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segunda-feira, 29 de março de 2010
Violência sexual contra crianças pode ocorrer em vários ambientes, incluindo as escolas e a família
“Por que a sociedade só pinça os padres?”, questiona ao Correio o arcebispo do Ordinariado Militar do Brasil, Dom Osvino Both, ao comentar os casos de crimes cometidos por pedófilos. Na última semana, jornais de todo o mundo repercutiram a reportagem publicada pelo jornal norte-americano New York Times acusando o papa Bento XVI — na época ainda o cardeal Joseph Ratzinger — de não ter punido, em 1996, um padre americano acusado de ter molestado, repetidamente, 200 crianças surdas.
Joacy Pinheiro, coordenador do Disque Denúncia Nacional (Disque 100)(1), da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), evita categorizar os pedófilos por profissões. “Na maioria esmagadora dos casos, o crime é cometido por alguém muito próximo à criança”, diz. Segundo ele, em outros casos, a violência contra o menor pode acontecer em unidades de reclusão, como na escola, em uma instituição de recuperação de jovens ou na igreja. “Apesar de isso ter vindo à tona agora e ser muito divulgado na mídia, não é só na igreja que acontece, mas em vários ambientes onde a criança pode estar vulnerável à ação do abusador”, alerta Pinheiro. “O abuso sexual está caracterizado por um contexto em que o abusador exerce algum poder sobre a criança, seja por uma relação de confiança ou de poder econômico — é o mantenedor, cuidador, a pessoa de referência dessa criança”, completa.
Dom Osvino defende a instituição religiosa. “A Igreja (Católica) não aceita (abuso de menores) de ninguém e muito menos do sacerdote. É um crime hediondo e um pecado contra o sexto mandamento (não adulterar, não praticar atos impuros)”, ressalta, sem deixar de reconhecer o prejuízo que os casos de abuso causam. “Atualmente, a Igreja sofre um tempo de amargura, muita tristeza e doloroso sofrimento. Para dentro da Igreja, (o padre pedófilo) atraiçoou a confiança sagrada. Danificou as vítimas, sua família e pessoas relacionadas. Danificou a imagem pública do sacerdote e da vida religiosa”, ressalta o arcebispo.
Para o religioso, o crime de abuso sexual de crianças não é um problema que acomete somente a padres, mas a toda sociedade. “Houve 210 mil denúncias de abusos a menores na Alemanha no ano passado. Dessas, 300 envolviam padres católicos — menos de 0,2% dos casos”, relata. No Brasil, existem 17 mil padres nas igrejas e, no último ano, houve registro de somente três denúncias de crimes cometidos por sacerdotes. O arcebispo confia na estatística, mas reconhece que muitas vítimas — de padres ou não — deixam de recorrer à Justiça.
O arcebispo afirma que “não é o bispo que vai acusar o padre na Justiça, porque quem deve fazer isso é a vítima”. Mas diz que o bispo tem a obrigação de prestar à Justiça todos os dados que possuir sobre o acusado. “Nós orientamos a vítima para que ela procure a Justiça.” Segundo Dom Osvino, o bispo local deve apurar “a verdade dos fatos”. “Feita a apuração, a Igreja aplica as penas previstas no Direito Canônico, que são a suspensão da ordem (o padre não pode exercer o ministério enquanto durar a investigação) e, em um processo interno, a Igreja pode reduzir o sacerdote ao estado laical”, conta.
Penas
Em 2009, 63,9% das denúncias recebidas pelo Disque 100 se referiam a abuso sexual de menores, 35% a exploração sexual e 1,09% a pornografia. As meninas são as mais afetadas, mas os meninos já representam 30% das vítimas de abuso. Pinheiro afirma que o aumento de registros de casos envolvendo meninos refletiu um avanço na sociedade e nas leis, que entenderam que “as vítimas de violência sexual podem ser do sexo masculino”.
No entanto, tanto Dom Osvino quanto Pinheiro ressaltam que a sociedade precisa melhorar não só a punição dos abusos, como também sua prevenção, por meio da educação sexual dirigida às crianças. “Esse mal é mais amplo e profundo e requer uma revisão das posturas culturais, para dentro e para fora da Igreja”, diz o arcebispo. “Precisamos garantir a prevenção, que a sociedade entenda que a criança tem direito a uma educação saudável, ao desenvolvimento de uma sexualidade adequada, e de uma família que a proteja”, destaca Joacy.
Contra a violência
O Disque 100 é um atendimento telefônico criado pela SEDH para receber denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes. Também aceita denúncias de outros tipos de violência e alertas de crianças desaparecidas. O serviço funciona das 8h às 22h, inclusive nos fins de semana e nos feriados. Basta digitar 100 no telefone. A chamada é gratuita e a denúncia, encaminhada aos órgão competentes em até 24 horas, pode ser anônima.
À espera de novos casos
As revelações recentes de casos de pedofilia relacionados à Igreja Católica deve provocar uma onda de denúncias nos próximos dias. A avaliação é do chefe do movimento antipedófilo La Carmella Buona, Roberto Mirabile. “A quantidade de vítimas vai aumentar de forma exponencial nas próximas semanas”, prevê o italiano.
A própria Igreja tem procurado abrir canais para novas denúncias. Em Bolzano, no norte da Itália, a cúria divulgou um endereço de e-mail para receber informações sobre o problema, depois que um jornal local de idioma alemão publicou a história de um homem que afirma ter sido violentado em um convento, nos anos 1970, quando era adolescente. “A Igreja italiana está preocupada e começa a atuar frente ao que pode virar um verdadeiro escândalo”, afirma Mirabile.
A mídia de toda a Europa repercute o caso, citado como “o momento mais difícil do pontificado de Bento XVI” pelo jornal italiano Corriere della Sera. “Como padres (pedófilos) puderam continuar exercendo o sacerdócio e celebrando a comunhão?”, questionava a edição de ontem do jornal britânico Independent. Já a revista alemã Stern publicou uma pesquisa apontando que 17% dos alemães dizem confiar na Igreja e 24%, no papa. Há dois meses, esses índices eram de 29% e 38%, respectivamente.
Viviane Vaz
Correio Braziliense
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Nos tempos atuais ao seguimos um blog ou sermos seguidos, formamos uma verdadeira teia, capaz de ter um alcance quantitativo e qualitativo para matérias formativas e informativas, que mídia alguma consegue ter. Já imaginou se os pré-socráticos e pós socráticos tivessem tal meio divulgador na sua época? A história seria outra! POR ISSO PARABÉNS PELO BLOG.
ResponderExcluirAproveito para CONVIDAR VOCÊ, seus seguidores e quem você segue, para lerem matéria sobre o espetáculo SAGRADO E PROFANO, que ocorrerá na cidade de Senador Pompeu, interior do Ceará, no pequeno Distrito de Engenheiro José Lopes. Experiência artística que mobiliza toda a população, que além de encenar a Paixão de Cristo ainda tem os caretas, que há cerca de 70 anos, saem pelas ruas. Experiência artística, social, política, folclórica, econômica..... que merece ser relatada, imitada e, sendo possível, vista e visitada ao vivo. Boa leitura em:
www.valdecyalves.blogspot.com