é o tipo mais dramático porque é um percentual muito pequeno de crianças que são achadas, e é elevado o número de crianças encontradas mortas, com sinais de violência, maus-tratos e crueldade”, alerta. No Paraná, os dados da Rede comparados com números da Polícia Civil do estado mostram a dificuldade atual para se ter uma exata noção dos casos de crianças e adolescentes desaparecidos. Enquanto a ReDesap enumera 62 desaparecimentos, no Paraná, nos últimos nove anos, o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) conta 526 casos em um período de tempo menor, entre 2000 e 2006. Uma em cada quatro crianças e adolescentes teriam sido reencontrados no estado. Já nas contas do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) o índice de aproveitamento chega a 98%, com apenas 7 casos não solucionados.
Site - Desde a criação da página eletrônica (www.desaparecidos.mj.gov.br), já foram solucionados 725 casos, sendo que se constatou que uma das causas mais comuns de desaparecimento é a fuga do lar por conflito familiar. Não existem dados oficiais que mostrem a quantidade de desaparecidos anualmente. Contudo, dos casos registrados, um percentual de 10 a 15% permanecem sem solução.
[A matéria foi publicada nos principais jornais do país – 23/09/2009]
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