quinta-feira, 25 de março de 2010

Pai de Isabella se contradiz duas vezes em depoimento


Réu foi pressionado por promotor, que chegou e questionar falta de lágrimas em choro

Durante depoimento na manhã desta quinta-feira (25) no Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo, o réu Alexandre Nardoni disse que não prestou socorro a filha Isabella quando a viu caída no jardim do edifício London porque estava em "choque".
- Estava em choque. Quando fui cair em si (sic), já estava o seu Lúcio [morador do primeiro andar do prédio] falando para não mexer nela.
Neste momento, Nardoni se contradisse ao ter afirmado inicialmente que o morador "Lúcio" já havia chegado ao térreo do prédio e, em seguida, afirmou que não havia ninguém na cena do crime.
Em outro momento do interrogatório da acusação, Nardoni também mudou a versão do que havia contado no dia 18 de abril à polícia. No depoimento de abril, ele disse ter trancado a porta do apartamento após ter deixado Isabella no quarto e ter descido para pegar os outros filhos. No interrogatório desta quinta-feira, ele afirmou nunca ter dito que trancou a porta, mas que a deixou aberta o tempo todo.

Lágrimas
Francisco Cembranelli provocou o réu em vários momentos durante o interrogatório desta quinta. O promotor perguntou a Nardoni se ele sempre usou óculos, já que o réu está usando uma armação com lentes de grau desde o primeiro dia do julgamento. Nardoni disse ter miopia, ao que o promotor retrucou:
- A ponto de não saírem lágrimas quando o senhor chora?
Neste momento, o juiz Maurício Fossen repreendeu Cembranelli pela pergunta irônica. Fossen também repreendeu a irmã de Nardoni, Cristiane, que ao final da sessão, antes do recesso do almoço, gritou no plenário:
- Força, Alê!

Proposta
Nardoni disse que, durante depoimento à polícia em 18 de abril de 2008, recebeu uma "proposta de acordo" em que assumiria a responsabilidade pelo homicídio culposo (sem intenção de matar) de Isabella em troca da inocência da mulher.
Ele relatou que o promotor Francisco Cembranelli; a delegada do 9º Distrito Policial, Renata Pontes; e o advogado Ricardo Martins presenciaram a suposta proposta.
- Queriam que eu asinasse homicídio culposo e tirariam a minha esposa fora do processo. (...) Me deixaram indignado.
Segundo ele, a proposta teria sido feita pelo delegado Calixto Calil Filho. De acordo com Nardoni, o acordo foi apresentado após o grupo mostrar a ele fotos da menina Isabella morta no necrotério.
Nardoni afirmou que, na hora em que a proposta foi apresentada, o advogado dele não se manifestou.
- Eles poderiam me condenar que não íamos assinar nada.
Ao fazer a acusação, Nardoni respondia à segunda questão do promotor Francisco Cembranelli, que lhe perguntou inicialmente o nome da professora de Isabella. Nardoni respondeu que o nome era Fernanda. Ao que o promotor provocou:
- Dezoito dias depois [do crime], o senhor não lembrava.
Foi então que Nardoni começou a relatar a suposta proposta feita em 18 de abril, dia do interrogatório. Ele afirmou que o promotor “estava do lado” e ouviu o suposto acordo. Cembranelli questionou: “eu participei dessas negociações?”
- O senhor ouviu.

Nardoni já respondeu às perguntas do juiz Maurício Fossen e ainda deve ser submetido a interrogatório pelo seu advogado, Roberto Podval.


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