sexta-feira, 9 de outubro de 2009

IBGE divulga retrato de um novo Brasil


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje números que preocupam por ameaçar o futuro do Brasil. Suas crianças e adolescentes estão vivendo sem as condições adequadas para se desenvolverem e se tornarem os cidadãos que o país precisam que sejam. De acordo com a pesquisa Síntese dos Indicadores Sociais (SIS 2009), que traz os dados da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) e compara os resultados entre os anos de 1998 e 2008, metade das famílias brasileiras ainda vive com menos de R$ 415, e mais da metade das mulheres sem cônjuge e com todos os filhos menores de 16 anos ganham menos de R$ 249, que é considerado o valor limite para pobreza relativa.
De um modo geral, a situação do país melhorou, já que o número de famílias com rendimento familiar per capita de até meio salário mínimo caiu de 32,4% para 22,6%, nos últimos dez anos. Mas 44,7% das crianças e adolescentes ainda vivem em situação de pobreza (com renda per capta de meio salário mínimo) e 18,5% em extrema pobreza (com rendimento de até um quarto de salário mínimo per capita).No Nordeste, a situação é ainda mais grave: a situação de pobreza atinge 66,7% da população.
Em 2008, o valor médio do rendimento familiar per capita no Brasil foi de R$ 720, mas a distribuição de renda - um dos grandes problemas históricos no país - está longe de estar regularizada. No Nordeste do Brasil, a renda é de R$ 250, contra R$ 500 do registrado na região Sudeste.
Se há uma boa notícia em relação à distribuição de renda é que o maior percentual de melhoria, entre os anos de 1998 e 2008, foi registrado entre a população que vive com até meio salário mínimo. Há dez anos, 32,4% do país viviam nestas condições. Em 2008, este índice caiu para 22,6%. A análise dos dados do IGBE relaciona esta melhoria às políticas públicas voltadas às populações mais pobres, como o programa Bolsa Família, por exemplo.

Educação - A pesquisa do IBGE faz a relação entre a renda familiar e a frequência à escola, que apresentam crescimentos diretamente proporcionais. Entre a população que vive com até meio salário mínimo per capita, apenas 18,5% das crianças com idade entre 0 e 3 anos frequentam a escola. Já quando a faixa salarial sobe para mais de três salários mínimos, o percentual sobe para 46,2%.
No grupo de 4 a 6 anos, a taxa é de 77,1% para as crianças pobres, e de 98% para os de família com renda mais alta. Dos 7 aos 14 anos de idade, o acesso à escola está praticamente universalizado (100%) em todos os níveis de rendimento. Já entre os adolescentes (de 15 a 17 anos), a frequência escolar é de 78,4%, nas famílias do primeiro quinto de rendimento (os 20% mais pobres), e de 93,7%, nas famílias do último quinto, as 20% mais ricas.
Quanto ao acesso ao ensino superior, os números são mais positivos. Na faixa entre 18 a 24 anos, entre 1998 e 2008, praticamente dobrou o número de jovens cursando a faculdade: de 6,9% para 13,9%. O percentual, no entanto, ainda é baixo, se comparado a países como França, Espanha e Reino Unido, onde o índice supera 50%. Na América Latina, o Chile - um dos países que mais investe na educação no continente - o percentual chega a 52%.

Mulheres - A Síntese dos Indicadores Sociais (SIS 2009) revela o que muita gente já percebeu, dentro de casa ou nos ambientes de trabalho: as mulheres estão assumindo cada vez mais espaço no orçamento familiar. Em dez anos, a participação delas no mercado de trabalho passou de 42,0% para 47,2%. De cada cem mulheres, 52 estavam ocupadas ou procurando trabalho. Entre as mais jovens (de 15 a 19 anos), o número é bem maior do que a taxa dos países latino-americanos, como Argentina (22,3%) e México (24,9%), e a dos europeus, como Alemanha (27,8%), Espanha (24,8%) e França (11,4%).
Provavelmente como reflexo da necessidade de uma renda para complementar as aposentadorias, as mulheres idosas brasileiras também trabalham mais: Cerca de 20% delas trabalham no Brasil, contra menos de 10% do que é registrado na Europa. As mulheres que entram no mercado de trabalho no Brasil são mais bem formadas que os homens. Em 2008, na área urbana, as mulheres ocupadas tinham uma média de 9,2 anos de estudos, contra 8,2 dos homens. Os salários, no entanto, não espelham esta diferença: os homens continuam ganhando mais no Brasil. De acordo com o estudo, os salários deles são cerca de 22% mais altos.

Raça - Assim com as desigualdades de gênero, a pesquisa do IBGE revela também as questões raciais brasileiras. O número de negros e pardos declarados (no questionário do IBGE, o entrevistado é quem informa a que raça pertence) cresceu de 39,5% para 43,8%, entre 1998 e 2008.
Os brancos, no entanto, ainda têm mais acesso à educação do que os pretos e pardos, com uma média de quase dois anos a mais de estudos. Nos cursos superiores, a diferencia é ainda maior. Em 1998, um terço dos brancos com idades entre 18 e 24 anos frequentava o ensino superior, contra apenas 7,1% de pretos e pardos. Em 2008, o índice subiu para 60% entre os jovens brancos e para 28,7%, no outro grupo.
A diferença acompanha a questão racial também no mercado de trabalho e, consequentemente, na renda. Entre os 10% mais pobres da população, apenas 25,4% se declararam brancos, enquanto 73,7% eram pretos e pardos. Já entre o 1% mais rico, 82,7% eram pessoas brancas e apenas 15,0% eram de cor preta e parda.

Saúde - A melhor notícia entre os dados da SIS 2009 vem da redução do índice de mortalidade infantil. Nos dez anos analisados no estudo, a taxa caiu de 33,56‰ para 23,59%, o que significa uma redução de quase 30%.

População - Em 2008, havia 22,3 brasileiros por quilômetro quadrado. A Região Norte concentra 45,2% da área total do País, e apenas 8,1% da população. Já o Sudeste abriga 42% da população brasileira, a apresenta densidade de 86,3 habitantes por quilômetro quadrado.

Idosos - A imagem do Brasil como um país de jovens está com os dias contados. O estudo do IBGE aponta que o país tinha 21 milhões de idosos em 2008, superando países como França, Inglaterra ou Alemanha. A proporção de idosos (60 anos ou mais) cresceu de 8,8% para 11,1%.


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