O daime pode ser ingerido por crianças e mulheres grávidas?

Um das polêmicas entre a medicina e a tradição das comunidades ayahuasqueiras é o consumo do chá por crianças e mulheres grávidas. Segundo Glacus de Souza Brito, consultor científico do Departamento de Saúde Mental formado dentro da União do Vegetal, nunca houve constatação de comprometimento à saúde das crianças e mulheres grávidas que tomam o chá nos rituais da comunidade. Ele diz que as mulheres grávidas e novas na comunidade são orientadas a não tomar o chá no primeiro trimestre, para evitar que se culpe o chá pelos problemas que naturalmente acontecem nessa fase. As “veteranas” podem seguir o consumo durante toda a gravidez. A União do Vegetal também autoriza doses pequenas para as crianças. Segundo Brito, apenas uma dose ao ano para menores de 12 anos. Entre 12 e 16 anos, uma ao mês. E entre 16 e 18 anos, duas vezes ao mês. “Quando meu filho era pequeno, eu só dei quando ele me pediu”, afirma. “É inofensivo. Ele via o Mickey, passarinho, borboleta, coisas recreativas”.
Para o psiquiatra Elisaldo de Araújo Carlini, em princípio, não é aconselhável que crianças façam uso constante de qualquer droga. “Para o daime deve haver muita parcimônia, com doses pequenas, diluídas e sem muita constância”. Por precaução, ele recomenda a suspensão do consumo para mulheres grávidas, mesmo que “veteranas”. A regulação do Conad não entra nesse mérito. Atribui a decisão aos pais. A decisão em não proibir o uso para crianças foi ancorada no direito à liberdade individual dos pais em dar educação religiosa aos seus filhos.

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