quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Juíza começa a ouvir mulheres que acusam médico de abuso sexual


“O que sei é a minha verdade, e ela está prevalecendo”, disse ontem uma das 56 mulheres que acusam o médico Roger Abdelmassih, 66, de abuso sexual depois de ter sido ouvida pela juíza Kenarik Boujikian Felippe, da 16ª Vara Criminal de São Paulo.
Conforme tinha sido agendado, as audiências com as ex-pacientes do especialista em reprodução assistida começaram na terça (13), no Fórum da Barra Funda, zona oeste de São Paulo.
As audiências com as acusadoras deverão ir até o dia 11 de novembro, quando a juíza começará a ouvir as testemunhas de defesa, cerca de 170, a maioria ex-pacientes.
A TV IG mostrou imagens de Abdelmassih em um corredor do fórum sendo conduzido para a sala da audiência [reprodução acima]. Ladeado por dois policiais, o médico, de blusa amarela, estava algemado.
Embora as mulheres que acusam formalmente o médico sejam 56, e basta que fique provado que apenas uma delas esteja dizendo a verdade para que haja condenação, simpatizantes anônimos de Abdelmassih têm se apegado ao fato de uma delas ser suspeita de comandar um esquema de propinas para desqualificá-la como denunciante e, por extensão, as demais testemunhas.
Trata-se de Ivanilde Serebrenic, 44, empresária do setor de postos de gasolina de Sorocaba (SP).
Em 28 de setembro, dia em que Ivanilde foi presa, uma pessoa bem próxima de Abdelmassih teve a arrogância de enviar mensagem para este blog, pelo paulopes.weblog@gmail.com, determinando que a notícia da empresária tivesse aqui destaque.
Licenciada do serviço público, ela mandou a mensagem por intermédio de seu e-mail profissional, o que configura abuso de poder.
Antes, sempre se valendo do seu e-mail com domínio gov.br, ela já tinha feito ameaças de me processar por acreditar que tenho sido parcial na cobertura do caso Abdelmassih, em detrimento ao médico.
Mandei periciar os e-mails dela, e eles, de fato, passaram por servidores de uma instituição pública.
O meu advogado disse que essa pessoa poderá ser punida porque o artigo 8º da portaria 91/2002 impede que o serviço oficial de mensagens eletrônicas de instituição pública seja usado para transmitir conteúdo de cunho particular. Ainda mais para cercear a liberdade de expressão e de imprensa.
Diz o artigo 8º (o grifo é meu): “O serviço de correio eletrônico destina-se a agilizar a comunicação interna e externa, e deverá ser utilizado para envio e recebimento de mensagens eletrônicas de conteúdo relacionado às funções desempenhadas pelo membro ou servidor.”
Não publico o nome dessa pessoa porque ela não deu autorização para divulgá-lo, embora eu pudesse fazê-lo, considerando que as mensagens me foram enviadas por intermédio de uma instituição pública. De qualquer forma, não me sinto impedido de divulgar o teor das mensagens.
Ivanilde, que foi libertada, vai testemunhar contra Abdelmassih nos próximos dias.
O promotor Luiz Henrique Dal Poz disse que o fato dela ser suspeita do crime de propina não afeta a sua credibilidade como testemunha no caso Abdelmassih.



Paulopes Weblog

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