quinta-feira, 4 de junho de 2009

Comitê sensibiliza Vale do Ribeira contra o tráfico de pessoas


Considerada a região mais pobre do estado de São Paulo, o Vale do Ribeira recebeu, em 22 de maio, apoio do Comitê Interinstitucional de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Através da Campanha contra o Tráfico de Mulheres, Adolescentes e Crianças para Exploração Sexual Comercial na região do Vale do Ribeira, o comitê vai distribuir material informativo e preventivo – folders, cartazes – e capacitar professores de Ensino Médio sobre o tráfico humano.
O objetivo é conscientizar sobre o problema a população local e os cerca de dez mil caminhoneiros que transitam diariamente pela BR-116. A estrada corta o Vale do Ribeira e liga o Sul às demais regiões brasileiras.
Nas proximidades, muitas crianças e adolescentes se aglomeram forçadas ou espontaneamente, na possibilidade de mudar de vida. Área de preservação ambiental, o Vale possui uma expansão industrial restrita e um alto nível de desemprego entre os jovens.
“A nossa região atrai muitos aliciadores, porque nós temos cidades litorâneas e é um local onde eles encontram pessoas vulneráveis, pela questão econômica e cultural”, explica o pastor Maximiliano Richter, presidente do Comitê Interinstitucional.
Segundo o pastor Maximiliano, as vitimas do tráfico de pessoas no Vale do Ribeira possuem como destino prioritário a capital paulista e os estados de Minas Gerais e Mato Grosso. Ao chegarem ao destino, as vítimas já se veem endividadas pelos custos da viagem, motivo pelo qual passam a viver em situação de cárcere.
“A nossa campanha é de informação porque a arma dos criminosos é a desinformação. Volta e meia, aparecem falsas agências de modelo e olheiros de clubes de futebol por aqui”, alerta o Pastor.
O governo do Estado e as entidades civis têm dado atenção especial às comunidades quilombolas da região. “Nós soubemos do desaparecimento de menores lá, seduzidas pra trabalhos nos grandes centros, quando, na verdade, estavam sendo aliciadas”, denuncia o pastor Maximiliano. As entidades identificam adolescentes afro-descendentes como o perfil mais visado pelo tráfico, que, de modo geral, tem como destino final os países europeus.
“Eles sonham com uma casa própria, por isso o governo [do Estado] tem construído casas nas comunidades quilombolas, instalado oficinas de informática e cursos profissionalizantes”, aponta Maximiliano.
Dentre as ações da campanha está o Programa de Prevenção ao Tráfico de Pessoas, executado nas escolas de nível médio da região pelo Serviço à Mulher Marginalizada (SMM). A partir do próximo semestre, o SMM irá capacitar professores para que eles discutam e multipliquem entre seus alunos questões ligadas ao tráfico de pessoas.
A articuladora do SMM Priscila Siqueira avalia que “a região [do Vale do Ribeira] precisa de mais investimentos econômicos”. “Os meninos e as meninas acabam de estudar e continuam na mesma situação econômica. Tem que se investir na região, investir no ecoturismo, por exemplo, pra que eles tenham alternativas de emprego e não caiam nas drogas e na prostituição”, opina Priscila.
O Comitê Interinstitucional de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Vale do Ribeira é o responsável pela campanha em nível regional. Em nível estadual, a campanha é organizada pelo Comitê de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de São Paulo. Composto por entidades civis e governamentais, o comitê estadual é ligado ao Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de São Paulo (NETP-SP), ligado, por sua vez, à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado.

Concurso de teatro, jingles e tirinhas

No segundo semestre de 2009, o Comitê Interinstitucional de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Vale do Ribeira vai realizar, na região, um concurso cultural de teatro, jingles e tirinhas. Com o tema “prevenção ao tráfico de pessoas”, o concurso será realizado em três cidades do Vale, ainda não definidas, e será divulgado nas escolas. A partir do próximo semestre, o comitê deverá ter células em cada município da região.

Por: Julio Silva
Fonte: Adital

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