sexta-feira, 5 de junho de 2009

MG: Crianças são vítimas da violência dos pais


Do total de 2.879 denúncias registradas pelo Disque Direitos Humanos, entre maio de 2008 e abril de 2009, 1.369 foram de violência doméstica, 583 de crimes sexuais e 883 por negligência e abandono
A maioria dos casos de violência contra a infância e a adolescência acontece em casa, praticada por familiares que, muitas vezes, justificam os hematomas com falsos relatos de quedas, recheados de contradições. O Hospital de Pronto Socorro João XXIII (HPS), em Belo Horizonte (MG), recebe pelo menos uma criança por dia para internação devida a agressão física ou abuso sexual. Na Casa da Criança e do Adolescente do Hospital Júlia Kubitschek, somente no período de janeiro a maio deste ano, já foram atendidos 21 pacientes, vítimas de todo tipo de violência. A assistente social Cláudia Carvalho, do HPS, afirmou que, nos últimos quatro anos, percebeu-se um aumento dos casos de violência contra crianças, graças ao maior número de denúncias de negligência, agressão física e abuso sexual. “90% das agressões contra meninas e meninos ocorrem dentro de casa e são cometidas pelas pessoas que deveriam oferecer proteção”, conta. Ontem (04), no Dia Internacional de Crianças Vítimas de Agressão, o tema foi debatido por profissionais da saúde da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) e membros da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). A data, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1982, visa à mobilização da sociedade no sentido de refletir sobre o assunto, e, também, para que as autoridades anunciem medidas que levem à redução de ocorrências. De acordo com a Fhemig, em um ano da “Campanha Proteja Nossas Crianças”, do Governo de Minas, foram registrados 1.177 casos de violência doméstica contra crianças e adolescentes. Para o diretor do HPS, Antônio Carlos Martins, o aumento das denúncias só traz benefícios. “Acredito que só assim podemos causar algum temor nos agressores”, ressalta. A coordenadora especial de Políticas Pró-Criança e Adolescente da Secretaria de Estado da Defesa Social (Sedese), Fernanda Flaviana Martins, acredita que o número crescente de denúncias deve prosseguir no próximo ano, embora a tendência seja de que isto se reverta em uma atitude de reflexão dentro da própria sociedade, diminuindo a ocorrência dos casos. “A denúncia é uma forma de coibir, de fazer a sociedade participar deste processo. Mas queremos que isto se torne também uma oportunidade de reflexão, para proteger as nossas crianças de uma forma definitiva”, diz, acrescentando que o papel da família deve ser fortalecido. A assessoria do Sedese informa que, do total de 2.879 denúncias registradas pelo Disque Direitos Humanos (0800 31 1119), entre maio de 2008 e abril de 2009, 1.369 foram de violência doméstica, 583 de crimes sexuais e 883 por negligência e abandono. Outras 44 denúncias foram relacionadas à exploração do trabalho infantil, envolvimento de crianças e adolescentes com álcool e drogas, entre outras.

[Hoje em Dia (MG); O Tempo (MG), Andréa Silva – 05/06/2009]

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