ÉTICA E MORAL ESTÃO ESCONDIDAS DENTRO DA MAIORIA DAS PESSOAS E PEDEM PASSAGEM. ENQUANTO HOMENS DE BEM ESTIVEREM ACOMODADOS, AS CRIANÇAS APRENDERÃO A SER OMISSAS E A AMBIÇÃO CONTINUARÁ A EMPURRAR OS VALORES PARA BAIXO DO TAPETE
Ética guarda relação com bons hábitos e costumes, vida boa e virtuosa. É a investigação racional sobre o certo ou errado, o bom ou mau, considerado o caráter e conduta de uma pessoa ou classe. Moral, para Jurgen Habermas (filósofo e sociólogo alemão), tem a ver com a dimensão social da vida humana e, portanto, com princípios de conduta que podem ter aplicação universal. A ética se ocupa da vida boa, a moralidade da conduta correta.
Segundo consultor de empresas e professor Stephen Kanitz, décadas atrás ética e moral eram transmitidas às novas gerações por classes dominantes, aristocracia, intelectuais, políticos, empresários, professores, religiosos, escritores e artistas. A reserva de ética e moral se encontrava nas escolas, nas igrejas, nos teatros e no Estado. Era uma época em que os nobres eram nobres, exemplos a serem seguidos por todos. Hoje, isso mudou. Nossas lideranças políticas, religiosas, acadêmicas e empresariais não se preocupam mais em transmitir valores morais às futuras gerações. Poetas até enaltecem os nossos “heróis sem caráter”. Vivemos a era da mentira.
Hoje, quem quiser adquirir valores morais neste mundo “moderno” deve aprender as regras sozinho, considerando que será ético aquele que se impôs limites na busca de sua maior ambição. Ambição é tudo o que você pretende fazer na vida. Ético é tudo que você não quer fazer na luta para realizar seus objetivos.
Como não roubar, mentir ou pisar nos outros para atingir sua ambição?
Alguns pais se preocupam bastante quando os filhos não mostram ambição, mas nem todos se preocupam quando os filhos quebram a ética ou mentem. Se o filho colou na prova, não importa, desde que tenha passado de ano. Algumas escolas estão ensinando a nossos filhos que ética é ajudar os outros. Isso, porém, não é ética, é ambição. Uma gigantesca ambição, segundo o filósofo e cientista político Thomas Hobbes. Ajudar os outros deveria ser um objetivo de vida, a ambição de todos ou, pelo menos, da maioria (John Locke).
Aprendemos a não falar em sala de aula, a não perturbar a classe, mas pouco sobre ética. Desconheço alguém que tenha sido expulso da faculdade por ter colado. O problema do mundo é que, normalmente, decidimos nossa ambição antes de nossa ética, quando o certo seria o contrário. Por quê? Dependendo da ambição, torna-se difícil impor uma ética que frustrará nossos objetivos. Quando percebemos que não conseguiremos alcançar nossos objetivos, a tendência é reduzir o rigor ético, e não reduzir a ambição. Neste momento mentimos e aceitamos as mentiras dos outros. Creio que podemos viver numa economia de mercado sem mentiras e corrupção. Até Karl Marx acreditava nisto.
Aceitamos as mentiras de políticos, jornalistas, religiosos, artistas, professores, servidores públicos, nossos pais. Não estamos falando da mentira singela, romântica e despretensiosa. Nos referimos à mentira gananciosa, a que gera promessas não cumpridas em campanhas eleitorais, mãe do mensalão e da reeleição, da previdência social irresponsável, do empreguismo, dos administradores despreparados e incompetentes, do cinismo dos médicos inábeis com diagnósticos, pai do desrespeito dos advogados com os clientes, geradora da fome por ternura dos pedófilos, da incondicionalidade dos ladrões, da libido dos estupradores.
O que todos nós temos a ver com a falta de ética e moral da sociedade “moderna”, com a corrupção reinante na União, nos estados, municípios, entidades associativas, igrejas, empresas e escolas? Por que somos afetos a descumprir contratos e acreditar em mentiras e milagres propalados por políticos, administradores, médicos, advogados, religiosos, financistas, economistas etc.? Por que pipocam escândalos no Senado, câmaras legislativas, Poder Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Conta, estados, municípios, entidades empresariais, sindicatos, grandes corporações, bolsas de valores, e nada de reformador acontece? Por que poderosos não são processados, condenados e presos, jovens não continuam pintando os rostos, Ministério Público eficazmente não se expõe, o sentimento de impunidade impera e a sociedade “moderna”, enfim, não se “comove”?
Todos nós deveríamos ser intransigentes com a mentira, em vez de também sermos mentirosos. Por isso, todos, sem exceção, temos muito a ver com a falta de ética, moral e altos níveis de corrupção do País.
Pela falta de instituições sólidas que sejam reservas da ética e moral, somos mentirosos e corruptos. E isso se dá por sermos “omissos” e “desunidos”, não porque a maioria do povo brasileiro seja corrupta ou pouco “nobre”.
Constatemos: a reserva de ética e moral do mundo “moderno” está dentro da maioria de nós. Mas latente, pede passagem. Enquanto os homens éticos e de bons costumes continuarem em casa, de pijamas, acomodados, longe dos partidos políticos, da política, das entidades de classe, das empresas, dos grandes debates sociais, das igrejas, escolas, jornais e eleições, nossas crianças não aprenderão a fazer a “mudança ética e moral” que sonhamos e, no cotidiano, a ambição continuará empurrando a ética, a moralidade, a transparência, a honestidade e a “verdade” para os arquivos-mortos das redações jornalísticas e para baixo dos tapetes da República.
Aprendemos a não falar em sala de aula, a não perturbar a classe, mas pouco sobre ética. Desconheço alguém que tenha sido expulso da faculdade por ter colado. O problema do mundo é que, normalmente, decidimos nossa ambição antes de nossa ética, quando o certo seria o contrário. Por quê? Dependendo da ambição, torna-se difícil impor uma ética que frustrará nossos objetivos. Quando percebemos que não conseguiremos alcançar nossos objetivos, a tendência é reduzir o rigor ético, e não reduzir a ambição. Neste momento mentimos e aceitamos as mentiras dos outros. Creio que podemos viver numa economia de mercado sem mentiras e corrupção. Até Karl Marx acreditava nisto.
Aceitamos as mentiras de políticos, jornalistas, religiosos, artistas, professores, servidores públicos, nossos pais. Não estamos falando da mentira singela, romântica e despretensiosa. Nos referimos à mentira gananciosa, a que gera promessas não cumpridas em campanhas eleitorais, mãe do mensalão e da reeleição, da previdência social irresponsável, do empreguismo, dos administradores despreparados e incompetentes, do cinismo dos médicos inábeis com diagnósticos, pai do desrespeito dos advogados com os clientes, geradora da fome por ternura dos pedófilos, da incondicionalidade dos ladrões, da libido dos estupradores.
O que todos nós temos a ver com a falta de ética e moral da sociedade “moderna”, com a corrupção reinante na União, nos estados, municípios, entidades associativas, igrejas, empresas e escolas? Por que somos afetos a descumprir contratos e acreditar em mentiras e milagres propalados por políticos, administradores, médicos, advogados, religiosos, financistas, economistas etc.? Por que pipocam escândalos no Senado, câmaras legislativas, Poder Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Conta, estados, municípios, entidades empresariais, sindicatos, grandes corporações, bolsas de valores, e nada de reformador acontece? Por que poderosos não são processados, condenados e presos, jovens não continuam pintando os rostos, Ministério Público eficazmente não se expõe, o sentimento de impunidade impera e a sociedade “moderna”, enfim, não se “comove”?
Todos nós deveríamos ser intransigentes com a mentira, em vez de também sermos mentirosos. Por isso, todos, sem exceção, temos muito a ver com a falta de ética, moral e altos níveis de corrupção do País.
Pela falta de instituições sólidas que sejam reservas da ética e moral, somos mentirosos e corruptos. E isso se dá por sermos “omissos” e “desunidos”, não porque a maioria do povo brasileiro seja corrupta ou pouco “nobre”.
Constatemos: a reserva de ética e moral do mundo “moderno” está dentro da maioria de nós. Mas latente, pede passagem. Enquanto os homens éticos e de bons costumes continuarem em casa, de pijamas, acomodados, longe dos partidos políticos, da política, das entidades de classe, das empresas, dos grandes debates sociais, das igrejas, escolas, jornais e eleições, nossas crianças não aprenderão a fazer a “mudança ética e moral” que sonhamos e, no cotidiano, a ambição continuará empurrando a ética, a moralidade, a transparência, a honestidade e a “verdade” para os arquivos-mortos das redações jornalísticas e para baixo dos tapetes da República.
Rodrigo Duarte da Silva, administrador e advogado, é diretor jurídico da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif) e sócio da Corrêa,
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