sexta-feira, 2 de abril de 2010

Abuso de menina de 13 anos leva Justiça a proibir pulseiras do sexo em Londrina, Paraná


SÃO PAULO - O juiz da Vara da Infância e Juventude de Londrina, Ademir Ribeiro Richter, proibiu o uso e venda da "pulseirinha do sexo" na cidade. De acordo com o delegado da Delegacia do Adolescente de Londrina, Júlio César de Souza, a decisão foi tomada após a denúncia de estupro de uma menina de 13 anos, que estava usando o acessório. A portaria que proíbe o uso e venda do adereço recomenda ainda aos pais, diretores de escolas e à polícia que combatam a comercialização e o "uso maléfico" das pulseiras.
Dos quatro adolescentes que teriam constrangido a menina em um terminal de ônibus, três já foram ouvidos pela polícia. O quarto garoto, que não teria tido contato físico com a menina, ainda não foi identificado.
De acordo com o delegado, os depoimentos estão sendo colhidos individualmente. A menina foi violentada na casa do rapaz de 18 anos, único maior de idade do grupo. Segundo Júlio César, além dos quatro adolescentes que teriam rendido a menina, outros dois meninos foram citados pela garota por terem chegado na casa e visto a violência. Um deles já foi identificado pela polícia e vai ser ouvido na tarde desta quinta-feira.
- Não há contradição. Eles confessam o ato sexual, mas afirmam que foi com o consentimento da menina - diz o delegado, acrescentando que a mãe do rapaz de 18 anos estava na casa, mas não ouviu nada de anormal e achou que era apenas um encontro de amigos do filho.
De acordo com o delegado, a jovem foi violentada por três rapazes. Outros três teriam apenas observado.
A polícia apura ainda o desaparecimento do celular da garota. Ela diz que os adolescentes ficaram com o aparelho, mas eles negam.
O uso das pulseiras coloridas, que se tornou comum entre jovens, é, na verdade, um jogo - cada cor da pulseira corresponde a uma ação. Quem rompe a pulseira tem direito à ação da cor correspondente, que vai de carícia e beijos à relação sexual.
Segundo relato da menina à polícia, ela estava num ponto de ônibus, retornando da escola, na tarde de 14 de março, quando foi abordada pelos adolescentes, que romperam sua pulseira e passaram a cobrar: "Vai ter de pagar, vai ter de pagar", diziam referindo-se à ação da cor da pulseira (preta, que corresponde a ato sexual). No dia seguinte, no mesmo terminal de ônibus, a garota foi novamente abordada e constrangida a acompanhar o grupo até a casa de um deles. Não houve uso de arma ou ameaças. Lá, os garotos a violentaram.
Intimado a depor, o rapaz que mora na casa onde ocorreu o estupro, identificado como R.H.N, foi à delegacia acompanhado pelos pais. Ao delegado, afirmou que o ato sexual foi realizado com consentimento da menina e disse até que foi ela quem arrebentou a pulseira que ele usava. Depois do ato sexual, segundo ele, todos teriam ido a uma praça.

Anderson Hartmann
Globo

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