segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Grupo quer mudar o Estatuto da Criança


A vontade e o esforço para que tragédias causadas não fiquem impunes foram os sentimentos que uniram famílias no 2.º Encontro Unificado das Vítimas de Impunidade (Euvi), realizado ontem, e que tem entre as organizadoras Elizabeth Metynoski, mãe do menino Giorgio Renan, morto em Curitiba com tiro de espingarda disparado por um adolescente de 14 anos, em 2002.
O principal objetivo desta edição do encontro foi divulgar abaixo-assinado que se pretende ser transformado em ação popular a ser entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que prevê mudanças na legislação. A ação propõe plebiscito para consulta popular sobre dois pontos de mudança polêmicos.
A primeira delas diz respeito à alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e sugere a aprovação da redução da emancipação penal. Ou seja, o indivíduo menor de idade que cometer crime hediondo, quando avaliado por grupo interdisciplinar de especialistas e constatado que tinha noção que o ato praticado é crime, possa ser julgado e condenado. A outra mudança proposta pelo grupo do Euvi é a abolição do limite máximo de reclusão de pena, hoje de 30 anos.
Um dos defensores da mudança é Ari Friedenbach, pai da jovem Liana, de 16 anos, violentada e assassinada em 2003 com o namorado por grupo de menores, entre eles o garoto conhecido como Champinha. “No caso da minha filha, o Judiciário fez tudo o que deveria ter feito. Mas Lianas morrem todos os dias, Champinhas nascem todos os dias. Precisamos mudar esse quadro de violência”, defende.



Crimes ainda sem solução
Entre os paranaenses participantes do 2.º Encontro Unificado das Vítimas de Impunidade (Euvi) estavam Michael Genofre, pai da menina Rachel, encontrada morta numa mala na rodoferroviária, no ano passado, além de Gilmar e Cristiane Yared, pais de Gilmar Rafael Yared, um dos jovens mortos no acidente causado pelo ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, em maio deste ano.
Quase um ano depois do crime cometido contra Rachel e da investigação de vários suspeitos, o caso continua sem solução. “Não temos nada de concreto. Houve falhas no início da investigação, até o caso ficar sob responsabilidade do Cope. Até hoje o colégio em que minha filha estudava continua sem policial do lado de fora”, critica Genofre.
Reclamação semelhante tem Cristiane Yared. “Mesmo com toda a comoção do acidente com o meu filho, não foi colocada lombada ou redutor de velocidade naquela via”, diz. “Hoje é uma vergonha estarmos aqui gritando por punição, que é função do Estado, não da família”, completa.

Mais informações sobre o Euvi no site http://www.umapaixaopelavida.com.br/.

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