sábado, 3 de outubro de 2009

Orientação vocacional ajuda jovens a escolherem carreira profissional


RIO DE JANEIRO - A procura por orientação profissional tem crescido nos últimos anos, tanto entre alunos do ensino médio como pelos já formados, que optaram por uma mudança de rumo na vida. O que muitos dos candidatos não sabem é que a velha e conhecida orientação vocacional pode ser administrada de diversas formas, realizando uma avaliação de conhecimento pessoal e não se restringindo apenas aos testes de interesses e aptidão.
De acordo com a Central de Apoio ao Aluno, 40% dos estudantes do ensino superior desistem do curso durante a graduação porque se decepcionam ou descobrem outro interesse. Segundo a orientadora da central Renata Marques, a ajuda pode guiar a pessoa a achar seu foco.
– Na orientação profissional, você se disponibiliza a fazer um autoconhecimento, vendo quais são os seus talentos e o que precisa ser reavaliado. Quando não se busca essa ajuda, a pessoa fica apegada aos talentos mais evidentes e não enxerga aqueles que estão mais ocultos, ou não predominantes – afirma Renata, acrescentando que o trabalho pode redirecionar e realocar os que pararam no meio do caminho.

Indicação
O aluno do primeiro ano do ensino médio Paulo Guilherme Delorienci Pescano Costa, de 15 anos, procurou a orientação por sugestão do seu primo, que já havia feito os testes. Apesar de ainda estar a três anos do vestibular, Paulo estava perdido e queria adiantar o processo de escolha, tendo uma noção sobre cada área oferecida.
– O processo começou com um tipo de exercício de conhecimento pessoal, depois começamos a trabalhar o passado e, só no final, entramos no assunto “profissão” – conta Paulo, que começa a deixar de lado a vontade de estudar música para se dedicar às ciências exatas.

Adeus aos testes
Para a terapeuta Ingrid Canedo, no entanto, a orientação vocacional tem mudado bastante nos últimos anos e, em sua opinião, a técnica de testes está ultrapassada.
– A orientação é preventiva e faz um trabalho para a pessoa tentar se projetar no futuro, não só na profissão, mas em todo o projeto de vida – diz a terapeuta, que trabalha na área há mais de 20 anos e usa o método de vivências, com aulas teóricas, discussão de textos e trocas de experiências.
Segundo Ingrid, o processo tem sido procurado muito por pessoas que já terminaram a graduação e estão precisando de uma orientação para a próxima etapa.
– A orientação pode estar em todas as etapas. Há pessoas mais velhas, que já têm uma identidade profissional, mas vêm buscar uma reorientação. Às vezes, porque mudaram a cabeça ou o rumo da vida e aquela profissão em que estão já não combina mais com o novo estilo – relata Ingrid.

Quem fez aprova
A aluna do primeiro semestre de desenho industrial Diana Pontes, de 17 anos, fez a orientação profissional por sugestão da própria escola, que detectou sua desmotivação.
– A orientadora me esclareceu muita coisa, não só da profissão, mas até da faculdade – diz Diana, que está cursando moda na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC). – Eu queria fazer tudo e só levei a questão da moda nas últimas sessões, quando começamos a pesquisar sobre o assunto.
Já o sociólogo Roberto Elias, de 28 anos, diz que a ajuda vocacional feita há dez anos foi essencial para o seu desempenho durante toda a graduação, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
– O método é interessante, te leva a descobrir o que você realmente quer – ressalta o sociólogo, que avalia que os jovens precisam decidir muito cedo sobre o que irão fazer por mais de 30 anos.
Muitas unidades de ensino disponibilizam orientação vocacional para os candidatos estão indecisos. Aqueles que, por sua vez, não tiverem acesso ao guia em suas instituições, podem procurar o aconselhamento em institutos especializados, como a Central de Apoio ao Aluno, ou com profissionais especializados, como a terapeuta Ingrid Canedo.

Nara Boechat


Jornal do Brasil

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