terça-feira, 16 de março de 2010

Sair no meio da noite vira rotina para moradores de cidade atingida por abalos


População de Alagoinha (PE) teme que novos tremores derrubem imóveis.
Eles deixam casas e procuram locais abertos, como ruas e praças.

Sair de casa às pressas no meio da noite virou quase uma rotina para os moradores de Alagoinha, em Pernambuco. A cidade foi atingida por mais de 40 tremores desde o início de março, conforme técnicos do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O mais forte teve magnitude 3,2 na escala Richter.
Os tremores de intensidade forte e que são perceptíveis pelas pessoas não acontecem diariamente, segundo os técnicos, mas os moradores estão assustados e contam que, mesmo quando o tremor não ocorre, sair de casa à noite virou um hábito. Todos temem tremores violentos, que consigam derrubar os imóveis rachados, e buscam proteção nas ruas e praças.
“Quando chega o fim da tarde, já pressentimos que pode acontecer alguma coisa. Ficamos preparados para correr. Não escutei mais nenhum estrondo, mas estou sempre pronta para sair”, diz a dona de casa Roberta Torres da Silva, de 24 anos.
A jovem conta que ao menor sinal de tremor, mesmo quando sabe que pode ser só uma impressão, pega as três filhas e sai com o marido. “Ficamos um tempo no quintal ou na praça. Quem consegue dormir com medo?”, afirma Roberta.
A ação é repetida pela vizinha, Maria do Socorro, de 24 anos. “Eu sei que vai acontecer, então fico esperando todo dia. Por mim, não tenho medo, mas fico preocupada com meus filhos” diz.
A dona de casa Fernanda Ferreira de Melo, de 23 anos, não gosta de sair de casa à noite, mas admite que corre pelo menos até a porta quando escuta algo suspeito. “Nunca tivemos nada parecido na cidade e, de repente, começamos a ter tremores quase todo dia. Isso deixa a gente assustada e tensa à noite, mas vou tentar me acostumar. No fundo, não acho que nenhuma casa vai cair por causa disso.”
Segundo os moradores, representantes da prefeitura e do governo do estado estiveram na cidade e garantiram que os tremores não oferecem riscos. A explicação trouxe alívio para o motorista de ônibus José Assis de Macena, de 62 anos.
“Hoje, eu não estou mais saindo de casa quando acontece um tremor fraquinho. Mas dá um pouco de medo quando acontece à noite, no silêncio. De dia, eu já não me importo muito. A gente já sabe que vai ter que se acostumar, porque de agora em diante pode acontecer sempre”, afirma.


G1

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