segunda-feira, 15 de março de 2010

Revelados os detalhes do julgamento do caso Isabella Nardoni



Transcrição do vídeo

A promotoria diz ter uma novidade: vai levar à sala do júri uma maquete do Edifício e do apartamento da família.
No julgamento, que está marcado para daqui a oito dias, quem vai defender o pai e a madrasta da menina - que morreu aos 5 anos de idade - é o advogado Roberto Podval. Aos 42 anos e com 12 de carreira, ele participou de 15 e perdeu 2.
“Eu estou recluso já há praticamente três semanas me preparando para o júri”, disse o advogado de defesa, Roberto Podval.
A acusação cabe ao promotor Francisco Cembranelli. Ele tem 49 anos e 22 de carreira. Ele diz que já atuou em 1077 julgamentos e ganhou mais de mil. “Nesse momento, é mais uma preparação psicológica, física, para enfrentar uma sessão que parece que vai ser longa”, disse o promotor de Justiça Francisco Cembranelli.
A promotoria diz ter uma novidade: vai levar à sala do júri uma maquete - uma miniatura - do Edifício London e do apartamento da família, de onde - segundo a acusação - Isabellla foi jogada, depois de sofrer agressões.
“Muito difícil o jurado, em qualquer júri, entender olhando uma simples fotografia”, disse Francisco Cembranelli.
Já a defesa vai manter a tese de que o pai e a madrasta de Isabella são inocentes. Desde a morte da menina, há quase dois anos, o casal nega todas as acusações. No julgamento o advogado vai levantar outras possibilidades, como acidente domestico. Nesta versão, a menina teria cortado a rede da janela e caído do sexto andar.
No Tribunal onde o casal Nardoni irá a julgamento, há seis mil pessoas inscritas para participar de júris populares. Normalmente, os juízes sorteiam 25 possíveis jurados.
No caso Nardoni, foram sorteadas 40 pessoas: são 23 mulheres e 17 homens - uma medida de prevenção, diz o promotor, para que imprevistos não impeçam a realização do julgamento.
“Claro que pode acontecer de alguém faltar, não estar, porque quando há o sorteio nós não sabemos se o jurado está com algum problema de saúde”, explicou o promotor de justiça
No dia do julgamento, essas 40 pessoas devem ir ao fórum e participar de um novo sorteio. Conforme o nome é anunciado, promotor e advogado têm direito de não aceitar. Cada um pode fazer isso, no máximo, três vezes - até que o júri esteja completo, com as sete pessoas.
Ao longo desta semana, o Fantástico conversou com dez renomados criminalistas brasileiros. Entre eles, advogados e desembargadores.
O Fantástico fez a seguinte pergunta aos criminalistas: “Qual é a melhor estratégia que a defesa e a acusação do casal Nardoni devem adotar no julgamento?". Entre as respostas, está a importância da escolha dos sete jurados. Os criminalistas consideram que a defesa deve preferir homens solteiros e sem filhos.
Já para a acusação, seria melhor ter mais mulheres entre os jurados, especialmente as que são mães. Em tese, elas se comovem mais em casos assim.
Até o fim do julgamento, os jurados não podem voltar para casa, nem comentar o caso. Ficam isolados dentro do fórum.
O julgamento do casal Nardoni pode durar até quatro dias. Um dos pontos mais importantes será o depoimento das 23 testemunhas. São policiais, médicos legistas e peritos que trabalharam no caso. Dois depoimentos devem atrair ainda mais a atenção dos sete jurados: o da delegada Renata Pontes, que comandou a investigação; e de Ana Carolina Oliveira, a mãe de Isabella Nardoni.
“A Ana conhece o histórico de vida de todas essas pessoas. Ela espera, como eu espero, que a Justiça seja feita com a condenação dos acusados e também tem um papel importante neste processo”, acrescentou o promotor.
Segundo criminalistas consultados pelo Fantástico, depoimentos com muita emoção, beneficiam a promotoria. Já para a defesa, o importante seria convencer os jurados de que a participação do casal Nardoni no crime é uma possibilidade não comprovada.
No julgamento, Alexandre e Anna Carolina Jatobá vão ter a chance de falar e se defender, mais uma vez.
“Eu espero que as pessoas estejam abertas para ouvir a defesa. Não tenho duvida sobre a inocência do casal”, disse o advogado de defesa.
“O fato de não terem confessado é irrelevante. A maioria dos nossos crimes, não contamos com a confissão, muito menos com testemunhas presenciais”, disse o promotor.
Até agora, foram negados os dez recursos para que o pai e a madrasta de Isabella respondam ao processo em liberdade.
“Como é que vive o casal hoje na cadeia? Vive com a angústia de quem se prepara para um julgamento. Mas em uma expectativa de que embora difícil, será possível reverter o caso e absolver o casal”, disse o advogado de defesa.
Na hora de decidir o futuro do casal Nardoni, os sete jurados vão se reunir na chamada sala secreta. Se forem condenados, Alexandre e Anna Carolina Jatobaná voltam direto para a cadeia.
Nesse caso, o juiz Maurício Fossem é quem vai determinar o tempo de prisão. No mínimo, serão 12 anos. Uma coincidência: foi esse juiz quem decidiu, em 2004, o valor da pensão alimentícia de Isabella Nardoni.
Caso sejam considerados inocentes, o pai e a madrasta da menina vão ser soltos e podem voltar imediatamente para a casa da família e reencontrar os dois filhos.
O que realmente aconteceu no apartamento?
O Brasil inteiro espera o resultado do julgamento para saber a verdade sobre a morte de Isabella.

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