Efetivamente, há um número elevado de crianças viciadas, especialmente as oriundas das camadas mais pobres, com famílias desestruturadas. São histórias dramáticas de violência e extermínio de jovens que embarcam nessa onda por falta de autoridade paterna. Mas não são só as famílias que estão falhando, é a própria sociedade e seu contexto.
Não podemos aceitar as crianças nas ruas, totalmente desprotegidas. A face mais dramática dessa epidemia é aquela que impacta sobre as crianças, cuja informação não será suficiente para prevenir o uso. Em geral, entram no crack pela sedução, busca de prazer, ou por sua vulnerabilidade social. Pela falta de cuidados e necessidade de gerar renda. Ademais, o tráfico utiliza esses meninos e meninas como “aviãozinho” – conhecido como leva e traz – pois estão protegidos pela legislação.
Outro aspecto relevante é o aumento assustador dos casos de exploração e abuso sexual infantil, que está diretamente ligado ao uso do crack. Crianças são abusadas dentro de casa por parentes e amigos. Menores estão se prostituindo para sustentar o vício.
Toda a prevenção relacionada a esse público passa pela rede de atendimento socioeducativa, que deve oferecer à família um apoio para cuidar, educar e garantir os direitos básicos. Como sujeitos em formação, precisam de proteção integral para o estabelecimento de limites. Se a prevenção não tem como acontecer dentro de casa, na rua a proteção social não oferece o amparo necessário. Ademais, os serviços de saúde e a escola também estão despreparados.
Com efeito, os programas de apoio e atendimento nessas instituições são iniciativas isoladas e precárias, sem a devida estruturação e acolhimento pela política pública. É conhecido que os menores de 16 anos, quando experimentam a droga, têm maior risco de dependência, alterando drasticamente a personalidade e a sua estrutura. Tornam-se violentos, irracionais e extremamente debilitados. É deplorável, portanto, imaginar o afetamento que o consumo de droga causa em um organismo infantil e as mínimas possibilidades de recuperação.
Esta a razão para dar prioridade absoluta a esse público da criança e do adolescente, mesmo que falte sensibilidade e direcionamento das autoridades nesse sentido. Vamos fazer essas crianças renascerem, porque elas serão o nosso futuro.
Afonso Motta
Advogado e produtor rural
Zero Hora
ONTEM ASSISTINDO AO PROGRAMA DA REDE GLOBO SOBRE O USO DE CRACK FIQUEI REALMENTE TOCADA, ME SENTI QUASE QUE NA PELE DAQUELAS CRIANÇAS E FIQUEI PENSANDO EM COMO PODERIA AJUDAR, O QUE PODERIA FAZER PARA PELO MENOS AMENIZAR O SOFRIMENTO DELES, ALÉM DO PROBLEMA DO VÍCIO EXISTE O ABANDONO PELOS PAIS E FICA EVIDENTE QUE A MAIORIA DELES QUANDO SAÍREM DO ABRIGO VÃO VOLTAR A SE DROGAR , EU NÃO QUERO ACREDITAR QUE SOMOS INCAPAZES DE FAZER ALGUMA COISA, NÃO QUERO PENSAR QUE MAIS E MAIS CRIANÇAS VÃO SE CONTINUAR DE DROGANDO ENQUANTO EU APENAS ASSISTO, NÃO SEI BEM O QUE FAZER MAS SEI QUE NÃO QUERO NÃO FAZER NADA, ACHO QUE ISSO É MAIS UM DESABAFO, MAS QUERO SABER SOBRE ONGS, SOBRE COMO AJUDAR ESSAS CRIANÇAS.
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