sexta-feira, 2 de abril de 2010

Violinista do AfroReggae Diego Frazão é enterrado sob forte comoção


RIO - Cerca de 300 pessoas acompanharam o enterro do violinista do AfroReggae Diego Frazão de 12 anos, no Cemitério de Inhaúma, no início da tarde desta sexta-feira. Um trecho de cerca de 200 metros em frente ao cemitério foi interditado para a passagem do cortejo. Os pais do violinista chegaram por volta de 13h ao velório. Telmo, o pai, que foi com o violino do filho nas mãos, repetia, sem parar, que seu artista tinha ido embora. Ele chegou a passar mal e foi retirado da capela. A mãe, Elenita, chegou amparada. Com câncer, ela precisou se acudida após ver o corpo do filho. A irmã do rapaz, de 14 anos, também precisou ser amparada ao ver o corpo do menino. Chorando muito, ela repetia que queria o irmão de volta. O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, esteve no velório e disse que o menino era um parceiro que deixou história.
- Nessa luta que a gente desenvolve precisaríamos de milhares de pessoas como ele. Tenho certeza de que ele vai continuar sendo um símbolo. Um exemplo a ser seguido - disse Beltrame
A secretária de Estado de Educação, Tereza Porto, madrinha da orquestra de cordas do grupo AfroReggae, acompanhou o velório. O coordenador do AfroReggae, José Júnior, disse que Diego deixará um legado de esperança para o projeto:
- O que o AfroReggae conseguir, daqui para a frente, tem muito a ver com ele.
Diego Frazão morreu no fim da tarde desta quinta-feira, no Hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, vítima de leucemia.
Diego começou a passar mal há duas semanas, supostamente por causa de uma apendicite. Chegou-se a cogitar, quando o estado dele se agravou, que ele poderia ter sido vítima de falhas no atendimento da UPA da Penha, que o atendera duas vezes num único dia, sem cravar o diagnóstico. Após uma cirurgia, seguida por infecção generalizada, ele foi internado na UTI pediátrica do Hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias, onde foi constatado que Diego sofria de leucemia, doença que atinge os glóbulos brancos. Mas seu quadro já era gravíssimo e os médicos decidiram induzir o coma. Na quarta-feira, logo após o diagnóstico que ninguém queria ouvir, ele ainda teve uma parada cardiorrespiratória, às 14h30m, seguida de reanimação. O pai de Diego, Telmo, ele próprio vítima de três AVCs anos atrás, entrou em desespero. Seus gritos foram acalmados pelo carinho do pessoal do AfroReggae, que não saiu do lado dele. "Quando o Telmo soube que o filho estava com leucemia, foi como um tiro seco", contou José Júnior, coordenador do AfroReggae - ONG que luta para evitar o ingresso de jovens no tráfico -, em seu twitter, que passou a ser seguido por pessoas que engrossavam a torcida pela recuperação do garoto. Debilitado, Diego não podia sequer iniciar a quimioterapia, que deve começar rapidamente em casos como os dele.

Globo

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