Agarrados a vertiginosas paredes de rocha, os homens da etnia rai arriscam a vida para colher o mel da abelha gigante dos Himalaias, um mítico elixir da juventude.
Os espíritos indicaram que hoje, sim, se pode fazer a colheita. Bolo Kesher não tem dúvidas porque, no seu sonho, viu-se a si próprio a atravessar um rio com a ajuda de uma vara de bambu, precisamente a ferramenta que utiliza na missão como perengge. É com esta palavra, que significa "cesto", que o povo rai designa o homem escolhido para colher o mel que a abelha gigante dos Himalaias deposita em inacessíveis colmeias.
Os rai vivem no Nepal, perto do Evereste, e descendem dos kirate, que chegaram a estes vales vindos da Mongólia entre os séculos VII e VIII a.C. São os chamados "homens-tigre", descritos em lendas da índia como primitivos guerreiros que habitam a selva e colhem mel dotado de poderes sobrenaturais, que lhes garante a eterna juventude. O milagroso néctar é produzido pela Apis dorsata laboriosa (uma abelha selvagem que pode alcançar mais de dois centímetros) em favos que suspende entre as rochas de escarpas elevadas.
A honra de falar com os espíritos
Chegar ali é uma tarefa arriscada para a qual Bolo Kesher estava destinado desde que nasceu, pelo que passou por anos de aprendizagem, primeiro com o avô e depois com o pai. Várias gerações de homens da sua família ostentaram essa honra, assim como a de aprender a falar com os espíritos guardiões.
No dia marcado para a colheita, Kesher parece irradiar valentia e serenidade enquanto caminha sobre o musgo por entre centenas de fetos, acompanhado por uma dezena de ajudantes. A floresta de rododendros e bambus estende-se sob uma parede rochosa que se ergue cerca de 100 metros na vertical, da qual se vêem penduradas oito colmeias, parecidas com discos dourados devido à forma circular, a cerca de 35 metros de altura.
No sopé, fazem uma fogueira cujo fumo irá colocar as abelhas em estado de alerta, levando-as a atacar incessantemente o perengge, que desce por uma escada de bambu segura por vários homens no topo da escarpa, sem qualquer visibilidade. Bolo defende-se cantando uma canção em honra do macaco vermelho, o espírito da falésia, e bebendo gotas de chang, feita com urina fermentada.
Os espíritos indicaram que hoje, sim, se pode fazer a colheita. Bolo Kesher não tem dúvidas porque, no seu sonho, viu-se a si próprio a atravessar um rio com a ajuda de uma vara de bambu, precisamente a ferramenta que utiliza na missão como perengge. É com esta palavra, que significa "cesto", que o povo rai designa o homem escolhido para colher o mel que a abelha gigante dos Himalaias deposita em inacessíveis colmeias.
Os rai vivem no Nepal, perto do Evereste, e descendem dos kirate, que chegaram a estes vales vindos da Mongólia entre os séculos VII e VIII a.C. São os chamados "homens-tigre", descritos em lendas da índia como primitivos guerreiros que habitam a selva e colhem mel dotado de poderes sobrenaturais, que lhes garante a eterna juventude. O milagroso néctar é produzido pela Apis dorsata laboriosa (uma abelha selvagem que pode alcançar mais de dois centímetros) em favos que suspende entre as rochas de escarpas elevadas.
A honra de falar com os espíritos
Chegar ali é uma tarefa arriscada para a qual Bolo Kesher estava destinado desde que nasceu, pelo que passou por anos de aprendizagem, primeiro com o avô e depois com o pai. Várias gerações de homens da sua família ostentaram essa honra, assim como a de aprender a falar com os espíritos guardiões.
No dia marcado para a colheita, Kesher parece irradiar valentia e serenidade enquanto caminha sobre o musgo por entre centenas de fetos, acompanhado por uma dezena de ajudantes. A floresta de rododendros e bambus estende-se sob uma parede rochosa que se ergue cerca de 100 metros na vertical, da qual se vêem penduradas oito colmeias, parecidas com discos dourados devido à forma circular, a cerca de 35 metros de altura.
No sopé, fazem uma fogueira cujo fumo irá colocar as abelhas em estado de alerta, levando-as a atacar incessantemente o perengge, que desce por uma escada de bambu segura por vários homens no topo da escarpa, sem qualquer visibilidade. Bolo defende-se cantando uma canção em honra do macaco vermelho, o espírito da falésia, e bebendo gotas de chang, feita com urina fermentada.
O saque é repartido entre todos
Perigosamente suspenso nas alturas durante quatro horas, corta com a ponta afiada da vara de bambu pedaços do favo, que deposita num cesto pendurado por cordas. Este é constantemente esvaziado pelos ajudantes, também eles crivados das picadas das abelhas.
A colheita ascende a mais de cem quilos. Os pedaços de favo são para os ajudantes, que vão cozinhar e comer as larvas, uma rica fonte de proteínas. Bolo Kesher ficará com meio litro de mel e o restante será distribuído pelas 400 famílias da povoação por uma comissão. Em anos de abundância, esta vende o excedente para obter ajuda para as famílias mais necessitadas.
O mel de rododendro é tóxico, mas possui um elevado poder terapêutico. Na Coreia do Sul, acreditam que se trata de um elixir que prolonga a vida. Os rai usam-no para curar feridas ou aliviar dores musculares e problemas de intestinos. É muito apreciado, pois o médico mais próximo fica a dois dias de caminho.
Super Interessante, Junho de 2009
Correio do Patriota
Perigosamente suspenso nas alturas durante quatro horas, corta com a ponta afiada da vara de bambu pedaços do favo, que deposita num cesto pendurado por cordas. Este é constantemente esvaziado pelos ajudantes, também eles crivados das picadas das abelhas.
A colheita ascende a mais de cem quilos. Os pedaços de favo são para os ajudantes, que vão cozinhar e comer as larvas, uma rica fonte de proteínas. Bolo Kesher ficará com meio litro de mel e o restante será distribuído pelas 400 famílias da povoação por uma comissão. Em anos de abundância, esta vende o excedente para obter ajuda para as famílias mais necessitadas.
O mel de rododendro é tóxico, mas possui um elevado poder terapêutico. Na Coreia do Sul, acreditam que se trata de um elixir que prolonga a vida. Os rai usam-no para curar feridas ou aliviar dores musculares e problemas de intestinos. É muito apreciado, pois o médico mais próximo fica a dois dias de caminho.
Super Interessante, Junho de 2009
Correio do Patriota
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