domingo, 28 de março de 2010

Debate - Dr Podval, parte 1


As 14:45 recomeçam os debates. Podval com a palavra.

O Sr Promotor me intimida. Intimida pela experiência em júris, pela organização, pela forma como se dedicou ao caso. Sei que quando ofereceu a denúncia, não o fez de forma leviana, fez pq acredita no que está defendendo. Tb acho que temos que dar uma resposta à sociedade. Por isto quero agradecer à Vossa Excelência, pela competência, pela educação e atenção comigo. Quando este forum foi eleito pra abrigar este júri, muitos criticaram. Não é um forum que eu tenho muito hábito de frequentar, mas, coincidentemente, foi aqui que fiz meus 2 maiores júris. Não venho muito aqui, mas fui muito bem tratado.
Este é um caso triste, feio, onde temos dificuldade de ler os autos, as páginas.
Quero agradecer aos funcionários daqui, a polícia. Agradeço também a OAB por estar aqui. Mesmo eu não sendo uma pessoa agressiva, não vamos ter problemas, e ainda porque eu era contrário a eles, da chapa contrária. Só tenho que agradecer. Agradeço aos amigos da imprensa, mas tb faço uma crítica. Acho que isto não precisava ter chegado onde chegou. Acho que talvez seja um momento de reflexão.
Agradeço ainda minha equipe. Eles trabalharam muito comigo nestes últimos dias. Me apoiando em tudo (ele chora).
Vim pra este júri certo de que o meu trabalho seria ter que implorar a vcs para que me ouvissem. No começo eu não acreditava que vcs pudessem me ouvir. Vcs foram massacrados por 2 anos, eu não tinha esperanças de conseguir ser ouvido. A maior dificuldade não seria a defesa em si e sim o pré-julgamento. Então tudo não valeria nada e meu papel seria apenas representar.
Durante estes 5 dias, cada um de vcs me deu esperanças.
Desisti sim das testemunhas. O promotor diz que eu não conheço o processo e é verdade. Ele estava aqui desde o começo. Eu atendi um pai desesperado. Nem sabia quem eram estas testemunhas. Não vou criticar os que saíram. Sei o peso que é.
Quando me perguntam qual o coelho tenha na cartola? Na grande hora, o que vou fazer, qual mágica? Não dá. Está tudo feito. O trabalho aqui foi feito desde o primeiro momento. Qual mágica eu ia fazer? Numa das poucas vezes que estive com os dois, expliquei tudo. Disse, falem o que for bom e o que for ruim. O que vemos aqui? Monstros? É a rotina, o cotidiano do brasileiro: casar, ter filhos, separar, casar com outra, ter filhos com outra, rotina, brigas, é o nomal.
Quando acontece uma tragédia, chamam o rapaz e querem que ele saiba o nome da professora da filha. Se ele não sabe, é execrado.
Os vizinhos, que nunca falaram com ele, correm pra DP pra falar que viram brigas.
Aí eu fico pensando, se fosse comigo, seria execrado.
Como defender? Vamos relacionar as testemunhas? Não vou falar da mãe. Tá machucada, ferida. Quer achar um responsável pela situação.
A delegada Dra Renata. Porque ela ia pré-julgar? Não aconteceu isso. Ela foi ouvida. O que ela disse? Foi chamada, chegou lá, uma história estranha. Se não foram eles, quem foi? Todos passam a investigar pra chegar em quem foi, mas não fecha. Ela pensa o que tá acontecendo?
O casal, sem serem investigados, ficam horas na DP. Mandam os 2 fazerem testes de DNA. Porque? Pra saber se o sangue era deles. Vai investigando e o que? Chega neles.
Perito veio aqui e deu uma aula. Explica porque não podia ser acidente. Diante das conclusões, diz que ela foi jogada no chão. Será que é verdade? Ele diz que ela tinha marca na nuca. Se foram eles, pq não levaram pra fazer teste? Como ele diz que uma cosquinha deixaria marca? Um homem sério…Se tivessem feito o exame, poderia saber que foram eles.
Renata, o tempo todo aponta conclusões técnicas. Perguntei pra ela o que ela usou pra justificar o pedido de prisão deles. Ela não sabe explicar porque não é perita. De onde tiraram? Fizeram uma reunião informal? Porque informal?
Aí ela diz que este é mais um caso pra ela, que não significou nada. No meio desta história toda Anna é convidada pra ir à casa dela. Vcs ouviram ela falar. Ela estava esperando dois anos pra falar.
Aí conta: chego na minha casa, está lá, dez pessoas tomando café que a Delegada disse não ter sido feito lá. Imagina se vc vê isso na sua casa. Que falta de respeito! Tinham que ter respeito pelo local! O que aconteceu lá? No primeiro dia as autoridades começaram a gritar comigo, ela disse. Falar pra confessar. E ela é a que grita, xinga, é a maluca, mas diz que não pode falar o que não viu.
Ela foi honesta porque disse que um investigador a tratou bem. Deixou ela ligar pro sogro.


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