domingo, 14 de março de 2010

Uma viagem ao mundo proibido do Imperador do Mengão


Bolha no pé do jogador foi feita na moto que comprou para andar na favela Foto: André Mourão / Agência O DIA
O Dia mostra os bastidores da rotina de festas e polêmicas de Adriano, da Barra à Vila Cruzeiro

Rio - O Imperador estava com todo o povo rubro-negro a seus pés na noite de 6 de dezembro de 2009. A artilharia e o título brasileiro colocaram seu nome, definitivamente, na galeria de heróis do Flamengo. Adriano Leite Ribeiro, menino pobre da Vila Cruzeiro, enfim, encontrara a felicidade que tanto buscava quando decidiu abandonar, meses antes, o luxo de Milão. Ele parecia estar numa nova fase, bem diferente daquela imagem triste do homem que lutava contra o vício do álcool e ameaçava abandonar o futebol aos 27 anos. Mas, na verdade, pouca coisa havia mudado.
O namoro com a discreta gaúcha Cássia Menega não resistiu às tentações das férias. Naquela mesmo dia, Adriano preparou uma festa para ela. Mas depois de alguns copos abandonou a moça em sua casa na Barra da Tijuca. Lá estava ele, mais uma vez, enfurnado no Complexo da Penha, rodeados de amigos de infância, boa parte deles armados até os dentes.
Foram três dias ali. Ignorou a festa da CBF no dia seguinte, que o consagrou como melhor jogador do País. Adriano tem fascínio pelo mundo proibido. Mas os próprios moradores relatam que, dentro da terra onde nasceu, ele também é uma estrela difícil de chegar perto.
A imagem de que Adriano na favela está como gosta, descalço, sem camisa, andando de moto pra cima e pra baixo, é verdadeira. Mas ele não vive só de soltar pipa e jogar bola com a criançada, como muita gente talvez possa imaginar.
Na maior parte do tempo, quando não está na casa que comprou na favela ou no cafofo da Vanessa, uma amiga de lá, o craque está rodeado de gente armada. ‘O DIA’ teve acesso a um vídeo feito pela polícia, com imagem ruim, em que Adriano é visto no seu habitat, conversando com um traficante, identificado pelo apelido de Rala Rala. Ninguém está armado na cena, ao contrário dos boatos que dão conta de que o jogador gosta de desfilar de fuzil pelas comunidades. “São apenas histórias. Não há uma só imagem que prove isso”, diz um policial que chegou a investigar o craque em 2006.
Ele não nega essa relação com os amigos de infância. E costuma dizer que, infelizmente, muitos seguiram o caminho errado. O fato é que, não só na Vila Cruzeiro, os encontros acontecem também na Barra. Não são raras as vezes que dezenas de amigos da Penha estão em churrascos por lá. Vizinhos contam que formam-se filas de táxis na porta.
Para andar à vontade na favela, Adriano comprou duas motos recentemente. Gastou mais de R$ 70 mil. Numa delas se queimou e criou o polêmico episódio da bolha no pé às vésperas da decisão do Brasileiro.
LESLIE LEITÃO


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