Para quem passa e trabalha nos terminais, o principal incômodo são os usuários de drogas, que ameaçam agredir
Os terminais de ônibus de Fortaleza estão sendo utilizados para práticas diferentes da passagem de usuários do sistema integrado de transporte. Grande parte dos terminais sofre com problemas sociais e reflete as contradições da sociedade: servem de abrigo para moradores de ruas, ocupação para famílias de pedintes e território para adolescentes e jovens em ações como uso de drogas, importunando os usuários, funcionários e também os lojistas.
No Terminal do Siqueira, cerca de duas pessoas são conhecidas por “morar” no local. Um deles é um adulto jovem que não tem casa e dorme diariamente no chão próximo à porta do banheiro masculino. Ontem, por volta das 10h, o morador ainda encontrava-se no local, enrolado num lençol e deitado sobre uma bolsa. A outra moradora é uma jovem cujos três filhos já foram privados da sua convivência numa intervenção do Conselho Tutelar por ela viver na rua e ser usuária de crack. Ao tomar conhecimento da presença da reportagem, a jovem saiu do terminal.
Conforme o porteiro do Terminal do Siqueira, Antônio Marcos, diariamente, os dois estão no local, mas somente a mulher causa problemas. “Ela incomoda não só os usuários como também a gente que está trabalhando. Usa palavrões, ameaça, furta objetos das lojas, é um problema. Já o rapaz, só vem para dormir”, disse.
No local, é também comum ficar famílias de pedintes. O grupo sempre é comandado por um adulto com várias crianças que são filhos, irmãos, parentes ou vizinhos. É o caso da jovem de nome Joyce, de 23 anos, que estava ontem acompanhada de um filho com menos de um ano e outra criança de seis anos, uma irmã, além de duas vizinhas. Ela mora às margens do Rio Siqueira e quase todo dia está no terminal pedindo esmolas. “As pessoas aqui não me dão muita coisa. Mas eu prefiro ficar aqui do que em casa, que só tem violência e confusão. Aqui, pelo menos a gente come”, disse.
A vendedora de um quiosque do Terminal do Siqueira, Isabel dos Santos, conta que tanto as crianças como o restante dos pedintes mechem nas coisas e, muitas vezes, até furtam objetos. No entanto, destaca que os guardas municipais vivem retirando-os do local, quando há problemas, mas eles pagam a passagem e entram novamente.
A situação no Terminal da Parangaba não é diferente. Logo na entrada, ao lado da catraca, estavam ontem pela manhã dois jovens sentados, sendo que um deles estava cheirando solvente numa garrafa de água mineral e abordando os usuários pedindo dinheiro. Apesar da observação permanente da Guarda Municipal, os jovens incomodam não só os usuários como também as pessoas que lá trabalham. “Quantas vezes são retirados do local pelos guardas, eles voltam. Ontem mesmo um deles me ameaçou com uma faca na mão porque reclamei que estavam aperreando os clientes que estão merendando”, disse o garçom Valdeci Batista.
A comerciante Angela Maria Albuquerque Vasconcelos conta que o pior horário é bem cedo, por volta de 6h30, quando acordam depois de passar a noite consumindo drogas.
“Eles tomam até a comida de quem está merendando. Se a pessoa não dá, eles ameaçam de assalto, dizem que vão furar, agredir”, conta ela. Além dos adolescentes usuários de drogas, no Terminal da Parangaba, também existem outros moradores. É o caso de um portador de transtorno mental, abandonado pela família, que vive debaixo da escada, e de uma senhora que dorme no local junto com uma trouxa de roupas. D Mais informações
Mais informações
Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza S/A (Etufor)
0800.285.0880
www.etufor.ce.gov.br
PEDINTES
Prefeitura diz que não pode expulsar
Os terminais de ônibus de Fortaleza estão sendo utilizados para práticas diferentes da passagem de usuários do sistema integrado de transporte. Grande parte dos terminais sofre com problemas sociais e reflete as contradições da sociedade: servem de abrigo para moradores de ruas, ocupação para famílias de pedintes e território para adolescentes e jovens em ações como uso de drogas, importunando os usuários, funcionários e também os lojistas.
No Terminal do Siqueira, cerca de duas pessoas são conhecidas por “morar” no local. Um deles é um adulto jovem que não tem casa e dorme diariamente no chão próximo à porta do banheiro masculino. Ontem, por volta das 10h, o morador ainda encontrava-se no local, enrolado num lençol e deitado sobre uma bolsa. A outra moradora é uma jovem cujos três filhos já foram privados da sua convivência numa intervenção do Conselho Tutelar por ela viver na rua e ser usuária de crack. Ao tomar conhecimento da presença da reportagem, a jovem saiu do terminal.
Conforme o porteiro do Terminal do Siqueira, Antônio Marcos, diariamente, os dois estão no local, mas somente a mulher causa problemas. “Ela incomoda não só os usuários como também a gente que está trabalhando. Usa palavrões, ameaça, furta objetos das lojas, é um problema. Já o rapaz, só vem para dormir”, disse.
No local, é também comum ficar famílias de pedintes. O grupo sempre é comandado por um adulto com várias crianças que são filhos, irmãos, parentes ou vizinhos. É o caso da jovem de nome Joyce, de 23 anos, que estava ontem acompanhada de um filho com menos de um ano e outra criança de seis anos, uma irmã, além de duas vizinhas. Ela mora às margens do Rio Siqueira e quase todo dia está no terminal pedindo esmolas. “As pessoas aqui não me dão muita coisa. Mas eu prefiro ficar aqui do que em casa, que só tem violência e confusão. Aqui, pelo menos a gente come”, disse.
A vendedora de um quiosque do Terminal do Siqueira, Isabel dos Santos, conta que tanto as crianças como o restante dos pedintes mechem nas coisas e, muitas vezes, até furtam objetos. No entanto, destaca que os guardas municipais vivem retirando-os do local, quando há problemas, mas eles pagam a passagem e entram novamente.
A situação no Terminal da Parangaba não é diferente. Logo na entrada, ao lado da catraca, estavam ontem pela manhã dois jovens sentados, sendo que um deles estava cheirando solvente numa garrafa de água mineral e abordando os usuários pedindo dinheiro. Apesar da observação permanente da Guarda Municipal, os jovens incomodam não só os usuários como também as pessoas que lá trabalham. “Quantas vezes são retirados do local pelos guardas, eles voltam. Ontem mesmo um deles me ameaçou com uma faca na mão porque reclamei que estavam aperreando os clientes que estão merendando”, disse o garçom Valdeci Batista.
A comerciante Angela Maria Albuquerque Vasconcelos conta que o pior horário é bem cedo, por volta de 6h30, quando acordam depois de passar a noite consumindo drogas.
“Eles tomam até a comida de quem está merendando. Se a pessoa não dá, eles ameaçam de assalto, dizem que vão furar, agredir”, conta ela. Além dos adolescentes usuários de drogas, no Terminal da Parangaba, também existem outros moradores. É o caso de um portador de transtorno mental, abandonado pela família, que vive debaixo da escada, e de uma senhora que dorme no local junto com uma trouxa de roupas. D Mais informações
Mais informações
Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza S/A (Etufor)
0800.285.0880
www.etufor.ce.gov.br
PEDINTES
Prefeitura diz que não pode expulsar
Coibir a presença desses “moradores” nos terminais de ônibus de Fortaleza é algo difícil de ser executado. Isso porque não há como proibir a entrada de pessoas nos terminais, desde que a passagem seja paga.
O presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), Ademar Gondim, explica que qualquer pessoa pode ter acesso ao local e que isso acontece mediante o pagamento da passagem nos ônibus ou nos próprios terminais.
Conforme ele, a situação é de conhecimento da Etufor e informa que casos até mais graves, como de agressões e até troca de tiros, principalmente no retornos das partidas de futebol, já aconteceram no local. “Às vezes, é preciso ampliar a quantidade de guardas municipais e até de policiais militares para conter a situação”, disse, destacando que o órgão está atento.
No entanto, ele informa que a Etufor não pode expulsar essas pessoas dos terminais e que, quando existe perturbação da ordem do local, os guardas municipais agem de imediato. Ademar Gondim disse ainda que todos os terminais são monitorados por câmeras de circuito integrado e que outros órgãos municipais como a Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci), secretarias da Ação Social e de Cultura, além da própria Guarda Municipal, atuam no combate ao problema.
Já o comandante da Inspetoria dos Terminais da Guarda Municipal, Policarpo de Oliveira, disse que os agentes não podem expulsar as pessoas porque estão pedindo ou se abrigando no local. Ele explica que só podem atuar nos casos em que há perturbação da ordem; danos ao patrimônio público; ocorrências com pessoas maiores de 18 anos, quando encaminham para a Polícia Militar; e quando algum usuário entra no terminal sem pagar.
Para Policarpo Oliveira, trata-se mais de um problema social do que de segurança. Isso porque grande parte das pessoas que estão causando problemas nos terminais são vulneráveis socialmente. “Os educadores sociais da Funci estão toda semana nos terminais, mas eles voltam. O nosso papel não é expulsar as pessoas, mas garantir a ordem e o patrimônio. Só agimos quando existe algum fato”, finaliza.
Diário do Nordeste
O presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), Ademar Gondim, explica que qualquer pessoa pode ter acesso ao local e que isso acontece mediante o pagamento da passagem nos ônibus ou nos próprios terminais.
Conforme ele, a situação é de conhecimento da Etufor e informa que casos até mais graves, como de agressões e até troca de tiros, principalmente no retornos das partidas de futebol, já aconteceram no local. “Às vezes, é preciso ampliar a quantidade de guardas municipais e até de policiais militares para conter a situação”, disse, destacando que o órgão está atento.
No entanto, ele informa que a Etufor não pode expulsar essas pessoas dos terminais e que, quando existe perturbação da ordem do local, os guardas municipais agem de imediato. Ademar Gondim disse ainda que todos os terminais são monitorados por câmeras de circuito integrado e que outros órgãos municipais como a Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci), secretarias da Ação Social e de Cultura, além da própria Guarda Municipal, atuam no combate ao problema.
Já o comandante da Inspetoria dos Terminais da Guarda Municipal, Policarpo de Oliveira, disse que os agentes não podem expulsar as pessoas porque estão pedindo ou se abrigando no local. Ele explica que só podem atuar nos casos em que há perturbação da ordem; danos ao patrimônio público; ocorrências com pessoas maiores de 18 anos, quando encaminham para a Polícia Militar; e quando algum usuário entra no terminal sem pagar.
Para Policarpo Oliveira, trata-se mais de um problema social do que de segurança. Isso porque grande parte das pessoas que estão causando problemas nos terminais são vulneráveis socialmente. “Os educadores sociais da Funci estão toda semana nos terminais, mas eles voltam. O nosso papel não é expulsar as pessoas, mas garantir a ordem e o patrimônio. Só agimos quando existe algum fato”, finaliza.
Diário do Nordeste
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