terça-feira, 29 de setembro de 2009

Honduras: sacerdote 'rebelde diz acreditar que Zelaya morrerá na Embaixada brasileira


TEGUCIGALPA - O sacerdote hondurenho Fausto Milla, referência para os movimentos sociais e organizações populares, disse acreditar que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, vai morrer devido à tensão política do país.
"A prepotência do governo golpista é muito grande, e por isto a gente pensa que vão entrar na Embaixada do Brasil. Eu acho que Manuel Zelaya vai morrer e que vão dizer que ele resistiu", afirmou o religioso em entrevista ao jornal "Página 12".
Zelaya, deposto no último dia 28 de junho, retornou ao seu país no passado dia 21. Desde então, ele está instalado na sede diplomática brasileira na capital hondurenha, que está cercada por militares e forças policiais.
Milla, de 82 anos, mantém uma postura totalmente contrária à adotada pela cúpula católica de Honduras, liderada por Oscar Andrés Rodríguez. O sacerdote defende que desde o início o organismo apoiou o golpe de Estado que tirou Zelaya do poder e colocou em seu lugar o presidente Roberto Micheletti.
"Eu creio que Mel (apelido de Zelaya) vai morrer dizendo que não quer um só morto em Honduras, que tudo deve ser pacífico, que a razão tem que triunfar", destacou Milla, ao comentar que já encontrou pelas ruas muitas pessoas feridas e que as ameaças são cada vez mais fortes. "Nos cuidamos, tentamos não sair sozinhos na rua. Tomamos nossas medidas de segurança", declarou.
Nesta terça-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, afirmou que está "preocupado" com a crise política em Honduras e declarou que ameaças contra a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa são "inaceitáveis".
Na noite de segunda-feira, diante da pressão interna e externa e da possibilidade de que o decreto que instala o estado de sítio fosse derrubado pelo Congresso, Micheletti recuou e admitiu a possibilidade de revogar a medida de exceção .
Horas antes, o governo interino determinou a invasão da rádio Globo e da emissora de TV Canal 36 , acusadas de serem partidárias de Zelaya.
"Estamos inteiramente desinformados, porque os únicos meios que chegavam ao povo foram fechados e destruídos. Os militares estouraram as portas e levaram os equipamentos. De acordo com o que eu acabei de ficar sabendo, os jornalistas estão livres, conseguiram escapar a tempo", disse Milla.


Globo

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