terça-feira, 2 de junho de 2009

Neonazistas agridem homossexuais e negros em Caixas do Sul e ex-líder skinhead se diz ameaçado

PORTO ALEGRE - Nos últimos meses, pelo menos sete casos de agressões contra homossexuais e negros teriam ocorrido em Caxias do Sul e os autores dos atos de intolerância seriam skinheads ligados a movimentos neonazistas. Nenhum dos casos foi registrado na polícia. O último ataque ocorreu no início de maio, quando três travestis caminhavam pela Rua Ernesto Alves, no Centro, e foram apedrejados por três jovens de cabeças raspadas, que vestiam roupas escuras. Na semana passada, um homem negro foi abordado por outros três jovens e levou dois socos. Os agressores justificaram seus atos com palavras de preconceito e racismo.
Os autores sempre agem em grupo e atacam em ruas de pouco movimento. Geralmente, usam correntes ou pedaços de pau. As autoridades não sabem quantificar quantas pessoas fazem parte desses grupos, mas reportagem do jornal "Pioneiro" apurou que seriam em torno de 20 integrantes.
A nova onda de violência seria provocada pela nova geração dos cabeças raspadas, alguns deles ligados ao movimento neonazista conhecido como Neuland (terra nova, em alemão. Esses rapazes são mais perigosos e intolerantes, segundo o fundador do movimento skinhead em Caxias do Sul.
Ameaçado de morte e chamado de traidor pelos antigos companheiros, o homem de 30 anos criou o primeiro grupo de extrema direita na cidade. Hooje se diz arrependido de ter participado de grupos de intolerância.
- A nova geração está sem controle. São mais perigosos que os antigos skinheads e, para eles, matar é uma opção - avisa o ex-líder, que trabalha como mecânico.
O skinhead, que pede anonimato por razões de segurança, criou o grupo no fim dos anos 1990. No auge, pelo menos 30 rapazes seguiam os mesmos ideais. A turma promovia ataques contra os punks. Em 2005, o morador de Caxias foi preso com outros amigos por envolvimento numa tentativa de homicídio contra três judeus em Porto Alegre. Ele nega o crime, mas o caso tramita na Justiça.
Apesar desse delito, o homem garante que não permitia o uso de arma de fogo no grupo, ao contrário do movimento Neuland. Ele diz rer sido ameaçado de morte por integrantes do Neuland por discordar do projeto do grupo.
- Entrei no movimento skinhead há 10 anos e foi um tempo jogado no lixo. Dez anos de incomodação, perseguições, ameaças - desabafa.
O homem afirma que atualmente precisa se cuidar para não ser atacado por antigos desafetos. Porém, garante que está afastado do movimento há quase um ano. Ele diz que começou a rever seus conceitos durante os meses em que passou recolhido em uma cela em Porto Alegre, acusado pela tentativa de homicídio de 2005.
Na cadeia, parte da sua ideologia enfraqueceu. Sofreu agressões, passou fome e frio. Mas teve a ajuda de muitos negros, justamente o tipo de pessoas que o movimento discrimina.
- Com o passar do tempo, você encontra amizades verdadeiras e falsas no meio skinhead. Hoje em dia tenho diversos tipos de amigos, negros, mestiços, do movimento hip hop, punk. São pessoas que me respeitam e me admiram por ter conseguido me livrar desse vírus. Eu aconselho aos jovens a não entrarem nisso. No começo é bom, mas depois sua vida se torna um inferno.



O Globo On Line

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