segunda-feira, 28 de setembro de 2009

DF: Aumenta busca por adoções


Programa convida a sociedade a refletir sobre menores abandonados

A parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda do Distrito Federal (Sedest) e a Promotoria de Justiça da Infância e Juventude no programa Família Acolhedora promete gerar bons frutos. Em apenas três dias úteis após o lançamento da ideia, o sistema do órgão social do governo do Distrito Federal contabilizou cerca de 100 ligações de pessoas interessadas em informações a respeito da iniciativa. As famílias ainda não fecharam acordo, mas a expectativa é de esclarecimento da sociedade e, consequentemente, aumento nas adoções. Para a secretária da Sedest, Eliana Pedrosa, mesmo diante da procura, o tempo foi muito curto para começarem as primeiras inscrições. Além disso, a Sedest ainda pretende lançar nas próximas semanas uma campanha sobre o assunto a fim de informar a maior quantidade de pessoas possível.
Segundo a promotora de Justiça da Infância e Juventude, Fabiana Assis, a aposta do órgão é que o programa chame a atenção da população do DF para o assunto tão pouco discutido. “O Família Acolhedora convida a sociedade a refletir sobre a responsabilidade que tem sobe os menores abandonados. A repensar a cultura e entender que qualquer um é capaz de acolher e amar uma criança, mesmo que não seja da família”, comentou. “Não é uma criança que precisa de uma família, mas a família que precisa de uma criança.”
“A experiência pode ser um passo para superar um sistema que não atende à demanda”, disse Fabiana Assis. “O Ministério Público entende que o modelo tradicional é deficiente e traz graves consequências psicológicas aos menores.” Embora não seja o objetivo do programa, a quebra de paradigmas e do preconceito pode aumentar também as adoções.
Um caso provável de adoção provisória é o do menor Édson (nome fictício), de 12 anos. Ao perder os pais, a guarda do garoto foi repassada à irmã mais velha, mas a dona de casa não conseguiu sustentar toda a família. Assim como Édson, outros três irmãos foram encaminhados a um abrigo há quatro meses. A única menina fugiu.
Ao contrário de Édson, o abrigado Matheus (nome fictício) teme voltar a viver com os parentes. Há apenas duas semanas de sua chegada à casa de apoio, o adolescente de 13 anos ainda lembra das barbaridades que viu e sofreu enquanto morava na rodoviária do Plano Piloto. “Gostaria de ser adotado. Seria legal ter uma família que não fosse a minha. Não me lembro de nada bom deles”, disse.
De acordo com a Sedest, aproximadamente 400 crianças e adolescentes estão afastados do convívio familiar no DF. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Avançada (Ipea), em 85% dos casos o motivo é falta de condições financeiras. Além disso, muitas vão para as casas de apoio por determinação da Justiça, seja por maus tratos ou pela presença de usuários de drogas entre os familiares. Elas estão divididas em três abrigos sociais à espera de adoção ou reintegração junto aos parentes.

O programa
O programa Família Acolhedora foi lançado no dia 11 de setembro pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest), com o apoio da Promotoria de Justiça da Infância e Juventude. O objetivo é recrutar voluntários a receber em casa, por no máximo seis meses, um dos abrigados do governo do Distrito Federal com o objetivo de prepará-los para conviver com uma família ou voltar à convivência dos parentes consanguíneos.
Para auxiliar nas despesas, a Sedest disponibilizará R$ 415 mensais a serem gastos com alimentação, estudos e demais necessidades do menor. “O objetivo é humanizar e tornar a convivência do ambiente o mais próximo possível do lar”, explicou a secretária Eliana Pedrosa. Os acolhedores não podem ter intenção de adotar. Caso se interessem, não terão prioridade no processo e deverão se encaminhar à fila de doações.
A secretária da Sedest, Eliana Pedrosa, lembra que os laços poderão ser mantidos com visitas acordadas. “Pode-se estabelecer um vínculo de amizade ou mesmo de tio e sobrinho”, exemplificou. “É melhor que a pessoa sofra por uma perda que por nunca ter sentido um carinho.”
Os interessados poderão procurar o Abrigo Reencontro, na QNF 24, Área Especial 7, ou ligar para o 0800-6471-407.


Tribuna do Brasil


Matéria relacionada:
http://brasilcontraapedofilia.wordpress.com/2009/09/16/df-criancas-e-adolescentes-que-vivem-em-abrigos-vao-poder-ser-acolhidas/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Verbratec© Desktop.