quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Representante canadense propõe que Zelaya deixe embaixada


O representante canadense nas negociações para romper o impasse político em Honduras, Peter Kent, sugeriu que o presidente deposto do país, Manuel Zelaya, receba um salvo-conduto para que possa deixar a embaixada brasileira na capital hondurenha, onde está refugiado desde o dia 21 de setembro.

Desta forma, Zelaya poderia se hospedar em sua própria casa ou em algum lugar que julgasse cômodo, sob a fiscalização do Exército e da polícia de Honduras.
Isto só poderia ocorrer, no entanto, com a garantia por parte do regime interino de Honduras de que Zelaya não seria detido, já que ele é acusado de ter cometido 18 delitos pelo governo de Roberto Micheletti.
A OEA também afirmou que não consentiria que o presidente deposto fosse submetido à prisão domiciliar.

Embaixada
A saída de Zelaya da embaixada do Brasil em Tegucigalpa foi um dos temas discutidos na reunião de quarta-feira entre representantes do governo interino, correligionários do presidente deposto e integrantes da OEA na capital hondurenha.
Atualmente, mais de 60 pessoas, incluindo Zelaya, estão abrigadas na representação brasileira em Tegucigalpa.
Por temores de segurança, Zelaya tem procurado alternar o quarto em que dorme.
A questão da embaixada foi levantada durante o encontro entre o presidente interino, Roberto Micheletti, e representantes da OEA no Palácio Presidencial hondurenho.
O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, afirmou que a embaixada do Brasil não foi concebida como um lugar de residência e que uma alternativa seria Zelaya ser “transferido para um lugar mais confortável e com mais espaço”.
O ministro das Relações Exteriores do governo interino, Carlos López Contreras, afirmou na quarta-feira, durante o seu pronunciamento na reunião, que o Brasil precisaria definir o status legal de Zelaya, se ele está ou não sob asilo político.
Mas o Brasil afirma que reconhecer Zelaya como um exilado seria uma aberração, uma vez que ele não é alguém que se refugiou na embaixada brasileira com o propósito de deixar Honduras, mas sim o contrário, ele regressou a seu país com o intuito de nele permanecer e de ser reconduzido à Presidência.

Reunião
Segundo um alto representante que participou da negociação, o resultado do encontro foi decepcionante.
Um outro diplomata comentou que há entre os representantes hondurenhos muitos que acreditam que o atual impasse político não pode perdurar, uma vez que o país já sofreu prejuízos milionários por conta das sanções estrangeiras e corre o risco de ter um presidente que não será reconhecido pela comunidade internacional.
Apesar de Micheletti haver dito que pretende seguir à frente de seu país após a realização do pleito presidencial, marcado para o dia 29 de novembro, a OEA e outros órgãos internacionais já disseram que não reconhecerão a eleição se Manuel Zelaya não for reconduzido à Presidência.
Mas o mesmo diplomata afirmou que, no campo de Micheletti, há também muitos que têm uma aversão tão forte por Zelaya que preferem ignorar as sanções internacionais a permitir que o presidente deposto volte ao poder.
Os representantes da OEA realizam nesta quinta-feira uma reunião na qual farão um saldo das negociações.
Talvez já antecipando as dificuldades que estavam por vir, o secretário-geral José Miguel Insulza havia dito que um acordo entre as partes seria algo que levaria semanas, não dias.

Bruno Garcez
Enviado especial da BBC Brasil a Tegucigalpa




BBC Brasil

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