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segunda-feira, 1 de junho de 2009
Educação sexual é o caminho para evitar gravidez
Mais eficaz do que desenvolver programas para evitar a segunda gravidez na adolescência é apostar na educação sexual no período escolar, de preferência na primeira infância. A estratégia apontada por especialistas é vista como um dos caminhos para trabalhar a sexualidade sem tabus, evitar a gravidez e problemas como as doenças sexualmente transmissíveis.
Parâmetros curriculares propostos pelo MEC (Ministério da Educação) em 1996 preveem nas salas de aulas discussões sobre temas transversais, como Saúde, ética, meio ambiente e sexualidade. "As escolas estão acordando mais para a responsabilidade de assumir a educação sexual, mas ainda estamos aquém de como deveria ser o trabalho. Todos são responsáveis pelo tema, não só o professor de Ciências", diz a psicóloga, doutora em Educação e especialista em Educação Sexual, Mary Neide Damico Figueiró. Para ela, é necessário um debate mais aberto por meio de dinâmicas e dramatização, incentivado por filmes e literatura. "A escola tem de ser tornar o espaço onde o adolescente pode conversar e perguntar sobre sexualidade. Na educação sexual de qualidade, os alunos podem falar de sentimentos, emoções e dúvidas."
O primeiro passo, na visão de Mary Neide, é investir na formação de professores que nem sempre sabem lidar com o tema, já que os currículos das universidades não o abordam. "Os alunos se afeiçoam mais aos professores que tratam da sexualidade. Até o relacionamento entre eles melhora."
Sem planejamento, descuido ‘acontece''
Profissionais que atuam no Pampa (Programa de Assistência Médica e Psicossocial à Adolescência) da Faculdade de Medicina do ABC contam que a média da faixa etária das garotas atendidas pelo programa caiu: hoje há muitos casos de meninas grávidas aos 13 e 14 anos, logo após terem a primeira menstruação.
Independentemente da idade, as histórias são parecidas. O filho nunca é planejado e a gravidez "acontece." Desespero é o primeira sensação. "Minha menstruação atrasou uma semana, fiz o teste de farmácia e confirmei. Sou a caçula de quatro irmãos. Levei uma bronca da minha mãe, mas agora já está tudo bem", conta Fernanda (nome fictício), 17, grávida de sete meses. "No começo me arrependi. Sei que a vida vai mudar, não vou mais poder sair, mas já me acostumei com a ideia de ser mãe."
Bianca (nome fictício), 16, completou o oitavo mês de gestação. "Deu desespero no começo, mas meus pais aceitaram. Meu filho vai mudar minha vida, terei de ter mais responsabilidade, mas não me arrependo." Matriculada no 1º ano do Ensino Médio, Bianca não quer parar de estudar. "Vou voltar depois que o nenê nascer."
Prefeituras da região oferecem serviços
Além da distribuição de camisinhas e pílulas nas UBSs (Unidade Básica de Saúde), alguns municípios da região investem em programas diferenciados de orientação e contracepção às adolescentes. Em São Caetano, mães com mais de 19 anos podem utilizar o Implanon - um implante com ação contraceptiva que dura três anos. Até o momento, 35 jovens aderiram ao método.
Desde 2006, há em São Bernardo o ambulatório pré-natal de adolescentes no Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher) para meninas com menos de 16 anos. As garotas recebem atendimento especializado e suporte social e psicológico.
Em Rio Grande da Serra, a prefeitura implantou os programas Gestação na Adolescência e Tá na Roda. Ambos trabalham os temas por meio de debates para pais, educadores e líderes religiosos. Com caráter mais informal, o Tá na Roda acontece em espaços diversos, como as UBSs (Unidades Básica de Saúde), centros comunitários e igrejas. Segundo a prefeitura, o programa tem sido bem aceito porque o formato ‘bate-papo'' permite a aproximação entre médicos e população. Nas rodas, os métodos de contracepção e a necessidade de manter o diálogo na família são temas bastante abordados. Até março 1.600 adolescentes foram atendidas pelos programas.
A Prefeitura de Diadema informou que promove palestras e orientações sobre educação sexual nas UBSs, escolas estaduais e em instituições mantidas por moradores.
Em Santo André, o trabalho é focado no acompanhamento das gestantes visando o bem-estar da mulher e do bebê.
Ribeirão Pires informou que faz a distribuição de preservativos e anticoncepcionais nas UBSs, quando os adolescentes também recebem orientação.
Mauá não retornou ao pedido de informações do Diário.
Por:Vanessa Fajardo
Diário do Grande ABC
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