Cocal: Pessoas com trauma fazem tratamento psicológico
Pessoas que presenciaram mortes de filhos em estado de choque. Onze povoados de Cocal foram dizimados.
Com água até o pescoço e numa espera interminável que durou 16 horas agarrada a uma árvore, Maria do Socorro dos Santos, 30 anos, não apaga a cena em que viu morrer a filha, o marido e parentes. Maria é uma das sobreviventes do desastre do rompimento da Barragem Algodões I, em Cocal (a 268 km de Teresina), no Piauí. Ela não para de chorar. Da sua família quatro pessoas morreram: o marido, a filha de 12 anos, a mãe, o tio e a outra filha de 10 anos está desaparecida há cinco dias.
Maria do Socorro e centenas de famílias que perderam tudo com a enxurrada das águas estão tendo que receber tratamento psicológico para amenizar o desespero e suportar a dor. Ela, que mora no Angico Branco, um povoado totalmente dizimado, conta que ficou de 17 horas de quarta-feira a 9 horas de quinta esperando resgate.
“Não consigo apagar as imagem da minha cabeça. Não posso nem fechar os olhos. Perdi minha família e a vontade de viver”, disse Maria do Socorro, que está abrigada em casa de desconhecida na cidade de Cocal com o filho Wesley, de 8 anos.
A psicóloga Zilma Maria Bento Cavalcante, que presta atendimento a Maria do Socorro, relata que ela não dorme, se alimenta só de líquido e seu apego é que a filha que está desaparecida esteja viva.
Duas filhas mortas
Inconformada, a trabalhadora rural Maria de Fátima Pereira, 32 anos, perdeu duas filhas no acidente. Uma tinha 10 anos, a primeira vítima a ser localizada, e outra tinha 16 anos. Ela condena o governo pela tragédia, pois autorizou o retorno das famílias ao local. No dia do acidente, Maria de Fátima tinha retornado à sua casa após 18 dias em abrigo.
“Se eu pudesse voltar no tempo jamais voltaria para perder minhas filhas. Queria que Deus me tirasse tudo, menos minhas filhas”, disse Maria de Fátima, que precisa tomar tranquilizante e está abrigada no colégio Domingos Alves Gomes, onde divide sala com três famílias.
No desastre, sete pessoas morreram soterradas e 3 mil famílias ficaram desabrigadas com a onda de água de mais de 10 m de altura.
No povoado, todos têm uma história de terror para contar. Lidiane Maria Pereira, 26 anos, lembra que só deu tempo de pegar a filha de um mês e sair correndo. “Nunca corri tanto em minha vida”, disse.
Yala Sena (direto de Cocal)
yalasena@hotmail.com
Cidadeverde.com
Pessoas que presenciaram mortes de filhos em estado de choque. Onze povoados de Cocal foram dizimados.
Com água até o pescoço e numa espera interminável que durou 16 horas agarrada a uma árvore, Maria do Socorro dos Santos, 30 anos, não apaga a cena em que viu morrer a filha, o marido e parentes. Maria é uma das sobreviventes do desastre do rompimento da Barragem Algodões I, em Cocal (a 268 km de Teresina), no Piauí. Ela não para de chorar. Da sua família quatro pessoas morreram: o marido, a filha de 12 anos, a mãe, o tio e a outra filha de 10 anos está desaparecida há cinco dias.
Maria do Socorro e centenas de famílias que perderam tudo com a enxurrada das águas estão tendo que receber tratamento psicológico para amenizar o desespero e suportar a dor. Ela, que mora no Angico Branco, um povoado totalmente dizimado, conta que ficou de 17 horas de quarta-feira a 9 horas de quinta esperando resgate.
“Não consigo apagar as imagem da minha cabeça. Não posso nem fechar os olhos. Perdi minha família e a vontade de viver”, disse Maria do Socorro, que está abrigada em casa de desconhecida na cidade de Cocal com o filho Wesley, de 8 anos.
A psicóloga Zilma Maria Bento Cavalcante, que presta atendimento a Maria do Socorro, relata que ela não dorme, se alimenta só de líquido e seu apego é que a filha que está desaparecida esteja viva.
Duas filhas mortas
Inconformada, a trabalhadora rural Maria de Fátima Pereira, 32 anos, perdeu duas filhas no acidente. Uma tinha 10 anos, a primeira vítima a ser localizada, e outra tinha 16 anos. Ela condena o governo pela tragédia, pois autorizou o retorno das famílias ao local. No dia do acidente, Maria de Fátima tinha retornado à sua casa após 18 dias em abrigo.
“Se eu pudesse voltar no tempo jamais voltaria para perder minhas filhas. Queria que Deus me tirasse tudo, menos minhas filhas”, disse Maria de Fátima, que precisa tomar tranquilizante e está abrigada no colégio Domingos Alves Gomes, onde divide sala com três famílias.
No desastre, sete pessoas morreram soterradas e 3 mil famílias ficaram desabrigadas com a onda de água de mais de 10 m de altura.
No povoado, todos têm uma história de terror para contar. Lidiane Maria Pereira, 26 anos, lembra que só deu tempo de pegar a filha de um mês e sair correndo. “Nunca corri tanto em minha vida”, disse.
Yala Sena (direto de Cocal)
yalasena@hotmail.com
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