segunda-feira, 1 de junho de 2009

Mãe vende filha por R$ 500 no Pará

BELÉM - Uma investigação conjunta do Fantástico e do Jornal da Globo, durante cinco meses, mostrou a venda de seres humanos no Pará. No mercado de exploração sexual, uma mãe é capaz de vender a própria filha, menor de idade
- Eu sinto uma indignação grande. Uma revolta em saber que as crianças são tratadas como objeto - afirma Anginaldo Oliveira Vieira, chefe da Defensoria Pública da União/PA.
Em Portel, uma cidade isolada, a 18 horas de barco de Belém, Edina dos Santos Balieiro oferece a própria a filha para programas. Para chegar até ela, primeiro é preciso falar com os homens, que também lucram com esse mercado.
Usando uma câmera escondida, os repórteres Francisco Regueira e Alberto Fernandes vão em busca dos aliciadores que fazem o contato entre os interessados e as famílias. Uma oferta que ocorre livremente nas ruas.
- Essa uma é mãe, que já tá com 16 anos. Tem a outra que tá com 13. Às vezes, traziam ela de lá do colégio - oferece um homem.
Na tabela da exploração sexual de menores, a noite com uma virgem pode custar R$ 1 mil.
- Foi um barão para o cara estourar - conta o aliciador.
E geralmente tudo é feito com conhecimento dos pais.
- Tinha vez que ia as duas para o quarto. Ela com a filha são mesmo que duas molecas - conta o aliciador.
O aliciador é bem próximo das vítimas.
- Nasci e me criei aqui. Eu conheço a rotina. Eu vou lá. Vou bater na casa da mãe dela, vou chamar a mãe dela. Um amigo meu, assim, assim, de São Paulo - avisa o aliciador.
Dois aliciadores nos levam até Edina, a mãe que vende a filha. Ela é dona de um bar, onde acontece o encontro. Primeiro simulamos interesse num programa com a adolescente de 17 anos. A mãe aceita negociar. Foi uma surpresa descobrir o que ela queria em troca.
- Deixa quatro cervejas aí pra mim (sic) beber - pede Edina.
A menina acompanha tudo de perto sem interferir.
- Você acha que eu vou dar minha filha por 10 reais, é? É louco, é ? - diz Edina.
Apesar do que diz, a mãe fica, sim, com o dinheiro para comprar as cervejas. E a menina chega a entrar num táxi. O repórter revela então que não vai haver programa. E a jovem é levada de volta pra casa. Cada passo da reportagem foi acompanhado por pessoas ligadas à Igreja Católica.
- Essa mãe precisa responder a um processo. Ela cometeu um crime. A polícia precisa apurar isso. Sem o exemplo de que a lei existe as pessoas vão continuar praticando isso dentro da normalidade - explica Anginaldo.
- Lá, mulher não é uma mercadoria. Lá, mulher é um lixo, porque uma mercadoria vale bem mais. Ela tem um valor - declara uma jovem que conhece bem as histórias desse Brasil sem lei.
Mas até onde pode chegar a negociação feita por Edina, mãe da adolescente de 17 anos? No dia seguinte, o repórter volta
O Globo On Line

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